sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Análise semanal do mercado de trigo
Análise semanal do mercado de trigo
Análise semanal do mercado de trigo
27/09/13 - 16:11
Comentários referentes ao período entre 20/09/2013 a 26/09/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Guilherme Gadonski de Lima³
As cotações do trigo em Chicago acabaram subindo um pouco nesta semana, após registrarem R$ 6,46/bushel no dia 20/09. Assim, o fechamento desta quinta-feira (26) ficou em US$ 6,78/bushel.
Os embarques de trigo, pelos EUA, referentes ao ano 2013/14, na semana encerrada em 12/09, somaram 1,2 milhão de toneladas, tendo sido o melhor desempenho nas 15 primeiras semanas do ano comercial iniciado em 1º de junho. No acumulado do atual ano comercial o total embarcado chega a 11,05 milhões de toneladas, contra 8,1 milhões no mesmo período do ano anterior. O USDA espera fechar o ano com exportações ao redor de 29,9 milhões de toneladas embora o atual ritmo sugira um volume de até 38,3 milhões de toneladas.
Por sua vez, as vendas líquidas de trigo estadunidense, também referentes ao ano 2013/14, chegaram a 704.400 toneladas na semana encerrada em 12/09. O principal destino foi a Nigéria com 159.200 toneladas. Este teria sido o maior volume desde a semana encerrada em 08/08/2013. Já as inspeções de exportação de trigo, na semana encerrada em 19/09, atingiram a 1,15 milhão de toneladas. No acumulado do ano comercial iniciado em 1º de junho o volume total é de 12,6 milhões de toneladas.
Paralelamente, nos EUA a colheita do trigo de primavera chegou a 93% da área no dia 22/09, ficando exatamente dentro da média histórica.
Por outro lado, nos países que antes compunham a ex-URSS a produção de trigo chegará a 108 milhões de toneladas em 2013/14, contra 77,2 milhões da frustrada safra de um ano antes. Assim, o saldo exportável da região somará 37,1 milhões de toneladas, com a mesma se tornando a principal exportadora de trigo do mundo.
Mais aqui perto, na Argentina, notícias oficiais indicam que o vizinho país semeou apenas 3,4 milhões de hectares com trigo. Ora, essa área, com produtividade normal, dará apenas 11,5 milhões de toneladas e não mais as 13 milhões inicialmente projetadas. Com isso, o saldo exportável argentino cai para 5,2 milhões de toneladas. Mesmo assim, ainda superior as 3,2 milhões do ano anterior, porém, muito aquém dos 11,7 milhões de toneladas de 2011/12. Ainda não se tem informações detalhadas da safra uruguaia. Pelo sim ou pelo não, o fato é que o saldo exportável dos parceiros do Mercosul, que inicialmente superava 9 milhões de toneladas, recua agora para 6,85 milhões de toneladas. Como o Brasil necessitará entre 7 a 8 milhões de toneladas, haverá necessidade de buscar o cereal em outras regiões do mundo.
Além disso, é preciso destacar que as geadas atingiram as regiões produtoras argentinas, podendo ter causado alguns estragos, embora o plantio por lá seja mais tardio. Novas e severas geadas estariam previstas para este último final de semana de setembro, fato que preocupa igualmente o Rio Grande do Sul. Já no Paraguai, as geadas que atingiram o Paraná igualmente castigaram as lavouras de trigo daquele país. Com isso, a colheita local está ofertando produto extremamente heterogêneo, com variação de PH entre 50 a 84 pontos. Nas regiões de divisa com o Paraná, as perdas do lado paraguaio chegaram a algo entre 50% e 70%.
Nesse contexto, tais ocorrências de geadas, especialmente na Argentina, elevaram os preços futuros no Mercosul. Assim, o produto no porto de UP River, para embarque a partir de 15 de dezembro, atingiu a US$ 315,00/tonelada na compra, nesta semana. Para janeiro a base ficou em US$ 310,00/tonelada. O mesmo valor estava em Baia Blanca. Em Necochea, para janeiro, a tonelada ficava em US$ 300,00.
Esse movimento de alta pode se acentuar na medida em que, atingidos mais de 20% da área colhida no Paraná e ainda não foi possível formar lotes de grande porte e qualidade de trigo. Com isso, os preços locais do cereal, em plena colheita, se mantiveram, nesta semana, entre R$ 950,00 e R$ 1.000,00/tonelada para os lotes.
No Rio Grande do Sul, onde novas geadas nesta última semana de setembro prejudicaram algumas regiões, as perdas ainda estão sendo contabilizadas, mas deverão passar de 20%, adicionando a redução na qualidade do grão. Com isso, a nova safra tem como indicativo preço entre R$ 700,00 e R$ 750,00/tonelada para o produto de qualidade superior. Isso equivale a R$ 42,00 e R$ 45,00/saco.
Na medida em que a colheita avançar e houver produto de melhor qualidade, caso haja, os preços devem se estabilizar ao redor da paridade de importação. Nesse momento, o trigo duro dos EUA está a US$ 322,00/tonelada no Golfo do México. Somando as despesas de logística, retirando os 10% da TEC, os moinhos brasileiros recebem o produto ao redor de US$ 403,00/tonelada. Pelo câmbio atual isso equivale a pouco menos de R$ 900,00/tonelada. Assim, para chegar competitivo nos moinhos paulistas, o produto do Paraná deve sair FOB das regiões produtoras daquele Estado ao redor de R$ 789,00/tonelada ou R$ 47,34/saco. Isso nos remete a preços entre R$ 35,00 a R$ 40,00/saco diretamente ao produtor rural, sendo que no Rio Grande do Sul o valor é mais baixo devido as distâncias serem maiores em relação ao centro do país.
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.
Agrolink com informações de assessoria
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