quarta-feira, 30 de julho de 2014

Incentivos vão de safra a maquinário

No início deste mês, o governo federal anunciou o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) para 2014/2015, que começou em 1º de julho e segue até 30 de junho de 2015 Nele, estimam-se R$ 156 bilhões em recursos para a produção agropecuária, uma alta de 14,7% em relação aos recursos destinados à safra encerrada em junho de 2014. Deste valor, R$ 112 bilhões são destinados para financiamentos de custeio e comercialização e R$ 44,1 bilhões para os programas de investimento - aumento de R$ 14,4 bilhões e R$ 5,7 bilhões, respectivamente, em relação à safra anterior. Além do aumento do valor disponibilizado para financiamento, acompanhando o aumento da produção, Rafael Ribeiro, zootecnista e consultor da Scot Consultoria, destaca outros aspectos do plano. "Incentivos a armazenagem e logística também são destaques, tendo em vista a situação da infraestrutura nacional. O plano também aponta a manutenção do apoio ao médio produtor, através de linhas específicas", analisa Ribeiro. "Com relação à pecuária, o plano dará mais incentivos aos pecuaristas, através do financiamento de ações para engorda de animais e aquisição de matrizes e reprodutores. De volta à agricultura, destaco também a redução dos custos para a contratação do seguro rural, lembrando as interferências negativas do clima nas últimas safras", complementa o consultor. Mas nem tudo foi satisfatório. "A taxa de juros de custeio, porém, aumentou neste plano, ficou em 6,5%", ressalta. Na safra 2012/2013, que teve 193 milhões de toneladas em produção, a soja foi mais uma vez o carro-chefe e promete se manter assim nesta safra, que tem previsão de bater a produção de 200 milhões de toneladas de grãos. O milho, algodão e trigo também ocupam lugar de destaque. "Foi uma safra relativamente boa, tanto em produção como em relação à rentabilidade e que as principais culturas tiveram rentabilidades positivas", analisa Seneri Paludo, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O zootecnista e consultor Ribeiro compartilha da mesma opinião. "Mesmo com a estiagem no começo do ano, as produtividades médias foram boas", diz. Em relação à soja, os preços caíram, mas ainda assim a cultura apresenta bons resultados econômicos e boa rentabilidade comparativamente. Já o milho teve um cenário mais complicado, com margens menores para os produtores. Foi bom para quem precisou comprar milho e soja neste ano, com preços mais baixos agora em junho e julho", analisa. "Em relação a este recorde de produção, estamos olhando muito de perto, porque tem cenário de retração de preços tanto no mercado interno como no internacional. Muito provavelmente, a próxima safra não vai ter a mesma rentabilidade para o produtor rural quanto a safra passada", afirma Paludo. "No Brasil, pelo resultado econômico apresentado, a soja deverá seguir, no mínimo, com ligeiro crescimento da área plantada em 2014/15, em relação à safra anterior. A área da cultura deverá crescer principalmente sobre áreas de pastagens e também milho de primeira safra. A expectativa, porém, é de preços mais baixos para o grão, considerando um cenário de clima favorável e maior disponibilidade mundial. Para o milho pode ser um ano de preços mais firmes, pela redução da área na safra de verão ou primeira safra (previsão)", detalha o consultor. O secretário de Política Agrícola faz três destaques do plano de incentivo do governo para a safra 2014/2015: linhas específicas para pecuária de corte, inclusão da Política Nacional de Florestas Plantadas no escopo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o programa de armazenagem. Sobre o custeio pecuário, existem dois objetivos: admitir o financiamento para a aquisição de animais para engorda em sistema de confinamento e o de retenção de matrizes, no âmbito dos Recursos Obrigatórios, de maneira a evitar o descarte precoce das mesmas e, consequentemente, o comprometimento da oferta de animais para abate no médio e longo prazos, com prazo de até três anos para pagamento. Um dos programas de investimento inclui aumentar o limite de financiamento para R$ 1 milhão por beneficiário, ao amparo de Recursos Obrigatórios, para a aquisição de matrizes e reprodutores. O prazo para pagamento é de cinco anos, incluindo dois anos de carência. "A lógica de fazer este processo de aplicação específica na pecuária de corte é a análise das três últimas décadas, quando a produção no Brasil de aves subiu mais de 70%; a de suínos, 24%; e a de bovinos, 19%. Assim, entendemos que tinha que ter programas específicos para esta linha", afirma Paludo. Outro ponto ressaltado pelo secretário foi a Política Nacional de Florestas Plantadas entrar no escopo do Mapa. Entre as ações previstas para estimular o setor, estão investimentos em pesquisa, assistência técnica e extensão rural, além de crédito específico para fomentar a prática - como já ocorre atualmente pelo Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), que financia em até 15 anos - sendo seis anos de carência - a implantação e manutenção de florestas comerciais. E, ainda, o programa de armazenagem, que prevê a construção, por exemplo, de armazéns. "Foi sucesso no plano da safra passada e pretendemos manter bem forte para este ano. A previsão de investimentos é a manutenção dos R$ 3,5 bilhões, mas provavelmente vai ter demanda maior que a oferta de novo", diz Paludo. Outra novidade do PAP é que o Moderfrota foi revitalizado, com taxas de juros reduzidas de 5,5% para 4,5% e voltando a financiar a aquisição de máquinas agrícolas novas. Além disso, o Moderinfra teve aumento dos limites de créditos individuais de R$ 1,3 milhão para R$ 2 milhões e coletivos de R$ 4 milhões para R$ 6 milhões para projetos de infraestrutura elétrica e para a preservação de água, além dos sistemas de irrigação nas propriedades. Em relação ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), proposta em que o governo atua por meio da redução de custos no momento da contratação da apólice, os recursos foram mantidos em R$ 700 milhões, volume suficiente para alcançar cerca de 10 milhões de hectares e mais de 80 mil produtores. Neste ano, ajustes serão feitos no zoneamento agroclimatológico, de maneira a torná-lo o mais aderente possível à realidade dos cultivos agrícolas do país. Data de Publicação: 30/07/2014 às 11:10hs Fonte: DCI

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