quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Variedade de milho pode ser um dos responsáveis por aumentar helicoverpa em MT
Variedade de milho pode ser um dos responsáveis por aumentar helicoverpa em MT
30/10/2013 07:59
O milho BT pode ter sido o estopim para a alta incidência da helicoverpa do gênero armigera nas lavouras do Brasil. Conforme o coordenador da Defesa Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura, em Mato Grosso (CDSV/Mapa), Wanderlei Dias Guerra, o uso em grande escala do milho BT pode ter sido um dos responsáveis pelo aumento da população da helicoverpa armigera. Isso porque essa modificação com genes da bactéria Bacillus thuringiensis reduziu a população de uma praga conhecida como spodoptera (lagarta do cartucho, muito presente no milho), que é um inimigo natural da helicoverpa.
“São situações que encontramos no campo, e vamos tecendo algumas hipóteses e teorias do que pode ter acontecido. Nos últimos anos tem havido uma utilização massiva de milho BT, que controla a spodoptera. Mas não seria esse o fator principal. O importante é que isso sirva para mostrar que qualquer desequilíbrio que se faça num ecossistema pode causar explosões de determinadas pragas”, sustenta Guerra, em entrevista ao Agrolink. O milho BT é uma cultivar geneticamente modificada para uma melhor resistência às pragas, para que haja racionalização do uso de defensivos, bem como proteção ao potencial de rendimento da lavoura.
A praga exótica foi registrada pela primeira vez na safra passada e impôs inúmeros prejuízos aos produtores brasileiros. Em Mato Grosso, maior produtor de grãos e fibras do país, a alta população da praga já preocupa porque coloca em risco o saldo da nova safra de soja 2013/14, já que as lagartas gostam de atacar os frutos e literalmente comem a renda do produtor. Antes mesmo de o Estado atingir porções significativas de semeadura, a helicoverpa armigera, a mais agressiva já encontrada no campo, já estava confirmada neste novo ciclo, como vem acompanhando o Diário.
O representante do Mapa ressalva que a spodoptera é “uma praga importante, que causa danos no cartucho do milho”. “Mas talvez seja um explicação para a explosão da helicoverpa. Estive na Bahia com a Aprosoja e vimos que aqueles agricultores enfrentaram um período grande de seca. Os insetos, as pragas de solo, se aproveitam da estiagem. Também vimos grandes áreas abandonadas, aonde os produtores simplesmente deixaram de fazer qualquer aplicação porque não valia mais à pena”, completou.
Guerra aponta ainda que o “plantio direto” é outra prática que pode ter estimulado a explosão da helicoverpa armigera. “Ela completa seu ciclo no solo. A falta de revolvimento no solo também explica um pouco esse aumento populacional”, afirma ele.
NO CAMPO – Dias Guerra está liderando uma das equipes do Circuito Tecnológico, expedição promovida pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT) que tem como objetivo realizar um raio-X da nova produção mato-grossense. A equipe chefiada por Dias Guerra está 100% focada na avaliação fitossanitária das lavouras. Nas últimas duas semanas, essa equipe rodou 30 municípios, 150 propriedades e cerca de 10 mil quilômetros. “E o que vimos é helicoverpa por todos os lados, seja fruto de soqueiras de algodão mal destruídas e ou de guaxas de soja, milho e milheto”.
A primeira avaliação do coordenador da CDSV é a de que cerca de 10% dos produtores não realizaram a correta destruição da soqueira do algodão e ou das plantas guaxas de soja, milho e milheto. “Próximo a Cuiabá, mesmo, em Jaciara, há guaxas de milho com até três lagartas helicoverpa por espiga. As pragas estão se multiplicando e o produtor semeando a soja por cima. Recomendamos insistentemente aos produtores que destruíssem, lá na entressafra ainda, as lavouras com milheto antes da formação dos cachos, das esqiguetas, e mesmo assim, vimos que a área ao lado está sendo semeada com soja. Ou seja, tá criando a praga de um lado e tentando controlar do outro”.
Ainda como lembra, na última sexta-feira, na região de Alto Garças, Dias Guerra se deparou com extensas áreas de algodão aonde a destruição das soqueiras não foi adequada e mesmo com 85%, 90% dos produtores fazendo seu papel bem feito, encontramos helicoverpa em todas as regiões que visitamos. Não adianta 99% fazerem um serviço bem feito. A luta contra a helicoverpa não se vence sozinho. “Para se ter ideia do tamanho do absurdo, a fiscalização do Instituto de Defesa Agropecuária, o Indea/MT, já autuou duas vezes um mesmo produtor em Alto Garças e até agora ele não fez nada contra as guaxas e soqueiras”. Dias Guerra frisa classifica esta safra como a safra do aprendizado. “Infelizmente, estamos aprendendo em meio a crise. Os produtores não tinham costume de fazer o monitoramento da soja como se faz no algodão, por exemplo. O produtor precisa saber o que ele tem na sua propriedade, ele precisa estar atento porque com certeza já existem Helicoverpas em área com restos culturais. E o produtor precisa minitorar, esse é o papel dele”, recomenda.
Fonte: Diário de Cuiabá
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