SÃO PAULO (Reuters) - A área de plantio de soja em Mato Grosso, maior Estado produtor da cultura no Brasil, deve crescer 2,26% na safra de 2020/21, mas a produção tende a ter leve queda de 0,64%, devido a uma diminuição na produtividade, estimou nesta segunda-feira o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
De acordo com o primeiro levantamento do instituto para a próxima safra, a área plantada deve atingir 10,07 milhões de hectares e a produção da oleaginosa, 34,7 milhões de toneladas.
"Os fundamentos que justificam essa elevação são vários... recorde de produtividade da safra anterior; patamar recorde de preços para as safras 19/20 e 20/21; negociações futuras de soja em grão e insumos em nível superior ao percebido nos últimos anos; melhorias logísticas", destacou a análise do Imea.
A existência de área de pastagem com boas condições para ser convertida em agricultura também contribuirá para a expansão da soja, que na safra passada ocupou 9,85 milhões de hectares no Estado, segundo Imea.
"O que explica o maior aumento percentual das áreas nas regiões características de pecuária", acrescentou o instituto.
A produtividade da safra 2020/21 foi estimada em 57,48 sacas por hectare, 2,83% menor que a consolidada na safra 2019/20, porém, se confirmada, pode ser a segunda maior produtividade da série histórica do Imea.
O plantio da nova safra de soja em Mato Grosso começa em meados de setembro.
O recorde de produtividade foi registrado na safra atual, de 59,16 sacas por hectare.
"A chuva ocorrida em épocas de maior necessidade para a planta e a luminosidade adequada nesta safra foram os principais fatores que potencializaram o desenvolvimento da cultura e possibilitaram a colheita de 59,16 sacas por hectare."
Ainda nesta segunda-feira, o Imea divulgou a quarta estimativa para a safra de 2019/20 e, com isso, a área foi definida em 9,85 milhões de hectares, ante 9,67 milhões em 2018/19.
A produção total do Estado se consolida em 34,96 milhões de toneladas, montante 7,58% maior que o registrado na temporada passada. "Este valor, comparado aos dados de produção mundial (compilados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), equivale a 10,34% de toda a soja produzida", ressaltou o Imea.
MILHO
Com o crescente avanço dos preços do cereal no semestre, os produtores de Mato Grosso decidiram ampliar a área semeada com a cultura, o que resultará em crescimento ante a produção da temporada passada de 1,4%, apesar de alguns problemas climáticos.
Com isso, o Imea espera agora uma área de 5,19 milhões de hectares plantados com milho, aumento de 1,82% ante o último levantamento e de 6,90% quando comparado à área cultivada na safra anterior, de acordo com a terceira estimativa de produção para a cultura.
"Já em relação à produtividade, a falta de chuva nas regiões centro-sul, sudeste e oeste do Estado causou redução do potencial produtivo do milho, que deve impactar a produtividade de MT em 1,03 saca por hectare ante a última projeção (jan-fev/20)."
Desta forma, o rendimento médio das lavouras passa a ser considerado em 104,98 sacas por hectare, 5,15% inferior ao da safra 18/19. Por fim, a produção esperada aumentou 0,84% ante o último levantamento, sustentada pela maior área cultivada, gerando a expectativa de colheita de 32,71 milhões de toneladas do cereal para o Estado.
Exportação de soja do Brasil dispara mais de 70% e atinge recorde em abril
SÃO PAULO (Reuters) - Com firmes aquisições da China, a exportação de soja do Brasil atingiu um recorde mensal de 16,3 milhões de toneladas em abril, aumento de 73% ante o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados da média diária de embarques publicados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O recorde anterior, de acordo com a Secex, havia sido registrado em maio de 2018, com embarques de 12,35 milhões de toneladas.
Os grandes volumes embarcados de soja, o principal produto de exportação do país, geraram receitas de 5,5 bilhões de dólares em abril.
Mais cedo, informações de embarques da agência marítima Cargonave já haviam indicado um recorde histórico em abril, de 14,16 milhões de toneladas. Os dados do governo e do setor privado costumam divergir, mas no caso ambos indicam volumes nunca vistos para qualquer mês.
A associação de exportadores Anec apontou 13,3 milhões de toneladas na exportação de março, enquanto a Secex registrou 11,6 milhões de toneladas no mês anterior.
No acumulado de janeiro a abril, os embarques do país, o maior exportador global da oleaginosa, atingiram 35,76 milhões de toneladas, com a China levando 26,5 milhões de toneladas, relatou a agência marítima mais cedo.
Para maio, junho e julho, a expectativa é de que o Brasil volte a exportar volumes fortes, mas as possibilidades de o país bater os expressivos números de abril são menores, disse à Reuters o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Roque.
Ele acrescentou que a programação de embarques de navios já aponta exportação de pelo menos 9 milhões de toneladas para maio.
"Acho que maio e junho ainda vão ser fortes, mas as chances de superarem o recorde de abril são pequenas. É pouco provável", comentou.
Os negócios ocorrem após uma colheita enorme neste ano no Brasil e com os portos funcionando em ritmo acelerado, mesmo com maiores cuidados para evitar contaminações pelo coronavírus.
Além disso, os preços da soja alcançaram valores nominais recordes no Brasil na esteira da forte desvalorização do real ante o dólar, o que impulsiona vendas de produtores e abre uma janela de oportunidade para fixação de contratos para a próxima safra, avaliou o Itaú BBA nesta segunda-feira.
O analista da Safras disse que a consultoria mantém expectativa de que o Brasil vai exportar volumes acima do normal no primeiro semestre, com a China se concentrando no país no período, para depois buscar o produto nos EUA, cumprindo promessas do acordo comercial fase 1.
"A grande dúvida é se a China vai honrar o acordo comercial ou não, acho que existe espaço para honrar, (o mercado) está em momento negativo para isso, subindo as tensões...achando que a China pode não honrar", disse ele.
Para ele, se a China não honrar seu acordo com os EUA, os embarques brasileiros surpreenderiam no segundo semestre.
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