Apesar das embarcações portuárias estarem acontecendo sem maiores problemas durante a pandemia do Coronavírus, o cancelamento de voos diretos e domésticos para o Canadá tem impactado diretamente a produção e escoamento de pequenos e médios produtores de frutas do Brasil. Dados da Câmara do Comércio Brasil-Canadá (CCBC) prevê que a exportação terá uma baixa de até 30% na exportação de frutas frescas.
Os dados da CCBC, indicam que no primeiro trimestre de 2020, o Brasil exportou 2.524 toneladas de frutas para o Canadá. No período do ano passado, o total exportado foi de 2.214 toneladas, portanto, houve um aumento de 14%. "A queda deve ser sentida a partir do próximo levantamento – 2º trimestre do ano – já que os voos aéreos foram cancelados apenas no final de março, não impactando o primeiro trimestre", afirma a CCBC.
De acordo com Paulo de Castro Reis, diretor de relações institucionais da CCBC, os embarques estão acontecendo em menor escala desde o dia 28 de março, quando os voos começaram a ser cancelados no Brasil. Segundo a CCBC, os maiores afetados neste cenário são os produtores de uva, o mamão, a lichia e a atemoia estão com as atividades de exportação, que por hora, estão com as exportações paralisadas. Além disso, a produção de caqui está em plena fase de colheita e também poderá ter dificuldades para escoar a produção.
Paulo explica ainda que por se tratar de produtos que precisam de consumo quase que imediato, a CCBC e a companhia aérea Air Canadá estabaleceram uma parceria em que os alimentos pudessem ser enviados nos voos convencionais, não precisando de frete de carga - que tem uma saída mais limitada. "A gente teve a oportunidade de fazer a negociação para conseguir com um custo mais competitivo o espaço nesses aviões para vários produtos", afirma. Ainda de acordo com o presidente, a exportação é feita com produtores de todo o país e principalmente focando em pequenos e médios de produção.
Com o esquema de logística criado para garantir o abastecimento e manter o Canadá como consumidor do hortifrutti brasileiro, Paulo destaca que apenas em dois dias os alimentos já estavam disponível para consumo nas cidades de Montreal e Toronto. Algumas frutas mais resistentes, como o melão, o abacaxi e a manga, estão seguindo por transporte marítimo.
Já quanto aos voos de cargas, Paulo destaca que há uma indicação no setor que entre maio e junho há uma possibilidade de uma retomada de alguns voos de cargas. "Inclusive a própria Air Canadá está analisando a possibilidade de transformar alguns voos que eram de passageiros em voos de cargas para começar a retomada", afirma.
Diante do cenário, a saída para produtores, de acordo com Paulo, será escoar as frutas para o mercado interno, visando principalmente não ter tanto prejuízo ao bolso do produtor. "São pequenos e médios produtores estão não são quantidades tão grandes que a pessoa acaba não conseguindo encaixar por aqui. A gente tinha um espaço lá fora que estava bem favorável ultimamente", afirma.
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