Publicado em 04/11/2019 16:13
De acordo com relatório da Rabobank divulgado este mês, as exportações de suínos do Brasil aumentaram 12% em setembro de 2019, em comparação com o mesmo mês no ano passado. A China superou Hong Kong em matéria de importações feitas com o Brasil, que continua sendo um importante produtor de suínos, principalmente no atual momento de crise, em que a China enfrenta a peste suína africana. Os embarques também foram significantemente maiores para países como Chile, Uruguai e Rússia.
Segundo o documento, o valor de exportação de suínos subiu 9% em relação ao ano passado. A expectativa da Rabobank é de que as exportações brasileiras ainda aumentem em 17%, devido a aprovação pela China de mais plantas brasileiras para a exportação de derivados de suínos.
Para os meses que virão, a demanda internacional deve continuar a impulsionar os preços dos suínos criados no Brasil, e segundo o relatório, até pelo menos o primeiro trimestre de 2020 a China deve continuar dependente do mercado externo em matéria de carne suína. Os principais fornecedores são Espanha, Alemanha, Canadá, Brasil e Estados Unidos.
De acordo com a analista de mercado da área de suínos e aves do Cepea, Juliana Rodrigues Ferraz, apesar do cenário positivo, os produtores brasileiros seguem cautelosos em relação ao investimento em infraestrutura para aumentar a produtividade. A opção é trabalhar com a estrutura já existente, mas em capacidade máxima. "Os produtores seguem com o pé no chão, porque o ano passado foi difícil, alguns se recuperam de dívidas e o futuro de como o cenário do mercado de exportações vai se desenhar ainda é incerto. Ainda que tudo indique que deva ser promissor, o Brasil não ser o único exportador de suínos para a China", explica.
Na China, a crise na criação de suínos fez com que os preços disparassem em relação aos valores praticados em 2018: altas de 130% no atacado, 110% para o porco vivo e 100% para leitões. O recorde anterior no aumento de preços no mercado chinês foi em 2016, quando a produção de suínos caiu 5% devido a questões ambientais.
O governo da China tem feito esforços para reverter o cenário, como liberar estoques da carne suína congelada e dando subsídios à população de baixa renda para aumentar o poder de compra. Além disso, há programas para subsidiar a aquisição de equipamentos por parte dos produtores e financiamentos para que as grandes fazendas aumentem a produção. Entretanto, os preços da carne suína continuam a subir no país.
Mercado nacional
A força das vendas no mercado externo, somada ao aumento da demanda interna, ajudaram a alavancar os preços do mercado brasileiro. O último relatório divulgado pela Associação Brasileira de supermercados (Abras), que mede o consumo interno, mostrou que nos primeiros sete meses de 2019 houve um aumento de 3,4%, o maior nos últimos cinco anos, e a indústria vê os dados com otimismo devido à melhora no poder de compra da população.
Para Juliana Ferraz, há certa dicotomia no mercado de suínos, porque enquanto as exportações estão aquecidas, o consumo doméstico segue estável. "Algumas agroindústrias mais arrojadas estão investindo em infraestrutura e aproveitando a oportunidade de exportações, mas para aquelas que só atendem o mercado doméstico, o cenário não está tão favorável, já que o dólar segue em alta e favorece quem trabalha com o mercado externo". Entretanto, o consumo doméstico da carne suína deve melhorar, como de costume, devido às festas de final de ano.
As margens dos produtores brasileiros se fortaleceram, dado ao aumento nos preços e à diminuição nos custos de produção, reduzidos em 6% em comparação a 2018. No estado de São Paulo, a média do preço do porco vivo no mês de setembro fechou 33% maior em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas/Rabobank
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