quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Soja: Preços no Brasil são sustentados por prêmios fortes, dólar alto e concentração da demanda



Publicado em 27/11/2019 17:20


A competitividade da soja brasileira segue elevada e traz boas oportunidades para o produtor neste momento. Um alinhamento de fatores mantém a demanda focada no mercado nacional, principalmente por parte da China, e provocando ainda um movimento de alta nos prêmios para a oleaginosa brasileira. "Mesmo com o dólar alto, os prêmios conseguem se manter elevados", diz o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 
Somente em outubro, a nação asiática importou 6,18 milhões de toneladas de soja. E embora o volume apresente uma redução de 11% em relação ao mesmo mês de 2018, o total foi o segundo maior da história para o mês e, deste montante, 61% teve origem no Brasil. 
Importações de soja China mês
Importações de soja da China no acumulado por mês - Fonte: Karen Braun
Em todo o ano comercial de 2019, as importações chinesas já somam, de acordo com números da Administração Geral das Alfândegas da China, 70,77 milhões de toneladas, sendo 48,9  milhões de toneladas de soja brasileira. 
Importações de soja China ano
Importações de soja da China no acumulado do ano - Fonte: Karen Braun
No entanto, apesar dos patamares interessantes de preços, os sojicultores vêm registrando um ritmo mais lentos de negócios nesta semana. De acordo com o especialista, há uma espera pela regularização efetiva do clima nas principais regiões produtoras do Brasil para que as vendas evoluam um pouco mais. 
"Ele está bem vendido, inclusive para a safra nova, e agora espera pelo clima. Seria bom ele estar vendendo (em função dos níveis de preço), mas ele ainda não tem a garantia da colheita. Se houver alguma complicação, algum veranico, algo assim e ele não conseguir colher para cumprir seus contratos têm de pagar uma multa, e ele tem evitado isso", explica Brandalizze. 
O consultor cita como exemplo o estado de Mato Grosso, que já tem perto de 50% de sua safra nova comercializada e agora se foca mais nos trabalhos de campo. Números do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) mostram que o plantio da oleaginosa já está praticamente finalizado, com 98,4% da área semeada. 
"Ao que tudo indica, a semeadura de soja em Mato Grosso deve finalizar na primeira semana de dezembro. A partir desse momento, as condições climáticas são ainda mais importantes, visto que algumas áreas já estão em estádio de florescimento que é considerado, assim como o desenvolvimento, um período crítico para a cultura", diz o boletim semanal do Imea.
Ainda segundo o instituto, na última semana, os preços da soja subiram 0,44%, com uma média de R$ 76,65 por saca, sendo sustentados, principalmente, pelo avanço do dólar. 
"Os preços internacionais vêm se movimentando em direções opostas ao preço no estado, mostrando a importância da taxa de câmbio para a formação dos preços domésticos. Portanto, qualquer correção no preço do dólar, que está em patamares históricos, deve impactar as cotações internas da soja", completam os analistas do instituto.
Soja x Dólar - Imea
Somente neste mês de novembro - do dia 1º ao 27 - a moeda já registra uma alta acumulada de 6,64%, saltando de R$ 3,9919 para R$ 4,257 (até o momento do fechamento desta matéria nesta quarta-feira). São patamares historicamente altos e que favorecem não só as vendas de soja, mas de todos os produtos que são exportados pelo Brasil. 
Dólar mês
Comportamento do dólar x real em novembro - Fonte: TradingView
A escalada da moeda, segundo o economista Roberto Troster, reflete uma combinação de fatores incluindo as últimas declarações de Paulo Guedes, preocupações com a América do Sul e um sistema cambial obsoleto no mercado à vista. "Cenário externo pouco influencia", diz em entrevista ao Notícias Agrícolas. Assim, para Troster trata-se de um movimento de vida curta. 
Veja a íntegra da entrevista:
Em algumas outras análises, o cenário externo também pesa neste movimento de valorização do dólar frente ao real, inclusive destacando que a divisa norte-americana sobe não só frente à brasileira, mas diante de uma série de outras ao redor do mundo. 
"O real desvalorizado aqui no Brasil também chama a atenção dos chineses. A nossa está muito competitiva e isso acaba pesando também sobre os preços em Chicago", diz o analista de mercado da consultoria Safras & Mercado. 
O cenário foi, inclusive, destaque no quadro internacional nesta quarta. A consultoria Allendale, Inc. trouxe em seu boletim diário a informação de que as fortes exportações da América do Sul têm pressionado os preços dos grãos nos EUA. Afinal, não só a soja registra um bom momento de vendas para exportação, como o milho também. De acordo com a última estimativa da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), serão 41 milhões de toneladas exportadas do grão brasileiro, número que também foi destacado pela Allendale. 
"Essas estimativas foram reforçadas pela moeda brasileira mais fraca e preços um pouco mais altos nos EUA (de milho) depois das perdas causadas pelos problemas climáticos", diz a consultoria internacional. 

Na Reuters: Dólar fecha a quase R$4,26 e bate 3º recorde histórico seguido apesar de atuação do BC

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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em máxima histórica nominal pelo terceiro pregão consecutivo nesta quarta-feira, perto de 4,26 reais, mesmo depois de o Banco Central ter feito nova oferta líquida de moeda à vista, a terceira em dois dias.
No mercado interbancário, o dólar fechou em alta de 0,44%, a 4,2586 reais na venda.
Na segunda-feira (4,215 reais) e na terça (4,2398 reais) a moeda já havia renovado recordes históricos para um encerramento de sessão no mercado à vista.
Desde a semana passada, o dólar bateu recorde quatro vezes. No dia 18, a moeda fechou a 4,2061 reais na venda, deixando para trás o pico anterior, de setembro de 2015.
Na B3, o contrato de dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,54% nesta quarta, a 4,2580 reais.
(Por José de Castro)
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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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