sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Aberto a acordo com Mercosul, primeiro-ministro japonês chega ao país

O primeiro-ministro Shinzo Abe chega hoje ao Brasil, dez anos desde a última visita de um chefe de governo japonês ao país E o contraste não poderia ser maior com a passagem do presidente chinês Xi Jinping: os japoneses não vão despejar promessas de investimento, mas o interesse em negociar um acordo de livre comércio com o Mercosul entrará de forma oblíqua no comunicado oficial dos presidentes. E, ao contrário de momentos anteriores, o setor privado brasileiro dá sinais de que tem interesse em avançar no assunto. "Precisamos tirar algumas barreiras não tarifárias e que nos permitiriam ter um comércio um pouco mais avançado e diversificado", disse o diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Abijaodi. O setor privado quer iniciar a discussão sobre barreiras a carnes e frutas, entre outros produtos. O encontro de Abe com a presidente Dilma Rousseff deve incluir o anúncio de acordos de financiamento com Vale e Petrobras. Um dos memorandos com a mineradora prevê a criação de joint-venture para exploração de carvão na África. Os investidores japoneses já sinalizaram que não entrarão nos investimentos em ferrovias, mas as companhias que atuam no setor portuário brasileiro querem ampliar seu espaço. No setor de petróleo e mineração, o Japão continuará atuando como financiador de empresas que atuam no Brasil. Do ponto de vista político, a viagem do primeiro-ministro japonês também procura conter a crescente influência e parceria do Brasil com a China. Temas da agenda política, como as crises na Síria, Ucrânia e Gaza, também devem ser discutidos pelos dois líderes. Segundo o embaixador japonês no Brasil, Kunio Umeda, os países devem iniciar consultas periódicas com o objetivo de aprofundar as relações entre os dois governos. O governo brasileiro, por sua vez, desejaria que o Japão usasse o mercado nacional como uma plataforma para exportação de produtos de maior valor agregado, com transferência de tecnologia para a indústria brasileira. O comércio é visto pelo governo como aquém de seu potencial. O governo japonês aumentará, a pedido da Casa Civil, o número de vagas do Ciência sem Fronteiras, programa de bolsas de estudos no exterior que é vitrine da campanha à reeleição da presidente Dilma. Os dois governos também assinarão memorandos nas áreas de medicina, regulação farmacêutica e segurança pública, com o compromisso do Japão de estender a todos os Estados brasileiros o sistema de polícia comunitária. A corrente de comércio, soma de importações e exportações, entre Brasil e Japão foi de R$ 15 bilhões em 2013. Os japoneses exportam principalmente automóveis, além de peças e partes que abastecem a indústria automotiva. O Brasil vende minério de ferro, frango, café e soja.
Data de Publicação: 01/08/2014 às 10:50hs Fonte: Avisite

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