segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

O ministro da Economia Paulo Guedes é a favor de vender todas as empresas estatais



Publicado em 31/12/2018 16:13



SÃO PAULO (Reuters) - Será curta a lua de mel da comunidade empresarial brasileira com o presidente eleito Jair Bolsonaro, pressionado a entregar as promessas de campanha de domar a burocracia do país e zerar o enorme déficit público.
Bolsonaro toma posse na terça-feira, e empresários e banqueiros afirmam que estão observando Bolsonaro e seu time econômico com impaciência, buscando sinais de que ele cumprirá a prometida revisão.
Os maiores desafios - reformas fiscal e da previdência - não podem ser endereçados até o Congresso retornar, em fevereiro.
Mas o time de Bolsonaro precisa agressivamente preparar o terreno agora para essas reformas, antes mesmo de os legisladores voltarem do recesso, dizem líderes empresariais.
"Sinalizaria uma aprovação mais rápida se Bolsonaro e sua equipe se comprometessem a alterar o projeto de reforma da previdência que está no Congresso há alguns meses", disse Ricardo Lacerda, fundador e sócio do banco de investimentos BR Partners.
Alterar a lei corrente em vez de propor uma nova versão aumentaria as chances de aprovação no primeiro semestre de 2018, disse Lacerda, acrescentando que a bomba-relógio da previdência é a reforma mais urgente que precisa ser tratada pela equipe de Bolsonaro para interromper o crescimento do déficit de 130 bilhões de reais.
Bolsonaro também prometeu, durante sua campanha, atacar a corrupção endêmica do meio político, em parte encerrando o "toma lá, dá cá" com legisladores dos 30 partidos do Congresso para conseguir aprovar as suas leis.
Quando os legisladores retornarem, ele terá que mostrar que descobriu uma maneira de trabalhar com eles para aprovar as reformas. Não está claro como o time de Bolsonaro fará isso.
O novo governo também precisará se provar habilidoso ao lidar com o judiciário, se quiser ter sucesso no plano de passar adiante ativos do governo.
"Negociações com o Supremo são importantes para acelerar o ritmo das privatizações", disse Samuel Oliveira, sócio do banco de investimentos North Stone.
Por exemplo, os ministros do Supremo, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello, aprovaram injunções separadas bloqueando o programa de vendas da Petrobras. A venda de outros ativos dependerá de como Bolsonaro resolverá as tensões com sua própria equipe.
O ministro da Economia é a favor de vender todas as empresas estatais.
Mas terá que competir com as visões nacionalistas de vários ministros de Bolsonaro, que são antigos militares de alta patente. Eles consideram que muitas empresas estatais, como a elétrica Eletrobras, como ativos estratégicos que não devem ser leiloados.
O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, prevê a venda de até 300 bilhões de reais por ano em ativos estatais.
Banqueiros de elite esperam a cifra mais conservadora de 50 bilhões de reais por ano, se o governo Bolsonaro conseguir reverter as ordens do Supremo.

Integrantes do futuro governo alertam Bolsonaro sobre mudança de embaixada em Israel, diz fonte

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Integrantes do futuro governo estão alertando ao presidente eleito Jair Bolsonaro sobre o risco que representará ao país a possível mudança da sede da embaixada do Brasil em Israel, disse à Reuters uma fonte em condição de sigilo.
Segundo a fonte, a transferência da sede de Tel Aviv para Jerusalém poderia trazer consequências ao país, especialmente no campo comercial.
O Brasil é o maior exportador mundial de carnes para países árabes, que são contra a posição de reconhecer Jerusalém como território exclusivamente israelense.
Alguns países da chamada liga Árabe alertaram que uma mudança poderia abalar o comércio entre Brasil e suas nações e as exportações brasileiras poderiam ficar comprometidas.
"Jair Bolsonaro tem sido alertado sobre a importância dos países árabes para o setor agrícola brasileiro", disse à Reuters a fonte, na condição de anonimato. "São bilhões por ano."
O setor agropecuário foi um dos principais apoios obtidos por Bolsonaro durante a sua campanha presidencial e a bancada no congresso será fundamental para a aprovação de reformas estruturais previstas pelo futuro governo.
A fonte destacou, no entanto, que Bolsonaro quer fazer um gesto de "agrado" a Israel como forma de aproximação estratégia com o país alinhado com os Estados Unidos.
"Ele (Bolsonaro) gostaria de se aproximar de Israel, que tem a sua admiração, através desse gesto diplomático", frisou a fonte.
O premier de Israel Benjamin Netanyahu está no Brasil desde a semana passada e na sexta-feira passada se encontrou com Bolsonaro. Ele também vai à posse do presidente eleito na capital federal na terça-feira.
No fim de semana, Netanyahu, disse que Bolsonaro lhe confessou o desejo de transferir a embaixada em Israel e que a questão era quando isso irá ocorrer e não se ela vai acontecer.

Mudança de embaixada do Brasil em Israel é questão de "quando, não de se", diz Netanyahu

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse neste domingo que o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou a ele que era uma questão de "quando, não de se" a embaixada de seu país em Israel, atualmente em Tel Aviv, será transferida para Jerusalém.
Mais cedo, uma autoridade israelense já havia comentado sobre o assunto. No entanto, uma alta fonte do futuro governo mostrou cautela sobre a declaração israelense. "Só se comenta decisão, a qual ainda não foi tomada", disse a fonte à Reuters, sob condição de anonimato.
Bolsonaro, que assume a Presidência na terça-feira e está recebendo Netanyahu e líderes de outros países para sua posse, disse que gostaria de seguir a liderança do presidente dos EUA, Donald Trump, e transferir a embaixada.
Mas ele está sob intensa pressão do poderoso setor agrícola brasileiro para não fazer a mudança, já que poderia prejudicar as exportações para países árabes.
Tal movimento de Bolsonaro seria uma mudança brusca na política externa brasileira, que tradicionalmente apoia uma solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina.
A Liga Árabe disse a Bolsonaro que transferir a embaixada para Jerusalém seria um revés para as relações com os países árabes, segundo uma carta vista pela Reuters no início de dezembro.
"Bolsonaro me disse que era questão de 'quando, não de se' ele vai transferir a embaixada para Jerusalém", disse Netanyahu neste domingo durante uma reunião com líderes da comunidade judaica do Brasil no Rio de Janeiro.
"Atribuímos enorme importância ao Brasil e ao Brasil no contexto da América Latina", acrescentou. "Isso anuncia uma mudança histórica."
Netanyahu, que se encontrou com Bolsonaro na sexta-feira, disse que o brasileiro aceitou seu convite para visitar Israel, em uma viagem que deve acontecer em março.
Netanyahu é o primeiro primeiro-ministro israelense a visitar o Brasil.
Depois de conhecer o líder israelense, Bolsonaro disse que "precisamos de bons aliados, bons amigos, bons irmãos, como Benjamin Netanyahu".
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Fonte: Reuters

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