Publicado em 30/09/2019 14:57
BRASÍLIA (Reuters) - A dívida bruta do Brasil subiu 0,8 ponto em agosto sobre julho, ao patamar recorde 79,8% do Produto Interno Bruto (PIB), numa mostra do persistente desequilíbrio fiscal apesar dos ajustes econômicos implementados até aqui.
Em pesquisa Reuters, a expectativa era de que a dívida bruta passaria a 79,3% do PIB.
Segundo o Banco Central, a alta ocorreu principalmente pela incorporação dos juros nominais no período (+0,5 ponto percentual) e pelo ajuste decorrente da desvalorização cambial (+0,4 ponto percentual).
Em agosto, o dólar teve alta de 8,50%, maior nível de encerramento mensal desde setembro de 2015, num período marcado por grande volatilidade nos mercados domésticos de câmbio, tendo de pano de fundo as disputas comercias entre EUA e China, as incertezas político-econômicas na Argentina, além das novas atuações do Banco Central no mercado com leilões de swap reverso e venda de dólar à vista.[nL2N25Q1DT]
O BC também apontou que as emissões líquidas de dívida contribuíram com 0,1 ponto para expansão da relação dívida bruta/PIB em agosto, ao passo que o crescimento do PIB nominal atuou no sentido contrário, com redução de 0,3 ponto percentual.
Com despesas consistentemente acima das receitas, o país não tem conseguido economizar para pagar os juros da dívida pública, razão pela qual a dívida bruta segue em trajetória ascendente. Na média de países emergentes, o indicador é bem mais comportado, respondendo por cerca de 50% do PIB.
Em relação à dívida líquida brasileira, houve diminuição de 1 ponto em agosto sobre julho, a 54,8% do PIB, ante expectativa de analistas de 55,6%. Ao contrário da dívida bruta, a dívida líquida incorpora as reservas internacionais. Com o real mais fraco, as reservas, que são denominadas em dólar, acabam valendo mais em reais, contribuindo para melhoria do dado.
RESULTADO PRIMÁRIO
Em relação ao resultado primário, o setor público consolidado brasileiro registrou um déficit de 13,448 bilhões de reais em agosto, apontou o BC, abaixo do rombo de 16,7 bilhões de reais visto pelo mercado.
O dado foi puxado principalmente pelo rombo do governo central (governo federal, BC e Previdência), de 16,459 bilhões de reais no período. Na semana passada, o Tesouro divulgou que o déficit primário do governo central havia vindo melhor que o esperado, ajudado principalmente por um recuo nas despesas na comparação com o mesmo mês do ano passado. Enquanto isso, os governos regionais ficaram superavitários em 2,657 bilhões de reais em agosto, enquanto as empresas estatais entregaram um resultado positivo de 355 milhões de reais. No acumulado de janeiro a agosto, o déficit do setor público consolidado foi a 21,950 bilhões, queda de 36,7% sobre um ano antes. Em 12 meses, o rombo primário chegou a 95,508 bilhões de reais, equivalente a 1,36% PIB. Para o ano, a meta é de um déficit de 132 bilhões de reais, sexto resultado consecutivo no vermelho.
(Por Marcela Ayres; Edição de Isabel Versiani)
Fonte: Reuters
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