quinta-feira, 28 de julho de 2016

CNA pede a Temer investimentos em infraestrutura para escoar produção

28/07/2016 13h07 - Atualizado em 28/07/2016 18h35


CNA pede a Temer investimentos em infraestrutura para escoar produção




Representantes da entidade se reuniram com presidente em exercício.
Segundo a CNA, produtor brasileiro gasta muito para escoar mercadoria.

Filipe MatosoDo G1, em Brasília


O vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), José Mário Schreiner, afirmou nesta quinta-feira (28) que a entidade pediu ao presidente da República em exercício, Michel Temer, durante encontro no Palácio do Planalto, que o país invista mais na infraestrutura para baratear os custos que os produtores rurais têm com o escoamento da produção.
Schreiner afirmou que, atualmente, o produtor brasileiro gasta, em média US$ 80 para escoar a produção, enquanto um produtor dos Estados Unidos gasta US$ 16. Segundo o dirigente da CNA, este fato resulta na perda de competitividade dos produtos brasileiros.

Segundo o vice-presidente da confederação, a CNA sabe que a infraestrutura do país não se resolverá "do dia para a noite". "É claro que investimentos têm sido feitos, mas são tímidos perante à necessidade que o país tem", acrescentou.

"Dentro da porteira, o produtor rural do Brasil tem batido vários recordes, tem sido eficiente, mas, ao sair da porteira, tem dificuldades com o custo do escoamento da produção, porque faltam investimentos maiores em rodovias, ferrovias e portos. Enfim, são detalhes que atrasam o desenvolvimento maior da agricultura", disse Schreiner a jornalistas ao deixar o Palácio do Planalto.
Schreiner disse ainda que, no encontro com Temer, a CNA entregou ao presidente em exercício um documento com dez pontos considerados "fundamentais" pela entidade para o setor agropecuário crescer nos próximos meses e anos.
Entre esses pontos, além de defender mais investimentos em infraestrutura, a CNA pediu "maior segurança jurídica" para os produtores rurais e a elaboração de novas políticas de assistência técnica.
A entidade ressaltou ainda, afirmou José Mário Schreiner, a necessidade de criação de uma "política agrícola plurianual", que possa valer por três ou quatro anos - atualmente, o governo lança, uma vez por ano, o Plano Agrícola, com a previsão de recursos para o setor investir na produção. Para a safra 2016/2017, por exemplo, o Executivo anunciou R$ 202,8 bilhões.
"[Outro ponto] extremamente importante é [a necessidade de] o desembaraçamento das questões ambientais que, no Brasil, ainda consomem muito tempo, muita burocracia", acrescentou o vice-presidente da CNA.
  •  
Melancias, abacaxis, melões, bananas e laranjas distribuídos gratuitamente pela Confederação Nacional da Agricultura na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na manhã desta quinta-feira (28) (Foto: Alexandre Bastos/G1)Melancias, abacaxis, melões, bananas e laranjas distribuídos gratuitamente pela CNA na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na manhã desta quinta-feira (28) (Foto: Alexandre Bastos/G1)
Doação de frutas
A reunião do vice-presidente da CNA com o presidente em exercício Michel Temer ocorreu no mesmo dia em que a confederação distribuiu 18,8 toneladas de alimentos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. o objetivo da ação era bater o recorde do Guinness de “maior mostruário de frutas do mundo”.

Melancias, abacaxis, bananas e melões foram depositadas em uma mesa de 240 metros de comprimento no gramado central da Esplanada dos Ministérios. O evento celebrou o Dia do Agricultor. Houve empurra-empurra e correria.
As frutas, doadas por produtores de todo o Brasil, foram pesadas às 2h e dispostas sobre a mesa cerca de três horas depois. Antes da liberação para o público, os alimentos foram inspecionados por agentes do Ministério da Agricultura. A Polícia Militar esteve presente e estimou cerca de 6 mil pessoas, que retiraram todos os itens em 20 minutos.

Kátia Abreu
Após a entrevista no Planalto, José Mário Schreiner foi questionado sobre se, na avaliação dele, seria "bom" que a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) não voltasse à presidência da CNA. "A base não a digere [Kátia Abreu]. A base, eu diria, são os produtores rurais e os sindicatos", disse Schreiner. Indagado sobre o porquê de a base não "digerir" a senadora, respondeu: "Vocês sabem".
A peemedebista se licenciou do comando da entidade em 2015, após ser convidada pela presidente Dilma Rousseff, atualmente afastada em razão do processo de impeachment, para assumir o Ministério da Agricultura. Uma das principais defensoras de Dilma no Senado, Kátia Abreu permaneceu no governo mesmo após o PMDB decidir romper com a petista.
Sobre se seria um "alívio" para a CNA Kátia Abreu não retomar o posto de presidente da entidade, o vice acrescentou: "Acho que o bom senso é que impera".
Procurada pelo G1, a senadora atribuiu a declaração de Schreiner a "questões políticas" porque, na avaliação dela, ele quer se tornar presidente da entidade e "encurtar" o mandato dela. Kátia Abreu comparou a situação ao processo de impeachment que a presidente afastada Dilma Rousseff enfrenta no Congresso Nacional, "injusto, ilegal e sem nenhuma justificativa".
"Nós estamos passando por um processo de disputa política e o senhor Schreiner está muito ansioso para que haja a antecipação da minha saída da presidência da CNA porque pretende encurtar meu mandato, aproveitando o clima de impeachment para ver se convoca novas eleições e ganha. É uma disputa política. Ele quer encurtar, interromper meu mandato para convocar novas eleições e ter chances de ser eleito. Mas a CNA não funciona assim, a CNA sabe respeitar os mandatos dos presidentes", disse.
"O que ele [Schreiner] quer mesmo é copiar alguns por aí e organizar um espécie de impeachment. Articular minha saída com novas eleições é algo injusto, ilegal e sem justificativa alguma. Se ele quer ser presidente, ele que espere a eleição no ano que vem, dispute no voto e ganhe. Caso contrário, é golpe", acrescentou Kátia Abreu ao G1.

Nenhum comentário:

Postar um comentário