segunda-feira, 2 de junho de 2014
Tendência de alta desacelera no final da safra, mas cenário se mantém com preços firmes
Tendência de alta desacelera no final da safra, mas cenário se mantém com preços firmes
Irga confirma safra abaixo de 8,15 milhões de toneladas no RS, exportações de casca seguem a todo o vapor e a indústria pede definição do Preço de Liberação de Estoques (PLE) da Conab, com vistas à realização de leilões de oferta
O mercado de arroz do Sul do Brasil teve duas semanas bastante movimentadas do ponto de vista político setorial. A Feira Nacional do Arroz (Fenarroz 2014) em Cachoeira do Sul alcançou resultado de comercialização de R$ 280 milhões e ganhou definitivamente um perfil mais profissional como pediam expositores e cadeia produtiva. Em sua programação, muitas discussões técnicas e políticas. Numa delas, a indústria decidiu cobrar do governo federal a definição do Preço de Liberação de Estoques (PLE), com vistas à realização de leilões de oferta dos estoques reguladores. O pedido aconteceu na reunião da Câmara Setorial do Arroz, em Brasília (DF) na última terça-feira e já deve ser analisado pelo CIEP em reunião na próxima semana.
A Conab reconhece que pode realizar leilão de oferta já nos próximos 60 dias, a partir da regulamentação do novo PLE, até porque o preço de mercado do arroz no Sul do Brasil encontra-se muito acima do valor estabelecido no referencial para a safra 2012/13 (R$ 33,28). Porém, isso dependerá do comportamento futuro dos preços do cereal no mercado interno. Dentro do segmento industrial, há uma forte defesa da liberação de leilões somente para beneficiamento e comercialização interna, uma vez que algumas lideranças entendem existir grande dificuldade em equalizar os altos preços pagos ao produtor (na faixa de R$ 37,00 no RS) e os baixos valores aceitos pelos atacadistas e varejistas (entre R$ 43,00 e R$ 49,00).
Representantes das indústrias, especialmente da Zona Sul gaúcha, também se queixam das exportações de arroz em casca, que somaram mais de 110 mil toneladas nos últimos 50 dias. Entendem que o ideal seria existir um mecanismo para que o produto só fosse exportado depois de beneficiado no Brasil, gerando empregos e renda. Na verdade, a venda da matéria-prima diretamente para indústrias em seus países de destino, faz com que algumas indústrias locais percam a oportunidade de processar o grão. Mas, o mercado que compra do Brasil no momento, especialmente das Américas, está demandando produto em casca e a cadeia produtiva brasileira, principalmente os agricultores, precisam da exportação de 1,2 a 1,4 milhão de toneladas para equalizar os preços internos.
Alguns representantes da indústria chegaram a comentar os dois temas: liberação de estoques e medidas para evitar a exportação do casca e incentivar a do beneficiado na reunião da Câmara Setorial, mas diante do impasse de não haver um PLE autorizado para a safra 2013/14, o assunto “morreu na casca”. Entre os produtores, a posição é de que não há necessidade nem de leilões nem de obrigar à exportação de beneficiado. Os arrozeiros entendem que o fluxo de oferta para o mercado interno é normal, porém sem a alta pressão de oferta da safra que fazia os preços caírem a patamares vergonhosos, e que a venda de arroz em casca para o exterior ajuda a estabilizar as cotações internas. E argumentam que não há risco de desabastecimento, uma vez que a soma da produção, importações e estoques do Brasil é superavitária em comparação com a demanda e as exportações.
PREÇOS
Diante deste cenário, os preços do arroz em casca não tiveram a mesma pressão de alta de março e abril, quando boa parte dos agricultores vendia soja e buscava outros meios de se rentabilizar para evitar uma superoferta do cereal. Comum fluxo ligeiramente maior de oferta, o Indicador de Preços do Arroz em Casca ESALQ/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa para a saca de 50 quilos (58x10), à vista, colocada na indústria gaúcha, acumula valorização de 2,23% em maio, até a última quarta-feira (28/5), alcançando R$ 36,72. Em dólar o preço fica em US$ 16,44, um pouco alto para viabilizar as exportações de beneficiado e com referencial mais atrativo às importações, inclusive da Tailândia.
Em crise, após um golpe militar, e devendo cerca de US$ 1 bilhão aos arrozeiros, o País asiático tem estoques próximos de 10 milhões de toneladas e precisa se desfazer rapidamente para transformá-lo em recursos e quitar sua dívida. Assim sendo, tende a manter preços mais baixos do que o mercado internacional para reaver os mercados que perdeu para a Índia, o Paquistão e o Vietnã, principalmente. Sabe-se que três navios com aproximadamente 60 mil toneladas, no total, já chegaram ao Maranhão com esta origem, para um grande agente de mercado. E há previsão de pelo menos mais duas embarcações no Nordeste. A mesma empresa que cotou preços para o Nordeste, já tem cotação para São Paulo, em valores bem competitivos.
MERCADO INTERNO
No mercado livre gaúcho os preços aos produtores variam entre R$ 36,00 e R$ 37,50, dependendo da região e característica do produto. Em Santa Catarina os valores referenciais acompanham o RS de perto, entre R$ 35,00 e R$ 37,00. Já no Mato Grosso, com uma safra acima do esperado e a pressão do arroz paraguaio, os valores ficam entre R$ 30,00 e R$ 34,00 dependendo da região. Sorriso e Sinop, no Nortão do MT, têm média de R$ 32,00 por saca de 60 quilos com 55% acima de inteiros, referencial para variedade Cambará.
Na indústria, grande reclamação para uma empresa de porte médio que vem comprando arroz na faixa de R$ 35,00 a R$ 37,00 no Sul do Brasil e repassando o fardo por até R$ 43,00 em São Paulo, derrubando o mercado para abrir novos pontos de venda. Milagres que a cadeia produtiva já viu outras vezes e que, em geral, duram pouco. Mas, o suficiente para bagunçar todo o sistema de comercialização e permitir que o varejo, bastante concentrado, dite os valores de compra.
SAFRA
Na última semana o Irga divulgou que 99,7% da safra gaúcha está concluída, com produção até o último dia 23 de maio, alcançando 8,12 milhões de toneladas. Pela projeção dos 4 mil hectares faltantes que devem ser colhidos esta semana, a safra não deve passar de 8,14 milhões de toneladas, especialmente com a queda vertiginosa de produtividade das lavouras colhidas a partir de abril. A média de rendimento por área fica em 7,26 toneladas por hectare, bem abaixo das 7,5 esperadas.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 36,70 para a saca de arroz de 50 quilos, em casca, FOB/RS (58x10). Já o saco de 60 quilos de arroz branco (beneficiado) tipo 1, é cotado a R$ R$ 73,00 (sem ICMS) e no Rio Grande do Sul. Quirera e canjicão de arroz, em sacas de 60 quilos, valem respectivamente R$ 37,00 e R$ 38,00, com preços estáveis. Também estável é a cotação do farelo de arroz, em R$ 340,00 a tonelada FOB em Arroio do Meio/RS.
TENDÊNCIA
A expectativa é de que o mercado se mantenha em leve alta em junho, especialmente pela saída de arroz nos embarques internacionais, o bom momento da soja, a safra abaixo da expectativa, a projeção de que o governo federal não deve intervir com ofertas de arroz dos estoques públicos – de pouco mais de 600 mil toneladas - ainda no próximo mês, e a projeção de um fenômeno climático El Niño de forte impacto no Sul do Brasil, o que geralmente reduz área plantada e produção tanto nos estados brasileiros quanto no Mercosul. O mercado segue alerta para as importações de arroz e a movimentação do governo federal referente aos estoques e o gargalo de exportações com as obras de ampliação do cais do Porto de Rio Grande.
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Data de Publicação: 02/06/2014 às 12:10hs
Fonte: PLANETA ARROZ
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