quinta-feira, 28 de julho de 2016

FAEMG critica liberação à reconstituição do leite em pó

FAEMG critica liberação à reconstituição do leite em pó





FAEMG critica liberação à reconstituição do leite em pó
28/07/16 - 17:19 


A Instrução Normativa (IN) nº 26 do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), que autoriza as indústrias de laticínios da área da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) a reconstituir leite em pó para a produção de leite longa vida (UHT) e leite pasteurizado, joga um “balde de água fria” nos produtores de leite de todo o país e deverá trazer impactos negativos para a cadeia produtiva.

A avaliação é do presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite e diretor da FAEMG, Rodrigo Alvim. Ele lembra que, com o cenário atual mais favorável à importação, o leite em pó a ser utilizado na produção do leite fluído deverá vir de outros países, matando a competitividade da produção nacional e impedindo a recuperação dos preços aos produtores brasileiros, que vêm de longo período de baixa rentabilidade, pelos altos custos de produção, sobretudo do milho e soja.

Rodrigo Alvim destaca ainda que o produto tem função social: “Cerca de 70% dos produtores são de pequeno porte. O nordeste, incluindo os 168 municípios mineiros da área da Sudene, vive uma seca há quatro anos. Neste momento em que os preços começam a oferecer alguma margem de lucro que possibilitaria a recuperação do setor no país, a medida anunciada desestimula completamente os produtores e congela, ou mesmo retrai, a produção nacional” .

O presidente da Comissão Estadual de Pecuária de Leite da FAEMG, Eduardo Pena, explica que a atividade leiteira apresenta ciclos de mercado.  Há períodos de quedas acentuadas nos preços aos produtores, precedidas por recuperações. Em 2015, foram registrados preços menores do que em 2010. Já nos primeiros seis meses de 2016, os principais estados produtores apresentaram aumento de 11,4% nos preços. “O mercado segue a lei da oferta e procura. Ações como esta IN impedem a recuperação dos preços aos produtores, uma vez que a indústria tende a importar o leite em pó a ser utilizado na produção do leite fluído”.

Segundo ele, a expectativa do setor produtivo é de que a medida seja revista e regras, estabelecidas: “Uma decisão de tanto impacto não pode ser tomada de forma unilateral. O MAPA precisa ouvir as Federações e Comissões especializadas”. Eduardo lembrou ainda que os principais insumos da ração utilizada na alimentação animal aumentaram 50% no caso da soja e 140% no do milho. 
Reflexos ao consumidor

O analista de agronegócios da FAEMG, Wallisson Lara Fonseca, explica que, com a medida, o preço do leite pode estabilizar ou até mesmo reduzir neste primeiro momento para o consumidor. “O problema é que reidratação do leite em pó importado causará perda de competitividade na produção nacional, resultando na desmotivação do pecuarista brasileiro, fazendo com que muitos deixem de investir ou até mesmo desistam da atividade. Assim, em momento posterior, quando, o câmbio estiver alto, desfavorável à importação, ou quando a oferta internacional estiver baixa, haverá falta de leite no mercado nacional, com altos preços como consequência

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