sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Curtumes esperam ano “bem difícil” em 2015
Mercado externo enfraquecido e demanda doméstica cada vez maior para produtos sintéticos estão entre as preocupações
A indústria brasileira de couro deve enfrentar uma situação de mercado “bem difícil” em 2015. A afirmação é do presidente executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), José Fernando Bello. A expectativa de menor ritmo externo e falta de perspectiva de melhora no mercado doméstico justificam a avalia que, segundo ele não é pessimista, mas realista.
Com relação às exportações, a expectativa do setor é pelo menos manter os níveis do ano passado, quando o faturamento do setor chegou a US$ 2,93 bilhões, um crescimento de 17,8% em relação ao ano anterior. O que não deve ser tarefa simples, considerando, por exemplo, que os preços internacionais estão mais baixos.
Segundo Bello, um pé quadrado – medida adotada pelo mercado internacional que equivale a 0.09 metro quadrado – de couro na fase wet blue custava em torno de US$ 2,08 em novembro de 2014. Atualmente, está em torno de US$ 1,90. As cotações mais elevadas no ano passado possibilitaram um faturamento maior mesmo com a queda de 3% no número de couros embarcados, explica o executivo.
“O mercado vinha bastante demandado até outubro do ano passado e de lá para cá deu uma freada. A taxa de câmbio deu uma mão, mas não pode cair mais”, afirma, lembrando que a indústria brasileira exporta para mais de 90 países.
Bello lembra também que há menor atividade econômica nos dois principais clientes dos curtumes brasileiros: China e a Itália. No ano passado, o mercado chinês respondeu por 28% das vendas externas de couro brasileiro e os italianos por outros 14,4%. “Há sinais de menos compras. O cenário internacional, de um modo geral, está em compasso de espera”, alerta.
Sobre o mercado interno, não há expectativa de melhora, segundo o presidente executivo do CICB. A indústria calçadista, por exemplo, deve manter a tendência de migração para materiais sintéticos, com forte impacto sobre a demanda pelo produto. Atualmente, apenas 15% dos calçados produzidos no Brasil são em couro. “O consumo interno vem caindo. Não há sinais de melhoria em quantidade nem em incremento do uso de couro”, diz ele.
Data de Publicação: 30/01/2015 às 15:30hs
Fonte: Globo rural
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