O algodão é a fibra têxtil mais consumida no mundo. Ainda é a principal matéria prima para a indústria na produção de tecido utilizado sob as mais variadas formas pela humanidade. Além da fibra para produção de tecidos, o algodão é utilizado pela indústria de produtos de higiene, para cuidados com a saúde, de estofados e na alimentação humana e animal. A planta que produz o algodão é cultivada na América, Ásia, África, Europa e Oceania, sendo para muitos países da África o principal produto de exportação.
O Brasil ocupa o quinto lugar entre os países maiores produtores de algodão e é o segundo maior exportador. O Brasil, atualmente, movimenta 20% do mercado mundial de algodão. Mato Grosso, Bahia, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Maranhão e Piauí são os principais estados produtores. Mato Grosso lidera a produção nacional, produzindo em torno de 60% do total . Além da fibra, que é o produto mais nobre, do caroço é extraído o óleo, que é utilizado na alimentação humana e na fabricação de vários produtos industriais. O caroço e a torta, resultantes do processo de extração do óleo, são utilizados para a alimentação animal.
Vivemos uma temporada de preços muito baixos do barril do petróleo que, em janeiro de 2020, valia algo em torno de US$ 65.00. Junto com o preço do petróleo cai o preço do algodão no mercado interno e externo, devido à concorrência imposta pelo poliéster, uma fibra sintética, derivada do petróleo. Em final de março de 2020, o barril de petróleo chegou à casa de US$ 25.00. Este preço afeta sobremaneira o preço do algodão e de seus derivados, no mundo todo. Países como Arábia Saudita e Rússia, que são grandes produtores e exportadores de petróleo, acenam com a possibilidade de reduzirem suas produções visando à elevação dos preços.
Se não bastasse a queda no preço do barril do petróleo, devido especialmente à grande produção e à queda do consumo mundial em função, principalmente, da pandemia provocada pelo novo coronavírus, pelo mesmo motivo verifica-se forte redução no consumo de algodão, tanto interna quanto externamente. A China é o maior produtor e o maior consumidor de algodão do mundo. China, Bangladesch, Indonésia e Vietnã são os principais mercados para o algodão brasileiro.
Em março deste ano, o Vietnã foi o país que mais importou algodão do Brasil. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – Abrapa, na primeira semana de abril as vendas de algodão foram negativas devido ao cancelamento/adiamento daquilo que já estava contratado pela China, Indonésia, Paquistão e Coreia do Sul. Dependendo do preço do algodão, pode-se eventualmente ser vantajoso pagar a multa prevista para o não cumprimento de contrato por parte de algum comprador. Produzimos quase três milhões de toneladas de algodão, para um consumo interno menor do que um milhão de toneladas.
Nos primeiros meses de 2020, o Brasil conseguiu exportar bons volumes de algodão, 96,10% a mais que em igual período do ano de 2019. A produção brasileira, de acordo com a Abrapa, vem apresentando crescimento sustentado. Ao longo das últimas semanas, em função da desvalorização do real frente ao dólar, em compensação à queda do preço no mercado internacional, o preço da arroba de fibra ainda estava remunerando o produtor.
Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França são grandes importadores de têxteis e vestuários. Devido ao desemprego e às restrições das atividades econômicas impostas pela Covid-19, esses países deverão apresentar forte redução no consumo de roupas e têxteis.
No Brasil, espera-se também uma significativa redução no consumo desse setor, o que deverá impactar a indústria têxtil e, logicamente, o consumo de algodão. Esta redução já está sendo verificada em alguns elos da cadeia; muitas indústrias de fiação, tecelagem e malharia estão totalmente paradas e com altos estoques. A indústria de fiação de Mato Grosso do Sul, localizada em Naviraí, está trabalhando com apenas 50% de sua capacidade. Havendo persistência das atuais dificuldades, a indústria poderá ter suas atividades totalmente paralisadas.
A maior parte da produção brasileira de algodão vai ser colhida no período de julho a setembro. Entre abril e maio será colhida a produção de São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul. No entanto, devida à pouca demanda por parte da indústria têxtil, o produtor poderá ter dificuldades para vender o seu produto, além da redução do preço, em consequência do desequilíbrio entre oferta e demanda. A permanência do algodão beneficiado na algodoeira, a espera de comercialização, têm elevado custo, além de impactar de forma significativa o fluxo de caixa do produtor.
De acordo com o último levantamento divulgado pela Conab, o Brasil deverá colher uma ótima safra de algodão. Em Mato Grosso, maior produtor brasileiro, mais de 70% da safra que vai ser colhida no segundo semestre de 2020 já foi vendida. Assim, espera-se que não se tenha grandes problemas para comercializar a produção brasileira de algodão, da safra ainda a ser colhida. No entanto, o futuro é função da retomada das importações, principalmente, pelos países asiáticos.
O grande desafio é que, devido aos elevados custos de produção, algo ao redor de R$ 10 mil/ha, qualquer deságio dos preços resulta em balanço negativo. Para que se possa continuar produzindo de forma duradoura (sustentável) faz-se necessário reduzir os custos de produção. O quadro atual é de incertezas para o mercado brasileiro do algodão, que é altamente dependente de exportação. A partir da definição da real intenção de plantio por parte dos produtores do hemisfério norte, previsto para começar dentro de poucos dias, será possível ter mais clareza sobre o mercado futuro do algodão. É esperada uma redução da área cultivada com algodão no Brasil para a safra 2020/2021, a ser definida nos próximos dias.
Vivemos uma temporada de preços muito baixos do barril do petróleo que, em janeiro de 2020, valia algo em torno de US$ 65.00. Junto com o preço do petróleo cai o preço do algodão no mercado interno e externo, devido à concorrência imposta pelo poliéster, uma fibra sintética, derivada do petróleo. Em final de março de 2020, o barril de petróleo chegou à casa de US$ 25.00. Este preço afeta sobremaneira o preço do algodão e de seus derivados, no mundo todo. Países como Arábia Saudita e Rússia, que são grandes produtores e exportadores de petróleo, acenam com a possibilidade de reduzirem suas produções visando à elevação dos preços.
Se não bastasse a queda no preço do barril do petróleo, devido especialmente à grande produção e à queda do consumo mundial em função, principalmente, da pandemia provocada pelo novo coronavírus, pelo mesmo motivo verifica-se forte redução no consumo de algodão, tanto interna quanto externamente. A China é o maior produtor e o maior consumidor de algodão do mundo. China, Bangladesch, Indonésia e Vietnã são os principais mercados para o algodão brasileiro.
Em março deste ano, o Vietnã foi o país que mais importou algodão do Brasil. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – Abrapa, na primeira semana de abril as vendas de algodão foram negativas devido ao cancelamento/adiamento daquilo que já estava contratado pela China, Indonésia, Paquistão e Coreia do Sul. Dependendo do preço do algodão, pode-se eventualmente ser vantajoso pagar a multa prevista para o não cumprimento de contrato por parte de algum comprador. Produzimos quase três milhões de toneladas de algodão, para um consumo interno menor do que um milhão de toneladas.
Nos primeiros meses de 2020, o Brasil conseguiu exportar bons volumes de algodão, 96,10% a mais que em igual período do ano de 2019. A produção brasileira, de acordo com a Abrapa, vem apresentando crescimento sustentado. Ao longo das últimas semanas, em função da desvalorização do real frente ao dólar, em compensação à queda do preço no mercado internacional, o preço da arroba de fibra ainda estava remunerando o produtor.
Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França são grandes importadores de têxteis e vestuários. Devido ao desemprego e às restrições das atividades econômicas impostas pela Covid-19, esses países deverão apresentar forte redução no consumo de roupas e têxteis.
No Brasil, espera-se também uma significativa redução no consumo desse setor, o que deverá impactar a indústria têxtil e, logicamente, o consumo de algodão. Esta redução já está sendo verificada em alguns elos da cadeia; muitas indústrias de fiação, tecelagem e malharia estão totalmente paradas e com altos estoques. A indústria de fiação de Mato Grosso do Sul, localizada em Naviraí, está trabalhando com apenas 50% de sua capacidade. Havendo persistência das atuais dificuldades, a indústria poderá ter suas atividades totalmente paralisadas.
A maior parte da produção brasileira de algodão vai ser colhida no período de julho a setembro. Entre abril e maio será colhida a produção de São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul. No entanto, devida à pouca demanda por parte da indústria têxtil, o produtor poderá ter dificuldades para vender o seu produto, além da redução do preço, em consequência do desequilíbrio entre oferta e demanda. A permanência do algodão beneficiado na algodoeira, a espera de comercialização, têm elevado custo, além de impactar de forma significativa o fluxo de caixa do produtor.
De acordo com o último levantamento divulgado pela Conab, o Brasil deverá colher uma ótima safra de algodão. Em Mato Grosso, maior produtor brasileiro, mais de 70% da safra que vai ser colhida no segundo semestre de 2020 já foi vendida. Assim, espera-se que não se tenha grandes problemas para comercializar a produção brasileira de algodão, da safra ainda a ser colhida. No entanto, o futuro é função da retomada das importações, principalmente, pelos países asiáticos.
O grande desafio é que, devido aos elevados custos de produção, algo ao redor de R$ 10 mil/ha, qualquer deságio dos preços resulta em balanço negativo. Para que se possa continuar produzindo de forma duradoura (sustentável) faz-se necessário reduzir os custos de produção. O quadro atual é de incertezas para o mercado brasileiro do algodão, que é altamente dependente de exportação. A partir da definição da real intenção de plantio por parte dos produtores do hemisfério norte, previsto para começar dentro de poucos dias, será possível ter mais clareza sobre o mercado futuro do algodão. É esperada uma redução da área cultivada com algodão no Brasil para a safra 2020/2021, a ser definida nos próximos dias.
Fernando Mendes Lamas (Pesquisador)
Embrapa Agropecuária Oeste
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