sábado, 31 de janeiro de 2015
Avicultores de MT temem aumento de custos com energia elétrica mais cara
31/01/2015 15h46 - Atualizado em 31/01/2015 15h46
Avicultores de MT temem aumento de custos com energia elétrica mais cara
Aumento é determinado por cor da bandeira tarifária na conta de energia.
Produtores esperam que empresas compradoras aumentem preço ofertado.
Do G1 MT
Os criadores de frango estão preocupados com o aumento da energia elétrica por causa do sistema de bandeiras tarifárias e o quanto isso pode impactar no custo de produção.
O produtor Antônio Versiano Neto tem três aviários com 20 mil frangos cada um. Para manter a temperatura ideal dentro das estruturas, entre 25 e 30 graus, são usados ventiladores e nebulizadores movidos a energia elétrica, que também alimenta o motor que puxa a ração do silo para o local onde as aves comem.
“Hoje estamos com cerca de 62 ventiladores, quatro bombas e mais oito motores que puxam ração. Tudo isso consome energia e, dependendo da época, consome até quase que 24 horas contínuo”, conta.
As aves já estão com 40 dias, perto do ponto de abate. É nessa fase que os gastos com energia são maiores. “Nessa fase, agora que o frango está adulto para manter a ambiência, a climatação, o consumo é muito elevado. Você tem que nebulizar, ventilar e alimentar os comedores através da ração. Então o consumo eleva bastante”, comenta.
Quando recebeu a última conta de energia, o criador ficou assustado, pois o valor era acima de mil reais. Segundo ele, em 13 anos na atividade, a fatura nunca veio tão cara. Normalmente, não passa da metade disso. Ele já está preocupado com a próxima conta e com o impacto nos custos de produção.
“Nós ainda não sabemos qual é a dimensão que vai repercutir no aumento, mas com certeza vai aumentar consideravelmente o custo de produção. Se persistir esse aumento, vai aumentar consideravelmente”, afirma.
O aumento sentido pelo produtor é reflexo do sistema de bandeiras tarifárias, que entrou em vigor este ano. Funciona assim: a bandeira verde indica que a região se encontra em condições favoráveis de geração de energia, ou seja, que o reservatório da usina hidrelétrica está cheio. Neste caso, a tarifa não sofre nenhum acréscimo. Já a amarela aponta condições menos favoráveis de geração de energia. A tarifa sofre aumento de R$ 1,50 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.
E se a bandeira estiver vermelha, significa que o reservatório está baixo. O custo de geração de energia é maior e o repasse para o consumidor também, pois ganha um acréscimo de R$ 3 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.
O novo modelo de cobrança também preocupa outro criador. João Zanata recebe duas contas porque tem dois medidores na fazenda. As duas últimas tarifas que chegaram ainda não trouxeram indicação de bandeira, mas o avicultor já percebeu um aumento. “Em janeiro, paguei R$ 931 de energia. O consumo ano passado nunca passou de R$ 600, R$ 700 por lote, não é por mês não. E hoje nós estamos pagando aqui mais de R$ 1,4 mil, R$ 1,5 mil por lote”, diz. O ciclo de cada lote dura 45 dias.
Para manter os dois galpões que tem na propriedade, Zanata gastava em média R$ 500 de energia por mês. Agora, com a conta mais cara por causa das bandeiras tarifárias, ele acredita que essa despesa vai aumentar ainda mais, de 10% a 12%. “Estamos preocupados porque ela impacta bastante na despesa do avicultor. Nós trabalhamos já numa atividade de renda baixa e as coisas sobem. O salário mínimo subiu, o óleo diesel subiu, subiu praticamente tudo, e sobe a energia mais do que as outras coisas. É uma preocupação para o avicultor”, comenta.
Hoje a empresa integradora, que compra e abate essas aves, paga aos criadores em torno de R$ 0,60 por frango. O produtor espera que esse valor também seja reajustado em fevereiro, para que os ganhos sejam suficientes para cobrir os custos de produção e ainda consigam lucrar. Mas, por enquanto, isso é somente uma expectativa.
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Mato Grosso
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