segunda-feira, 18 de junho de 2018

Arroz plantado na lama da Samarco tem menos nutrientes

ESTUDO

Arroz plantado na lama da Samarco tem menos nutrientes


As plantas produzem menos e têm raízes menores
Por:  -Leonardo Gottems 
Publicado em 18/06/2018 às 09:34h.
Resultados preliminares de um estudo recente mostram que o arroz cultivado na lama com resíduos da mineradora Samarco é mais pobre em nutrientes, porém apresenta um baixo nível de toxidade. A pesquisa foi realizada pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade Federal do ABC (UFABC).
O experimento observou que plantas em desenvolvimento na lama da Samarco produziam menos e tinham raízes menores em relação ao arroz cultivado em outros ambientes. Segundo Bruno Lemos Batista, professor do Centro de Ciências Naturais e Humanas da UFABC, o excesso de lama foi o ponto principal no baixo desenvolvimento. "Essa foi uma forma de verificar se a lama poderia contaminar os grãos. O excesso de lama durante o cultivo reduziu o crescimento das raízes e o rendimento dos grãos”, explica.
De acordo com o professor, o resultado foi melhor do que o esperado pela equipe de pesquisa. Notou-se que o arroz, uma planta conhecida pelo acúmulo de substâncias tóxicas, produziu grãos com baixos níveis de arsênio (As), cádmio (Cd) e chumbo (Pb), em contrapartida, mostrou-se deficiente em clorofila e carotenoides.
Em relação às condições agronômicas, Batista afirma que o cultivo de arroz no local é possível, desde que ocorra uma adubação da terra com matéria orgânica e seja utilizado solo sedimentar. O especialista também acredita que o fato de não terem encontrado metais tóxicos nos grãos pode ser determinante para que, com a devida correção de solo, a área seja cultivada e reflorestada.
As pesquisas do grupo foram apoiadas com recursos Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Os primeiros dados coletados sobre metais tóxicos na lama já estão publicados desde 2016 na Environmental Pollution, os mais novos, estão na revista Chemosphere de fevereiro de 2018.

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