Publicado em 30/03/2020 18:49
NOVA YORK (Reuters) - O petróleo Brent, valor de referência internacional da commodity, despencou nesta segunda-feira para o menor nível em quase 18 anos, enquanto o petróleo dos Estados Unidos chegou a ser negociado a menos de 20 dólares por barril, diante dos crescentes temores de que os isolamentos mundiais por causa do coronavírus possam durar meses, pressionando ainda mais a demanda por combustíveis.
A pandemia deve causar uma queda de pelo menos 20% na demanda global por combustíveis, à medida que governos tomam medidas para restringir a disseminação do vírus. E com Arábia Saudita e Rússia prontas para inundar o mercado com petróleo no mês que vem, produtores e transportadoras vêm lutando para manter o petróleo estocado em meio à queda de demanda.
Os contratos futuros do petróleo Brent fecharam em queda de 2,17 dólares, ou 8,7%, a 22,76 dólares por barril, mínima desde novembro de 2002. Já o petróleo dos EUA recuou 1,42 dólar, ou 6,6%, a 20,09 dólares/barril, menor valor de fechamento desde fevereiro de 2002.
A trading de commodities Trafigura disse que a demanda por petróleo pode cair em mais de 30 milhões de barris por dia em abril, praticamente um terço do consumo diário de combustíveis.
"Em uma base trimestral, nós esperamos ver o mais forte declínio no consumo global de petróleo da história", disseram analistas do Bank of America, que reduziram estimativas para as cotações do petróleo pela segunda vez em duas semanas.
Os principais preços de referência do petróleo registraram perdas por cinco semanas consecutivas.
O preço está tão baixo que para muitas companhias do setor, manter atividades é sinônimo de prejuízo, segundo analistas, que acrescentam que produtores com altos custos não terão outra opção, a não ser interromper produção, especialmente considerando que as capacidades de armazenamento estão praticamente cheias.
Brasil adia leilões de energia por prazo indeterminado devido a coronavírus
SÃO PAULO (Reuters) - O governo decidiu postergar por tempo indeterminado leilões para a viabilização de novos projetos de geração e transmissão de energia agendados para 2020, devido aos efeitos da pandemia de coronavírus, segundo portaria do Ministério de Minas e Energia em edição extra do Diário Oficial da União nesta segunda-feira.
Preocupações com o comportamento de fatores como câmbio e custos de captação de recursos em meio aos efeitos do coronavírus sobre a economia vinham levando consultores a defender uma mudança no cronograma das concorrências, que atraíram intenso apetite de investidores nos últimos anos, mesmo em meio à recente recessão histórica do país.
Entre os certames adiados estão um agendado para 30 de abril (A-4/A-5), que contrataria termelétricas a gás e carvão, e uma licitação de concessões para novos projetos de transmissão que aconteceria em junho.
Também estão na lista os leilões conhecidos como A-4 e A-6, para novos empreendimentos de geração, e pregões para contratar soluções de suprimento a sistemas isolados.
"Cumpre notar que não se trata de cancelamento dos leilões de 2020 no setor elétrico, mas de uma postergação", disse o ministério em nota.
A pasta acrescentou ainda que, uma vez superada a epidemia, pretende reavaliar junto aos agentes do setor de energia as perspectivas econômicas e setoriais para então decidir sobre "a conveniência da realização desses certames ainda em 2020".
A postergação já estava no radar do governo desde ao menos a semana passada, quando o ministério pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que adiasse a aprovação dos editais para os leilões de térmicas e de transmissão, conforme publicado pela Reuters na ocasião, com informações de fontes.
Entre especialistas, a avaliação é de que as incertezas macroeconômicas gerada pela propagação do coronavírus prejudicariam principalmente projetos de geração renovável, como usinas eólicas e solares, que importam boa parte dos equipamentos.
Mas a tensão no mercado poderia também prejudicar o resultado de leilões de transmissão, o que geraria custos adicionais para os consumidores. O último certame de projetos de transmissão, em dezembro, registrou deságios recordes na receita teto oferecida aos investidores, de 60%, devido à ampla disputa entre empresas pelos contratos de concessão no setor.
Segundo a portaria do Ministério de Minas e Energia, o adiamento decorre da "necessidade de adoção de medidas para o enfrentamento da emergência de saúde pública internacional decorrente do coronavírus".
A pasta apontou que, em caso de retomada dos certames, serão definidas "medidas necessárias para dar tratamento aos impactos da postergação, incluindo-se novas realizações de etapas já concluídas" no processo das licitações.
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