sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Pesquisa do IPEA aponta o Centro-Oeste como a região mais positiva com relação ao amanhã

Pesquisa do IPEA aponta o Centro-Oeste como a região mais positiva com relação ao amanhã 02/11/2013 00h03 No Centro-Oeste do Brasil está o maior otimismo e O tempo move as transformações da vida e, com o passar dos anos, também muda nossa percepção de felicidade. E como seria esse sentimento na transição entre a infância e a fase adulta? Para responder a essa pergunta, o Globo Repórter foi à região do país campeã em felicidade futura. No Centro-Oeste do Brasil está o maior otimismo em relação ao amanhã, graças a uma fonte incessante de sonhos: a da juventude. Como você vai estar daqui a cinco anos? Essa foi a pergunta feita na pesquisa do IPEA, que apontou o Centro-Oeste como a região mais positiva com relação ao amanhã. De 0 a 10, a nota para a felicidade futura foi 8,76. “O que ajuda muito a felicidade futura é a idade. Os jovens são mais positivos quanto ao futuro do que as pessoas de meia idade ou os idosos”, afirma Marcelo Neri, presidente do IPEA. Anápolis, Goiás, 340 mil habitantes. Um terço da população com menos de 29 anos e apenas 4% maiores de 60. Essa é uma das cidades da região líder em felicidade futura. Terra de oportunidades, com mais de 150 indústrias. A maioria do setor farmacêutico, onde trabalha Juliana Rodrigues, de 21 anos, talento precoce do hospital municipal da cidade. “Com 20 anos eu já formei e consegui esse emprego aqui, em um concurso da prefeitura, e já comecei a trabalhar”, afirma Juliana Rodrigues, farmacêutica. Como Juliana, a maioria das colegas de trabalho é jovem, tem menos de 26 anos e muita confiança nas oportunidades. “A gente que ter casa própria, quer ter um carro, quer poder viajar, poder dar uma vida melhor para os pais. Acho que todo mundo pretende isso no futuro”, diz Misnay Francielly de Jesus Souza. David, de 23 anos, é locutor e promotor de eventos. Para ele, felicidade futura é alcançar prosperidade no lugar em que tem orgulho de viver. “Tem emprego, tem ensino, tem diversão, se balançar o pé de jabuticaba cai uma dupla sertaneja, 15 mulheres bonitas e um monte de oportunidade atrás. Então, é isso”, afirma David Dourado, locutor. Já a farmacêutica Juliana faz mestrado nessa área e ainda passa horas estudando para concursos públicos. “Daqui a cinco a dez anos, eu quero ter montado minha própria drogaria, quero continuar estudando, pretendo passar em um concurso de perícia criminal, e também quero casar, ter meus filhos, constituir minha família. Estar ao lado das pessoas que eu amo. Esse é meu projeto de felicidade”, diz Juliana. “Muito da felicidade é você estar caminhando para um objetivo. Às vezes, mais até do que alcança-lo”, explica Eduardo Giannetti, cientista social e escritor. Os jovens do Centro-Oeste ajudaram o Brasil a conquistar sete vezes a marca de campeão mundial da felicidade futura. Em nenhum lugar do mundo, existe povo mais otimista de que dias melhores estão a caminho. “A felicidade futura está vindo. Está aqui. Vai completar nosso quebra-cabeça”, diz acariciando a barriga da mulher. Otimismo no amanhã não significa abrir mão dos bons momentos no presente. Na agitada noite goiana, David e Juliana celebram a vida. Lá, ninguém precisa esperar o futuro para ser feliz. Mas, será que eles vão estar nesse pique quando passarem dos 60? Seu Ademir, 62 anos, e dona Aparecida, de 64 anos, têm folego de adolescente no salão. “Esqueço da filho, esqueço de neto, esqueço dele, esqueço tudo”, diz Aparecida Flechman, aposentada. O show de vitalidade é recomendação médica internacional. Pelo menos 150 minutos de atividade física por semana. Eles reforçam a tese de uma pesquisa do departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Campinas: a felicidade nesta fase da vida está muito ligada a atividade e saúde. “Nós vimos uma relação bem grande do menor tempo de felicidade naquele idoso que apresenta mais doenças crônicas. Impacta vários aspectos da vida, da saúde, inclusive essa questão da saúde mental, na questão da felicidade. O sentimento da felicidade está presente seis vezes mais naquele idoso que percebe sua saúde como muito boa, em relação àquele idoso que percebe como muito ruim. Então, existe uma forte relação entre a auto-avaliação de saúde e o sentimento de felicidade”, afirma Margareth Guimarães Lima, doutora em saúde coletiva. O trabalho investigou a qualidade de vida de 1,5 mil idosos do estado de São Paulo. 80% dos entrevistados tinham pelo menos uma doença crônica. Mas, só quando ela virou obstáculo para atividades, interferiu na felicidade. Outros fatores também pesaram na satisfação com a vida. “Os idosos viúvos, eles têm um menor tempo de felicidade em relação aos casados. E os idosos que não têm uma ocupação, não trabalham, também apresentam menor tempo de felicidade. Quem é mais ativo é mais feliz. Ativo no trabalho e, por outro lado, ativo fisicamente em atividade física, como detectou nosso estudo”, explica Margareth Guimarães Lima. Ela era viúva e deu um novo ânimo à vida com um relacionamento. Globo Repórter: Ele é ativo, a senhora é ativa também, então vocês dois combinam? Aparecida: De vez em quando briga, mas é coisa de casal, Ademir Gimenez, aposentado: Combina. Mas já brigamos por causa de ciúme. Os dois têm pressão alta. Mas isso não é obstáculo para engordar o orçamento nos finais de semana. O casal organiza festas. Ele na cozinha e ela como garçonete. “Minha aposentadoria é até razoável. Eu faço isso porque gosto também do povo”, diz Margarida. Manter uma atividade remunerada mesmo após a aposentadoria faz o idoso se sentir útil e aumenta o nível de felicidade, de acordo com a pesquisa da Unicamp. Seu Ademir é aposentado há cinco anos, mas não abandonou o emprego na limpeza pública. “Ficar parado a gente trava tudo. Os nervos ficam travados. E outra, trabalhando você movimenta mais, conhece novas pessoas, a cabeça agita mais”, diz Ademir. O ambiente de trabalho é um lugar para onde ele não pretende ir em definitivo. Globo Repórter: O senhor trabalha no cemitério mas não quer vir pra cá tão cedo, não é? Ademir: Não. Isso não. Vamos dançar bastante. Viver a vida. “As pesquisas científicas, elas têm avançado neste tema, porque elas têm encontrado uma grande relação dos sentimentos positivos, da felicidade, do bem estar com a menor mortalidade precoce, com a menor presença de doenças, com a menor presença de incapacidade nos idosos”, ressalta Margareth. Para o poeta Mario Quintana, só existe uma idade para o encantamento com a vida: o presente. Sempre é tempo de ser feliz. tópicos: Anápolis, Campinas, Goiana, IPEA, Unicamp

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