segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
02/12/2013 - 13:09
02/12/2013 - 13:09
Uma praga do campo que afeta a vida na cidade
Embrapa Cerrados
De tão nova por aqui, ainda não ganhou um nome popular, como a lagarta do cartucho, a lagarta enroladeira e a lagarta mede palmo, velhas conhecidas dos agricultores. Mas o que a população urbana, que representa mais de 85% dos 200 milhões de brasileiros, tem a ver com isso?
Os prejuízos que os agricultores vêm tendo com essa praga já estão na casa do bilhão de reais. Mas eles não são os únicos pagarem a conta: também o meio ambiente, que mostra desequilíbrio, e as pessoas da cidade, que vão comprar comida e roupas encarecidas pela redução da oferta, são impactados.
O apetite dessa lagarta parece não ter fim. Ela ataca mais de 100 culturas agrícolas, desde a soja e o milho que o agronegócio exporta em milhões de toneladas, passando pelo algodão que fornece a matéria-prima para boa parte de nossas roupas até o tomate e outras hortaliças que saboreamos todos os dias no almoço e jantar.
Como essa praga entrou em nosso país? Ainda não se sabe, e dificilmente teremos a resposta. Mas, bem mais importante que isso, é entender que praga é essa, como ela impacta nossas vidas e o que tem sido feito para controlá-la.
Sendo uma lagarta, ela se transforma em mariposa, que é a forma adulta do inseto. Só que a mariposa de Helicoverpa armigera pode voar até 1.000 km, o equivalente à distância entre as cidades de São Paulo e Brasília! E pelo que os pesquisadores têm constatado, ela gostou do Brasil, pois tem se adaptado a lavouras do Sul, do Sudeste, do Centro-Oeste, do Nordeste e até do Norte do País.
Para piorar, os agricultores estão com dificuldade de controlar a lagarta apenas com os inseticidas disponíveis no mercado. Outros países já utilizam alguns inseticidas que já foram testados e comprovaram eficácia contra a praga naqueles locais.
Mas só o uso de inseticidas, o chamado controle químico, não resolverá o problema. Isso porque a praga é capaz de desenvolver resistência aos agroquímicos. Ou seja, com o passar do tempo, eles deixam de ser eficazes. E assim, a Helicoverpa armigera vai se reproduzindo sem ser incomodada.
Nesse sentido, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem orientado os agricultores para que façam o constante monitoramento das lavouras e o Manejo Integrado de Pragas, o MIP.
Pelo nome, parece complicado, mas podemos dizer que o MIP é a união de todas as possíveis técnicas, como controle biológico (utilizando inimigos naturais, como bactérias, vírus, fungos e outros insetos que podem controlar a lagarta sem prejudicar a lavoura e o meio ambiente), cultural (que reduz a disponibilidade de alimento para a lagarta na entressafra, diminuindo assim a sua população), genético (com o uso de plantas de boa qualidade genética, ou seja, resistentes a diversas pragas e doenças) e químico (com o uso dos defensivos agrícolas registrados no Ministério da Agricultura, seguindo as recomendações dos fabricantes). São ações que o produtor pode fazer na fazenda, sem grandes dificuldades.
Todo esse trabalho de controle vai servir como importante aliado do agricultor para defender a sua produção – na qual investiu mão-de-obra, tempo, máquinas e dinheiro – e assim garantir alimentos, fibras e energia para as pessoas cidade e do próprio campo.
Nesse sentido, é importante que a população urbana conheça o problema, que é grave, já atingiu mais de 10 Estados e pode prejudicar a alimentação e outras necessidades básicas dos brasileiros.
Por outro lado, a Embrapa e outras instituições públicas e privadas estão trabalhando juntas no controle da Helicoverpa armigera para o bem de todos. Para que as informações cheguem ao público com clareza, a empresa de pesquisa preparou um vasto conteúdo sobre a praga, disponível na Internet.
Não deixe de visitar e busque mais conhecimentos sobre o assunto em: www.embrapa.br/alerta-helicoverpa.
Breno Lobato, jornalista da Embrapa Cerrados
Sérgio Abud, supervisor de implementação da programação de transferência de tecnologia da Embrapa Cerrados
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