Publicado em 27/09/2019 13:35
Representantes dos cinco países assinaram documento ao final do encontro de dois dias em Bonito (MS)
Ao final da 9º Reunião dos Ministros da Agricultura do Brics, realizada em Bonito (MS), os representantes dos cinco países assinaram a Carta de Bonito, com 27 itens que reiteram o comprometimento com a cooperação na área agrícola. Os ministros afirmaram o potencial para aprimorar a colaboração nas áreas de produção de alimentos, segurança alimentar e segurança ambiental.
“Isso pode ser alcançado por meio de boas práticas agrícolas, desenvolvendo agricultura digital e cadeias de valor para a melhor comercialização agrícola e melhoria de renda para os agricultores”, diz a carta, que trata de temas como inovação, comunicação do setor, startups, facilitação de comércio, princípios científicos, regionalização e sustentabilidade.
Segundo o documento, os países do Brics estão prontos para fortalecer os mecanismos e aprimorar a comunicação em importantes temas internacionais, como o incentivo a novas soluções para o aumento da produção de alimentos, o empreendedorismo em startups de agrotecnologia, o aumento do comércio internacional, a segurança alimentar em países em desenvolvimento e o cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Os ministros reconhecem a importância da agricultura sustentável e o papel da biotecnologia para o aumento da produtividade, usando menos terras e insumos. “Compartilhamos o compromisso de melhorar a eficiência por meio do aumento da produtividade e custos reduzidos, e de expandir o uso de sistemas integrados e sustentáveis de produção de plantas e animais, para aumentar o uso da agricultura de precisão, irrigação e elementos da agricultura digital”.
A carta também traz o compromisso de aumentar a participação de biocombustíveis sustentáveis e outras fontes de energia renováveis na matriz energética dos países do Brics e incentivar medidas para evitar a erosão do solo, incluindo a proteção das margens dos rios com vegetação nativa. “Reafirmamos nosso compromisso com a proteção do meio ambiente e sua importância para a produção agro-alimentar”, diz a carta.
Tecnologia
Os países deverão fortalecer o intercâmbio mútuo em áreas como biotecnologia e nanotecnologia, ressaltando a importância de uma melhor aplicação das tecnologias da informação e comunicação na agricultura, a fim de construir e melhorar a adaptabilidade da agricultura às mudanças climáticas e apoiar a bioeconomia.
“Reconhecemos que, para produzir mais alimentos de maneira sustentável, a conectividade digital rural é de suma importância. Requer desenvolvimento adicional da agricultura digital e expansão da infraestrutura digital, especialmente para aproveitar todo o potencial da tecnologia da Internet das Coisas em diferentes estágios da cadeia de produção”, diz o documento.
Regras sanitárias
Os países também se comprometeram em manter regras sanitárias e fitossanitárias baseadas em princípios científicos para “proporcionar um ambiente favorável ao comércio e ao desenvolvimento tecnológico”. Outro ponto acordado foi o fortalecimento dos diálogos comerciais e para promover a implementação de normas sanitárias e fitossanitárias internacionais, com o objetivo de harmonizar os procedimentos de exportação. O documento também aborda a necessidade de discutir as diferenças entre as regras internacionais de comércio eletrônico.
Outro compromisso foi o de aprimorar a comunicação entre os cinco países para facilitar o procedimento de avaliação da aplicação da certificação nas áreas livres de pragas ou doenças. “Instamos os países a avaliar solicitações de reconhecimento de condições regionais e status sanitário ou fitossanitário, de acordo com os padrões, diretrizes ou recomendações internacionais relevantes”, diz a carta.
Alinhamento
A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) disse que houve um alinhamento dos cinco países sobre os temas básicos discutidos na reunião. Ela destacou a necessidade de promoção de novas soluções para a produção de alimentos. “Sabemos da responsabilidade que teremos de alimentar 9,8 bilhões de pessoas até 2050, sendo 3,3 bilhões dentro dos países do Brics”, disse.
A ministra também ressaltou que o comércio entre os países deve ser feito com bases científicas, e não em suposições. “Não podemos trabalhar com suposições, mas sim com bases científicas neste comércio. Isso é o que vai trazer a segurança que o nosso consumidor interno e aqueles que compram os nossos produtos precisam ter de garantias do que produzimos”, disse.
Tereza Cristina disse que todos os países têm preocupação com a sustentabilidade na agricultura. “Acho que em todos países hoje é o assunto que o momento requer, e é uma preocupação do mundo todo produzir de maneira mais sustentável, usar tecnologia e usar a ciência como base de tudo que nós vamos fazer daqui para frente”.
Segundo ela, o encontro em Bonito foi proposital para mostrar a agricultura sustentável que o Brasil desenvolve. No próximo ano, o encontro será realizado na Rússia. Os representantes de Rússia, Índia, China e África do Sul agradeceram a hospitalidade da ministra Tereza Cristina e elogiaram a iniciativa de fazer a reunião em Bonito. Eles também elogiaram a qualidade do documento final do encontro.
O vice-ministro da Rússia, Sergey Levin, destacou a importância da Carta de Bonito e disse que o documento irá guiar os trabalhos do grupo para o futuro. “A declaração abarca todas as áreas da cooperação que são importantes para os nossos cinco países”, disse.
O vice-ministro da África do Sul, Mcebisi Skwatsha, lembrou que a agricultura é fundamental para qualquer nação saudável. “Não viemos apenas dar uma contribuição, mas também aprender com esses grandes países”, disse, ressaltando que os sul-africanos amam o futebol, e por isso sempre admiraram o Brasil.
O vice-ministro da China, Taolin Zhang, lembrou que os países do Brics são muito importantes no setor agrícola e têm recursos abundantes e muita diversidade ambiental, além de um enorme potencial de cooperação. O secretário do ministério indiano, B. Pradhan, disse que os países do Brics têm conhecimento, ferramentas de pesquisa e capacidade na área de agricultura. Ele disse que o primeiro-ministro da Índia estará no Brasil em novembro.
Fonte: MAPA
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