quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Dólar sobe 48% em 2015, maior alta anual em quase 13 anos

30/12/2015 17h01 - Atualizado em 30/12/2015 19h17

Dólar sobe 48% em 2015, maior alta anual em quase 13 anos

A moeda norte-americana subiu 1,83%, a R$ 3,948 para venda.
Já a Bovespa fechou no vermelho e termina 2015 com queda anual de 13%.

Do G1, em São Paulo
dolar VALE (Foto: G1)
O dólar fechou em alta nesta quarta-feira (30), numa sessão marcada por poucos indicadores econômicos, após a briga para a formação da Ptax e o volume reduzido acentuarem a valorização da moeda norte-americana na última sessão regular do ano.
Em 2015, a moeda subiu 48,49% sobre o real. Segundo a Reuters, foi o maior avanço anual em 13 anos. Em 2002, o dólar subiu pouco mais de 50% em relação ao real. Em dezembro, a alta da moeda foi de 1,58%.
A moeda norte-americana subiu 1,83%, a R$ 3,948 para venda. Veja cotação do dólar hoje.

Acompanhe a cotação ao longo do dia:
Às 9h09, caía 0,2%, a R$ 3,8688.
Às 9h49, subia 0,4%, a R$ 3,8924.
Às 11h10, subia 0,31%, a R$ 3,8889.
Às 11h19, subia 0,77%, a R$ 3,907.
Às 12h, subia 0,67% a R$ 3,9029.
Às 13h, subia 2,41%, a R$ 3,9705.
Às 13h39, subia 2,67%, a R$ 3,9806.
Às 14h42, subia 3,15%, a R$ 3,9991.
Às 16h12. subia 2,2%, a R$ 3,9622.
A Ptax, taxa calculada pelo Banco Central que serve de referência para uma série de contratos cambiais, fechou a R$ 3,9048 para a venda.

"Acabando a Ptax, o mercado seguiu o cenário doméstico complicado", disse à Reuters o especialista em câmbio da Icap, Ítalo Abucater. "O (lado) técnico não mudou, o cenário é ruim e o dólar para o primeiro trimestre segue a trajetória de alta", completou.
dolar (Foto: G1)
Muitos operadores estão afastados das mesas entre os feriados do Natal e do Ano Novo. Por isso, as cotações têm ficado particularmente sensíveis a operações pequenas. "Como tem poucos 'trades' no mercado, fica mais fácil (para mexer as cotações)", afirmou à Reuters o operador da uma corretora nacional, acrescentando que pelo fato de ser o último pregão do ano, muitos investidores trabalhavam para puxar os preços.
Cenário interno
Os investidores seguiam atentos à situação fiscal do país. Nesta tarde, a Secretaria do Tesouro Nacional informou que quitou todas as pedaladas fiscais neste ano.
dolar (Foto: G1)
"A gente já sabe que vai ter esse acerto... É previsível que tenha déficit grande este ano e isso precisa ser ajustado para não ter o mesmo problema no ano que vem", disse à Reuters o gerente de câmbio da TOV Corretora, Reginaldo Siaca.
O mercado tem reagido com força às incertezas políticas e fiscais no país, temendo que a presidente Dilma Rousseff volte atrás e afrouxe o compromisso com o ajuste fiscal diante da pressão de seu impeachment no Legislativo. Essa percepção foi fortalecida recentemente pela substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda.
O dólar em 2015
A moeda norte-americana subiu 48,49% sobre o real neste ano, considerando a cotação de fechamento de 30 de dezembro de 2014, de R$ 2,6587. Segundo a Reuters, esta foi a maior alta anual desde 2002, quando o dólar subiu mais de 50% no ano por incertezas do mercado envolvendo a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Variação anual do dólar
2008
alta de 31,9%
2009
queda de 25,5%
2010
queda de 4,1%
2011
alta de 12,6%
2012
alta de 8,9%
2013
alta de 15,3%
2014
alta de 12,78%
2015
alta de 48,49%
Este também foi o quinto ano consecutivo de avanço do dólar em relação ao real, com alta acumulada no período de cerca de 137%, ainda de acordo com a Reuters.
 O dólar começou 2015 abaixo dos R$ 3. Passou esse patamar na cotação de fechamento pela primeira vez em março, quando, no dia 5, terminou a sessão cotado a R$ 3,0115. Na ocasião, foi a primeira vez que o dólar fechou acima de R$ 3 desde 2004.
Em setembro, fechou acima do patamar de R$ 4 no dia 22, cotado a R$ 4,0538. Foi a primeira vez que o dólar fechou acima de R$ 4 na história. Na sessão seguinte, fechou no maior valor da história, a R$ 4,1461. Ao todo, a moeda fechou acima dos R$ 4 por seis vezes neste ano.
Expectativas para 2016
Economistas ouvidos pelo G1 esperam que em 2016 o câmbio continue volátil, mas não apontam possibilidade de o dólar voltar a patamares mais baixos.
"O câmbio vai continuar extremamente volátil para cima e para baixo. Se a gente chegar a um equilíbrio econômico, tende dar uma equilibrada num patamar um pouco abaixo do que estamos hoje. Porém, quanto mais tempo demorar para isso acontecer, menor vai ser a redução entre a taxa que estiver vigorando e a taxa que vai vigorar depois do equilíbrio – ou seja, o dólar vai cair menos", explica o professor Tharcisio Souza Santos, das Faculdades de Economia e de Administração da FAAP.
"Eu não espero nenhum absurdo de subida a não ser que aconteça uma desgraça completa", acrescenta Santos.
o câmbio de 2015 apenas corrigiu a inflação de 1994 até agora, a dos EUA menos a do Brasil"
Judas Tadeu Grassi Mendes, da EBS Business School
Pedro Rossi, Professor da Unicamp e diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica, cita ainda como fator que tende a deixar o câmbio volátil em 2016 o cenário internacional, com o mercado de olho no ritmo do aperto monetário nos Estados Unidos após a primeira subida da taxa de juros em quase uma década.
"A situação internacional não se definiu, a política americana ainda não está claramente definida nos seus objetivos", diz. "A incerteza com relação a esse movimento de juros internacional provavelmente vai ditar uma volatilidade grande na taxa de câmbio."
O professor Judas Tadeu Grassi Mendes, da EBS Business School, afirma que "o dólar não subiu muito em 2015, e sim voltou ao equilíbrio". "O câmbio de 2015 apenas corrigiu a inflação de 1994 até agora, a inflação dos Estados Unidos menos a do Brasil."
Bovespa fechou no vermelho
A bolsa fechou no vermelho no último pregão do ano, com queda de 0,7% nesta quarta-feira, aos 43.349 pontos. No ano, a Bovespa caiu 13,31%. Foi a terceira desvalorização anual seguida. A perda anual de 2015 é bem maior que a anterior - em 2014, a Bovespa teve desvalorização de 2,91%. Já em 2013, a queda anual da bolsa foi de 15,5%, na ocasião a maior desde 2011.

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