segunda-feira, 30 de março de 2020

Com revendas agropecuárias fechadas, criadores podem ficar sem vacinas contra febre aftosa

Medicamentos veterinários para grandes e pequenos animais podem ficar retidos nas revendedoras especializadas, que não são consideradas como serviço essencial à sociedade
O Sindicato das Indústrias de Produtos de Medicamentos Veterinários (Sindan), entidade que representa 91 indústrias e que em 2019 obteve um faturamento de R$ 7 bilhões, está negociando com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a possibilidade de tornar 30 mil revendas agropecuárias e 28 mil pet shops espalhadas pelo país, como serviço essencial, como farmácias e supermercados, para que estes estabelecimentos permaneçam abertos ao público que precisa comprar medicamentos veterinários, incluindo as 194 milhões de doses da vacina contra a febre aftosa que estão sendo produzidas nas indústrias do setor. A campanha nacional contra a febre aftosa está prevista para começar em abril.
De acordo com o presidente do Sindan, Delair Bolis, as operações de produção e a distribuição dos medicamentos veterinários estão sendo realizadas com regularidade pelas indústrias e setor de transporte, mas o desafio está na comercialização entre as lojas e os clientes. “As revendas agropecuárias e as pet shops estão seguindo as orientações municipais ou estaduais estabelecidas e metade dos estabelecimentos estão fechados”, disse à Globo Rural. “Se considerarmos só a pecuária, temos cerca de 2 milhões de produtos que só podem ser adquiridos nestes estabelecimentos”.
Bolis afirma que os pecuaristas só não terão problemas se tiverem medicamentos estocados na fazenda, o que nem sempre é viável. “Há criadores que têm os medicamentos estocados, como lotes de vacinas, mas a maioria dos criadores não tem como armazenar grandes quantidades destes produtos”, explica Bolis, que é médico veterinário, citando medicamentos de utilização constante ou emergenciais. “O MAPA já se mostrou muito sensível à questão e nomeou um interlocutor (o Professor Sérgio De Zen, assessor para assuntos técnicos da Ministra Tereza Cristina) para resolver esse problema”, disse.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Agricultura informou que está tomando providências cabíveis para resolver o problema, mas não detalhou as medidas até o fechamento desta reportagem.
Febre aftosa
No Rio Grande do Sul, o governo estadual anunciou, em fevereiro, que a campanha de vacinação contra a febre aftosa, que tradicionalmente tem início no mês de maio, seria antecipada para a primeira quinzena de março. A decisão, segundo o Secretário de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, Covatti Filho, foi tomada para que as indústrias de produtos de saúde animal pudessem atender a demanda da região até o início de abril, para que o Estado pudesse mudar o status sanitário para uma “zona livre de aftosa sem aftosa”.

Data de Publicação: 30/03/2020 às 09:40hs
Fonte: Globo Rural


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