sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Decisões do governo prejudicam mercado nacional do trigo

Decisões do governo prejudicam mercado nacional do trigo




Decisões do governo prejudicam mercado nacional do trigo
24/02/17 - 10:52 

Na avaliação do analista sênior da Consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco, “dois problemas graves” rondam o mercado de trigo neste momento: o novo decreto sobre as micotoxinas e as adequações dos percentuais de ICMS. “Ambas tem (terão) repercussões graves sobre o mercado de trigo e ambas favorecem claramente os trigos importados contra o trigo brasileiro”, alerta.
Segundo ele, com um nível máximo de 1.000 ppm (partículas por milhão) qualquer pequena doença que se abater sobre o trigo vai inviabilizar o seu uso no Brasil, abrindo portas para a maior utilização do trigo importado em nome da qualidade. Técnicos consultados informam que as exigências foram exageradas, mas, aparentemente, os limites máximos tolerados para micotoxinas em alimentos (LMT) atendem metodologias e critérios de estudo já estabelecidos pelo Codex Alimentarius, adotado pela Anvisa. 
“A vigilância sobre a produção terá que ser redobrada no Brasil, sob pena de ser recusada para consumo humano e sua venda só for permitida para consumo animal, com fortes consequências sobre os preços e sobre a lucratividade do produtor. Com isto, ou o Brasil melhora sensivelmente a qualidade do seu trigo ou vai vender o que produzir para virar ração no exterior”, projeta Pacheco.
Em segundo lugar, o especialista aponta o risco inerente das novas alíquotas do ICMS, que terá como consequência o aumento das compras de trigo importado também pelos moinhos da região Sul – maior produtora de trigo do país. De acordo com ele, a medida por inviabilizar a comercialização da produção local, porque encarece em 8% o preço do trigo, sem direito a créditos compensatórios. Enquanto isso, explica ele, os preços dos trigos importados dos países do Mercosul entram no Brasil sem pagar nenhum imposto e com frete (marítimo) menor do que os fretes rodoviários locais.
Contudo, Pacheco ressalva que estas duas operações também têm um lado positivo: “Se, e quando o Brasil conseguir se adaptar, irá melhorar consideravelmente os seus custos e a sua qualidade, tornando-se também um potencial fornecedor de produto para exportação (quando também puder garantir regularidade no fornecimento, é claro). Este confronte com os trigos importados, mais baratos, deve resultar em estudos e atitudes para baratear a produção local, adequando os nossos custos aos níveis internacionais”.

Agrolink
Autor: Leonardo Gottems

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