quinta-feira, 28 de novembro de 2013

28/11/2013 - 14:11

28/11/2013 - 14:11 Gargalos ajudam a minar a competitividade do campo Valor Econômico Gargalos como o déficit de armazenagem em Mato Grosso, que prejudica toda a logística para o escoamento de grãos do Estado aos centros consumidores e portos do Sudeste e do Sul do país, precisam ser resolvidos não só para acabar com as dores de cabeça dos produtores. Esse e outros problemas estruturais têm de ser sanados também para "compensar" a perda de algumas vantagens históricas do agronegócio brasileiro e manter a competitividade do setor, evitando altas desnecessárias dos preços domésticos de alimentos e perda de espaço de produtos do país no mercado externo. Assunto obrigatório nos encontros de representantes de todas as cadeias produtivas do campo nos últimos anos, esses gargalos e seus reflexos sobre a competitividade também estão no foco da consultoria Informa Economics FNP, que dedica ao tema parte da nova edição de sua tradicional publicação "Agrianual", que acaba de sair do prelo. "Alguns fatores que ajudavam a competitividade do agronegócio brasileiros, como mão de obra barata e amplo acesso a recursos naturais, estão se erodindo. Nesse contexto, soluções para gargalos antigos e conhecidos tornam-se ainda mais urgentes", afirma José Vicente Ferraz, diretor-técnico da empresa. Entre os antigos problemas que afetam diretamente o setor, Ferraz cita, além da logística, questões ligadas à tributação e legislações diferentes nos âmbitos municipal, estadual e federal, além do elevado custo do capital e de um seguro rural ainda incipiente. Objetivos e estratégias claras para a definição das políticas agrícolas do governo também são necessários para melhor guiar o desenvolvimento dos diversos segmentos. "Política agrícola não é só crédito", afirma. Ferraz diz que "agricultura é terra, trabalho e capital", e lembra que cada uma dessas variantes conta com um ministério específico no governo federal. Por isso, defende, é preciso amarrar e direcionar melhor as políticas que norteiam o setor. Mesmo levando-se em conta que o agronegócio não é resultado de uma equação matemática, melhorias nessas frentes talvez fossem mais do que suficientes para ampliar a competitividade do setor tendo em vista algumas mudanças importantes em curso no país. Uma das mais comentadas diz respeito ao encarecimento da mão de obra, que há 20 anos era barata e abundante - e gerava muita reclamação em países desenvolvidos concorrentes do Brasil, como EUA, Canadá e Austrália. "O cenário mudou, em uma rota que já foi vista no passado também em países desenvolvidos". E a questão passa não só pela contratação de funcionários para uma propriedade rural, mas também pela flagrante dificuldade que os produtores têm em manter seus herdeiros no campo. Com as novas regulamentações e restrições ambientais, diz Ferraz, também se tornaram maiores os limites para o acesso aos recursos naturais do país, em um processo que encareceu e tornou mais complexo esse acesso, inclusive para potenciais investimentos estrangeiros, também mais controlados. Mas nem tudo é negativo no olhar do consultor. Características tradicionais do agronegócio brasileiro, como uma estrutura agrária que permite grandes propriedades, topografia e clima adequados e a melhor tecnologia de produção agropecuária tropical do mundo permanecem firmes. "E também não temos mais aquela instabilidade econômica do passado".

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