quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Milho está levando a pior na disputa por espaços nos armazéns de MT

Milho está levando a pior na disputa por espaços nos armazéns de MT Milho está levando a pior na disputa por espaços nos armazéns de MT 01/08/13 - 00:00 Julho é o mês mais crítico no quesito armazenagem e neste ano culturas ‘brigam’, como nunca, por silos O milho está levando a pior na disputa por espaços nos armazéns de Mato Grosso. Com quase 11 milhões de toneladas de soja ainda acondicionadas, o cereal recém-colhido acaba sendo preterido, amontoado a céu aberto e até rejeitado por algumas empresas, como por exemplo, em Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá), como já mostrado pelo Diário no início do mês. A máxima do momento é a seguinte: onde tem soja, milho não entra. Julho foi marcado pelo encontro das duas safras, passando a ser o mais crítico no Estado, pois em um único mês mais de 24,8 milhões de toneladas desses dois grãos demandaram estocagem ao mesmo tempo. A concentração não apenas inviabilizou a recepção de milho em muitos armazéns, especialmente os localizados ao médio norte, como também pesou contra o frete, encarecendo ainda mais o transporte. A situação havia sido prospectada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), conforme levantamento divulgado em maio deste ano. Naquele momento, os analistas levaram em consideração o ritmo de comercialização interna e das exportações de soja e milho, a conjuntura de preços desfavoráveis e o ritmo da colheita do milho até o fechamento do mês. Com esses históricos de indicadores foi possível antecipar o cenário atual, onde há disputa por espaços e que o caos seria instalado em várias regiões. “Julho de 2013 está marcado pela concentração recorde de volumes em um único mês. Somando as toneladas de soja ainda estocadas no Estado com as de milho já colhidas, temos um montante de 24,83 milhões de toneladas para serem acondicionadas em Mato Grosso ao mesmo tempo. O Estado tem capacidade estática para 29 milhões, mas no médio norte, por exemplo, que sozinho concentra 54% da produção do cereal, já havia milho a céu aberto com menos de 50% da área colhida”, explica o gestor do Imea, Daniel Latorraca. Ele frisa que o estrangulamento só não foi geral no Estado, o que geraria o verdadeiro caos da armazenagem, porque as exportações de soja ganharam mais ritmo do que o previsto nas últimas semanas. Em abril, quando o Instituto começou a avaliar a situação, os analistas previam que no final do mês haveria ainda cerca de 12,7 milhões de toneladas de soja, entre comercializadas ou não, ocupando espaços nos silos. Com margem de erro de 1,5% entre o estimado e o realizado, o Imea contabilizou 11 milhões de toneladas ainda paradas no Estado. Esse volume, remanescente de uma safra recorde neste ano de 25,27 milhões de toneladas, se choca com outro recorde, o da segunda safra de milho. Até a semana passada com 75% da área de 3 milhões de hectares colhida, 13,8 milhões de toneladas ‘novas’ havia sido injetada no Estado decorrentes da colheita e que juntas resultam no volume de 24,8 milhões que disputa espaço dentro dos silos mato-grossenses. “Já tínhamos 11 milhões de toneladas de soja e chegaram mais 13,8 de milho. E por isso, em muitas empresas, onde tem soja o milho não entra”, exclama Latorraca. Para esta segunda safra, o Imea estima 17,4 milhões de toneladas de milho, volume que se confirmado, supera o então recorde de 2012 de pouco mais de 15 milhões. IMPACTO – Como explica o gestor, quem pode está lançando mão da armazenagem alternativa, por meio dos silos-bolsas, mas como destaca, infelizmente o Imea não tem como mensurar a proporção das adesões e nem mensurar o uso das bolsas plásticas no Estado. “Opção que traz custos adicionais, assim como o do frete, que reflete a pressão do momento e já revela nova alta”, adverte. Como exemplifica, o frete está custando em média R$ 280 a tonelada, considerando a rota Sorriso-porto de Santos. “Esse é o maior valor já visto no Estado desde a primeira semana de abril deste ano”, frisa. Com o fim da colheita de soja em abril e da consequente demanda por transporte, a cotação do frete invertia a tendência de alta. No entanto, com os ganhos da segunda safra, o milho vem mantendo o mercado aquecido. “Na última semana de junho, ainda no início da colheita do milho, o frete para este mesmo trecho {Sorriso/Santos} estava em cerca de R$ 250 e agora fecha julho, 30 dias depois, a R$ 280, alta mensal de 12%”. Pesando ainda contra o produtor, Latorraca pontua que o mercado está em ritmo lento, já que as atuais cotações, tanto ao milho como à soja disponível, não animam o produtor. Somente a saca do milho, como mostrou o Diário na última terça-feira, desvalorizou 60% na comparação julho/12-jul/13, ao passar de R$ 22 para R$ 8,80. “Na teoria, o pior momento para a armazenagem foi agora pela concentração dos estoques. A tendência é minimizar a pressão nos silos mês a mês, no entanto, com os preços atuais, fica difícil antecipar o nível do ritmo de escoamento da soja e do milho e dizer que a armazenagem deixa o papel de protagonista e cede lugar à preocupação com o frete ou não”. Diário de Cuiabá Autor: Marianna Peres

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