sexta-feira, 29 de março de 2019

USDA pode trazer estoques trimestrais recordes de soja nos EUA



Publicado em 29/03/2019 09:53



Às 13h (horário de Brasília) desta sexta-feira (29), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz dois novos boletins importantes e que podem ajudar a direcionar um mercado carente de novidades. 
"Estes reportes do final de março são conhecidos por suas surpresas e habilidade de mexer com os preços. Infelizmente, para os produtores norte-americanos a maior parte dos números pode ser baixista", diz o analista internacional Todd Hultman, do portal internacional DTN The Progressive Farmer. 
Estoques Trimestrais
SOJA - Os estoques trimestrais a serem reportados nesta sexta são referentes a data de 1º de março. E para a soja são esperados para ficarem, na média das expectativas do mercado, em 74 milhões de toneladas - um recorde para o período, contra 57,4 milhões em 1º de março de 2018. As projeções variam de 66,95 a 76,12 milhões. 
Em 1º de dezembro do ano passado, os estoques norte-americanos da oleaginosa eram de 101,68 milhões de toneladas. 
O mercado sabe que os números de hoje deverão ser, de fato, elevados diante da guerra comercial entre China e EUA que já estende há mais de um ano, e que praticamente paralisou a demanda chinesa pelo produto norte-americano, rendendo estoques muito altos no país. Essa pode ser a menor demanda pela soja dos EUA em seis anos. 
"Com a guerra comercial ainda em curso, é difícil imaginar qualquer notícia altista para a soja nesta sexta", diz Hultman. 
MILHO - Para o milho, os estoques trimestrais são estimados entre 1963,56 e 226,33 milhões de toneladas, com média de 211,75 milhões. Ao ser confirmada, a média seria menor do que o observado há um ano, quando os estoques americanos do cereal eram de 225,87 milhões, além de ser o menor volume para este período em três anos.
Com essa confirmação, se confirma ainda que a demanda pelo grão norte-americano foi a segunda melhor da história para a primeira metade da temporada nesta safra 2018/19. 
Além disso, como explica o analista da DTN, esses números serão importantes ainda para que o mercado saiba quanto eram os estoques americanos antes das enchentes que acometeram o país nas últimas duas semanas. As inundações castigaram as estruturas de armazenagem do país, fazendo com que se perdessem toneladas de grãos. 
"Isso pode não afetar grandes quantidades em termos totais dos estoques dos EUA, mas é regionalmente significativo e essas perdas serão responsáveis por alguma mudança nos volumes do terceiro trimestre. O relatório de estoques de grãos em 1º de junho, que será divulgado no dia 28, nos dará a imagem posterior para comparação", explica o analista.
Há três meses, em 1º de dezembro, os estoques de milho dos EUA eram de 303,6 milhões de toneladas. 
Área 2019/20
Os dados de área de plantio da nova safra de grãos dos Estados Unidos também são esperados com ansiedade, principalmente, por conta dessas adversidades climáticas dos últimos dias e das que estão previstas para os próximos meses, quando se inciam os trabalhos de campo. 
SOJA - No caso da soja, a área da nova temporada poderia ser consideravelmente reduzida em relação a anterior, e ficar em algo entre 34,12 e 35,49 milhões de hectares, com média de 34,88 milhões. No ano passado, foram cultivados com soja 36,1 milhões de hectares. 
MILHO - Embora ainda cedo para a análise, Hultman acredita que os hectares de milho que não puderem ser plantados com milho mais cedo, dentro da janela, poderão ser semeados com a oleaginosa. Entretanto, isso poderia não se confirmar porque uma extensa parte do Meio-Oeste luta contra os solos saturados pela umidade em vários estados. 
Dessa forma, se espera uma área maior de milho, com média espera de 36,91 milhões de hectares. As expectativas variam de 36,42 a 37,31 milhões e, no ano passado, os EUA plantaram 36,06 milhões de hectares com o cereal. 
"Estimar a área de milho se tornou muito complicado depois dessas cheias no Corn Belt, e também porque as previsões do NOAA continuam mostrando ainda muitas chuvas e um potencial ainda de mais inundações em cerca de 25 estados", explica o especialista da DTN. "As enchentes começaram em 6 de março e se intensificaram rapidamente, ao mesmo tempo em que o USDA vinha conduzindo sua pesquisa com produtores, na qual estão baseadas as perspectivas desta sexta", completa. 
O mapa abaixo, do NOAA, mostra a previsão para a primavera nos EUA, de março a maio, com os risco de inundações. O azul claro indica as cheias moderadas, o médio as de média intensidade e o azul mais escuro, as enchentes mais fortes. 
NOAA inundações na primavera
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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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