Pesquisa descobriu duas curvas que podem ser utilizadas a partir de agora para a correção da acidez em solos mato-grossenses
Resultado de pesquisa científica financiada pelo Programa Agrocientista, da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), vai mudar a realidade da agricultura no Estado. O estudo descobriu duas curvas inéditas, capazes de corrigir acidez nos solos mato-grossenses, que dará mais agilidade e precisão no cálculo da quantidade de calcário adequada para cada solo e garantirá mais economia aos produtores.
É que mesmo com uma extensão territorial continental, o Estado de Mato Grosso não contava com uma metodologia de calibragem de solo para correção da acidez e se baseava em curvas de outras localidades, como o Estado de São Paulo, por exemplo. O resultado da pesquisa “Estimativa da Acidez Potencial dos Solos do Estado de Mato Grosso com Base em Métodos Tampões” chegou ao método SMP (Shoemaker, McLean and Pratt) e ao método Santa Maria. “Antes, utilizávamos curvas de outros Estados, não calibradas para nossa realidade, que poderiam ser mais demoradas e onerosas. Além disso, poderia superestimar ou subestimar a quantidade de calcário adequada para o produtor. Uma vez que hoje temos essa calibragem, a quantidade de calcário será mais assertiva para corrigir essa acidez. Esse método é utilizado no Brasil, mas ele exige calibração regional, o que até então, não havia em Mato Grosso”, detalhou o autor da pesquisa, engenheiro agrônomo, doutor Marcelo Ribeiro Vilela Prado.
A Pesquisa - O autor do estudo ingressou no doutorado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em 2014. Marcelo escreveu o projeto para concorrer ao edital do Agrocientista da Aprosoja e, em 2015, foi contemplado. O objetivo da pesquisa foi desenvolver uma curva capaz de estimar a acidez potencial do solo para Mato Grosso com base em métodos tampões, que segundo Marcelo, são métodos rápidos, práticos e eficientes para uso de laboratório, mas que não havia no Estado. Para isso, 196 amostras de solo foram coletadas na camada arável (0–20 cm) em diferentes sistemas agropastoris e nativos adjacentes. “Passei para segunda fase de campo e estive em todas as regiões do estado coletando os solos, em agosto de 2018 fiz a defesa e fui aprovado, agora está saindo artigos referentes a esta tese e o apoio da Aprosoja foi fundamental nesse processo”, destacou.
Em fevereiro de 2020, o artigo foi publicado pela editora UFLA na Revista Ciência e Agrotecnologia da Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais.
O pesquisador e professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical da UFMT, que também foi orientador de Marcelo, Dr. Milton Ferreira de Moraes, lembra que essa pesquisa vem de uma demanda antiga. “Há uns cinco anos produtores queixavam da variação nas análises de solo, o que reuniu diversas instituições como a Aprosoja, a Fundação MT e fizemos um estudo que ao final resultou em um workshop com laboratórios. Agora o método está desenvolvido. Já saiu o artigo e a ideia agora é que todos os laboratórios se conscientizem e adotem esse método voluntariamente, já que não existe uma normatização. E a pesquisa não para. Vamos partir para a próxima fase que será provavelmente na safra 2020/2021, em campo”, informou.
O pesquisador Milton Ferreira conta que a coleta dos solos durante dois anos possibilitou a montagem da Soloteca, uma coleção com mais de 200 tipos de solos para estudos no Laboratório de Fertilidade do Solo no Campus Universitário do Araguaia em Barra do Garças-MT. Ele enalteceu apoio da entidade que, por meio do programa Agrocientista, incentiva a formação de novos pesquisadores e ajuda melhorar a produtividade no Estado. “Esse tipo de apoio é extremamente importante para o incentivo à pesquisa. Agora o Estado poderá ter uma maior produtividade com esse novo método que beneficia não só o produtor, mas a sociedade como um todo. Para se ter uma ideia, o fertilizante tem um custo muito alto e chega a um terço do valor que o produtor gasta na lavoura com calcário e adubos. Se o solo é ácido o aproveitamento é baixo desse fertilizante e compromete a produtividade. Importante destacar também nesse processo, o apoio da Fapemat, Empaer-MT, CNPq, CAPES, entre outros”, frisou.
Presidente da Aprosoja, Antonio Galvan, destaca que a entidade se preocupa com o avanço da agricultura em Mato Grosso e investe em sustentabilidade, defesa agrícola e pesquisas científicas. “Não é recente nossa preocupação com estudos que garantam mais eficiência, maior sustentabilidade, rentabilidade ao produtor e economia. Por isso, investimos muito em pesquisa científica, em estudos sérios. Exemplo disso são os mais de R$ 2 milhões investidos no Agrocientísta”, pontuou.
O Agrocientista é um programa de iniciativa da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), que oferece auxílio e incentivo à pesquisa científica e já financiou mais de R$ 2 milhões em projetos de pesquisa, desde 2011.
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