quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Inverno terá área recorde sem qualquer cultivo


Soja

Inverno terá área recorde sem qualquer cultivo


Apenas parte dos produtores que não conseguirão plantar safrinha pretende migrar para trigo ou aveia
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Publicado em 31/01/2018 às 17:02h.
Em alguns municípios já é possível ver as colheitadeiras no campo. Colhem o que produziu a lavoura de soja, prejudicada com a estiagem na época do plantio, seguida de intensas chuvas. Em outros casos, os produtores nem sequer pensam em tirar a oleaginosa, para evitar mais prejuízo.
O forte da colheita começa só na segunda quinzena de fevereiro, quando mais da metade da produção regional já deveria estar nos silos e nos armazéns. Ocorre que na maioria dos municípios do oeste o zoneamento para o plantio do milho safrinha se encerra no dia 28 do próximo mês. E, sem conseguir respeitar o zoneamento, muitos produtores deverão manter as áreas vazias no próximo período.
O que uma cultura tem a ver com a outra? Tudo! Segundo a economista Jovir Esser, do Deral (Departamento de Economia Rural) do Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel, nos 28 municípios de abrangência da regional a redução de área do milho safrinha pode chegar a 22%, baixando de 377,5 mil hectares para 295 mil hectares. A expectativa inicial era de que essa área fosse ocupada por trigo, mas tudo indica que isso não deve se confirmar. “Um pouco dessa área certamente vai para o trigo, mas boa parte dos produtores vai cultivar aveia ou até mesmo deixar a área em pousio [descanso ou repouso proporcionado às terras cultiváveis], sem nada em cima”, destacou.
Motivos
A principal justificativa para que isso ocorra está pautada na intensa degradação do solo. Com diversas áreas que já vinham com inúmeros sinais de compactação, a situação piorou muito com a chuvarada registrada no mês de outubro de 2017, quando houve mais de 900 milímetros no acumulado regional para aquele mês, e agora, em janeiro, quando parte dos municípios da região deverá fechar o ciclo com mais de 400 mm de precipitação.
A mesma chuva que atrasa a cultura da soja é a que tem potencializado os danos: “São muitas áreas com erosão, então muitos produtores deverão deixar a terra descansar para só depois voltar com o próximo cultivo”.
Em toda a região oeste, considerando também o núcleo regional da Seab de Toledo, com cobertura em 20 municípios, a expectativa é para que mais de 200 mil hectares se dividam entre áreas ociosas, para a aveia ou para o trigo na safra de inverno. “A área com trigo certamente vai aumentar, mas ainda não temos a projeção. O que se sabe é que a maioria não deverá migrar para ela”, adianta a economista.
Colheita da soja
Nem 1% dos mais de 1 milhão de hectares destinados na região para a soja na safra 2017/2018 foi colhido ainda. Segundo a economista Jovir Esser, alguns produtores beira lago de Itaipu começaram a colher, principalmente nas regiões de Missal e Itaipulândia. Ainda com uma realidade incerta quanto aos danos, o que se pode diagnosticar é que haverá perdas, só não se pode precisar de quanto serão. “Há produtores que colheram 100 sacas por alqueire e há quem colheu 180 sacas. Por isso ainda é muito incerto. Sabemos que existem perdas, mas elas só poderão ser precisadas no fim da colheita”, destacou.
Jovir lembra ainda que alguns produtores na região de Cascavel até iniciaram a remoção da soja do campo, mas retiraram as máquinas e vão aguardar mais alguns dias. Isso porque há excesso de umidade e os grãos não estão em perfeita formação. Esses produtores deverão voltar para o campo nos próximos se as condições climáticas contribuírem. A previsão inicial de produção era de 4 milhões de toneladas na região. Por enquanto, a previsão é de que as chuvas deem uma trégua por pelo menos uma semana.

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