terça-feira, 29 de outubro de 2013
BRF reduz oferta externa de carne de frango para elevar preço
BRF reduz oferta externa de carne de frango para elevar preço
BRF reduz oferta externa de carne de frango para elevar preço
29/10/13 - 17:51
A BRF, maior exportadora global de carne de frango, tem reduzido suas exportações do produto, com vistas a melhorar os preços, uma vez que a grande oferta tem "estragado" o mercado externo.
"A BRF vai exercer posicionamento de líder no mercado", disse o presidente-executivo da BRF, Cláudio Galeazzi, ao comentar a estratégia da empresa durante uma conferência para comentar os resultados do terceiro trimestre.
A BRF citou redução de vendas externas no terceiro trimestre especialmente para o Oriente Médio, em decorrência dos altos estoques de frango inteiro na região.
"Nós somos líderes no Oriente Médio, e em vez de puxar os preços, estávamos contribuindo para que eles caíssem", explicou.
Ele afirmou ainda que a redução da oferta da empresa no quatro trimestre é "pequena". E destacou que a companhia vai produzir de acordo com a demanda.
"Se a demanda reagir, vamos acelerar a produção", declarou Galeazzi, explicando que isso vale especialmente para o mercado externo.
O corte na oferta é previsto em 200 mil toneladas, de um total de cerca de 7 milhões de toneladas que a companhia comercializa anualmente em alimentos.
O processo de redução já começou neste ano, mas a meta é que ele seja concluído em 2014.
Questionado em entrevista após o evento sobre eventuais problemas decorrentes da redução da oferta, como perda de mercado num cenário em que se tem os Estados Unidos como grande competidor, Galeazzi disse que o país não é fornecedor tão relevante para o Oriente Médio como o Brasil.
"Eles de fato estão tendo uma safra espetacular e um aumento de produção, mas eles visam principalmente o crescimento no mercado interno e outros mercados que nós necessariamente não estamos", disse Galeazzi.
Os Estados Unidos estão em segundo na exportação de carne de frango, atrás do Brasil. O país é líder na produção de milho, insumo de maior peso no custo de produção avícola.
A BRF divulgou na segunda-feira lucro de 287 milhões de reais no terceiro trimestre, três vezes maior que um ano antes, mas abaixo da expectativa de analistas e da própria companhia.
As ações da companhia fecharam com baixa de 3,8 por cento na véspera. Nesta terça-feira, os papéis da companhia caíam 2,3 por cento às 14h48, enquanto a Ibovespa perdia 1 por cento.
MERCADO INTERNO
Sobre o mercado interno, a BRF afirmou ver dificuldades no repasse marginal de preços, segundo o diretor vice-presidente de Finanças, Administração e Relações com Investidores da empresa, Leopoldo Saboya.
Segundo ele, o preço do farelo de soja subiu muito, pressionando custos, porque as exportações do grão foram muito elevadas, deixando a oferta para processamento interno ajustada.
Ao mesmo tempo, segundo ele, os preços do milho seguem sustentados internamente, apesar da safra recorde que o Brasil teve na última temporada, encerrada em julho.
"Temos visto grande retração de grãos nas mãos de produtores, ora porque eles estão mais capitalizados, ora porque o câmbio favorece a exportação", disse. No caso do milho, ele acrescentou que os programas de apoio à sustentação do preço mínimo também contribuem para que o produtor limite as vendas.
Segundo ele, este é o cenário que está levando a empresa a um dilema na rentabilidade. "Isso está afetando nossa rentabilidade, nós estamos conseguindo manter, mas nós não conseguimos ir além, como era nosso plano", disse Saboya.
Na apresentação aos analistas, o executivo estimou que a empresa deve encerrar o ano com um crescimento nas vendas mais perto de 10 por cento, e não em até 12 por cento como inicialmente previsto.
"Nosso alívio de custo foi passageiro... Se considerarmos outros insumos importantes e até a expectativa de eventual aumento de combustíveis, a pressão inflacionária continua e talvez seja até um pouco maior", disse.
Parte do corte previsto nas vendas externas deverá ser revertido para o mercado interno, sendo direcionado para a produção de alimentos processados.
Este é justamente um dos segmentos em que a empresa pretende reforçar atuação, mas enfrenta aí outro dilema, que é a menor disposição dos compradores de aceitarem repasses de custo.
"Não precisamos fazer repasses como no ano passado, mas o fato é que estamos tendo dificuldades mesmo para repasses marginais", disse o vice-presidente.
Segundo ele, as empresas do setor, cadeias de restaurante e redes de food service estão buscando matéria-prima a um custo unitário mais baixo.
Reuters
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