Publicado em 01/04/2020 09:14
Os resultados obtidos pelo ovo em março de 2020 deveriam motivar grandes comemorações. Pois, após um início de ano absolutamente insípido (a pior remuneração em oito meses), seguida de excelente recuperação em fevereiro (a melhor remuneração nominal de todos os tempos), o ovo continuou em acelerada valorização no terceiro mês do ano, ocasião em que atingiu valor médio 8% e 43% superior aos alcançados no mês anterior e no mesmo mês de 2019.
Infelizmente, porém, não há nada a comemorar. Porque, de um lado, boa parte dos ganhos do mês derivou da quarentena a que se submetem os brasileiros em decorrência da Covid-19. De outro, porque a melhor remuneração dos últimos dois meses se esvai progressivamente na cobertura dos crescentes custos. Ou seja: ganhos não existem, são apenas aparentes.
É verdade que, no mês, os preços alcançados pelo ovo evoluíram ligeiramente acima dos registrados pelas suas duas principais matérias-primas, milho e farelo de soja, cujos preços neste ano estão quase 40% mais caros que um ano atrás.
Mas parte dessa valorização é típica deste momento do ano: o período de Quaresma, instante em que o ovo alcança, geralmente, os melhores preços de cada exercício. Em 2019, por exemplo, foi assim. Às vésperas do Domingo de Ramos (como agora) foi comercializado por, em média, R$84,00/caixa (preço no atacado paulistano). E, a esse valor, o produtor de ovos necessitava de 8,3 caixas de 30 dúzias para adquirir uma tonelada de milho e de quase 14 caixas de 30 dúzias para a mesma tonelagem de farelo de soja.
Se recebeu no final de março cerca de R$113,00/caixa, o setor precisou pagar, em média, R$63,50 pela saca de milho e R$1.730,00 pela tonelada de farelo de soja. E isso correspondeu a a 9,3 caixas para o milho e a 15,3 caixas o farelo. Ou seja: o ganho no preço é insuficiente para cobrir o aumento no custo
Notar que o bom momento do ovo está sendo registrado no instante em que dois fatores, um deles extraordinário, agem no aumento da demanda: a Quaresma e a quarentena pela pandemia da Covid-19. Daí perguntar-se: o que ocorrerá quando esses dois eventos ficarem para trás?
Por ora (primeiro trimestre) o ovo acumula uma valorização de 38% em relação ao mesmo período de 2019 e registra desempenho que proporciona ao setor o melhor valor real de todos os tempos. Algo que, no momento, não tem o menor significado.
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