terça-feira, 28 de abril de 2020

PÓS-COVID: "Brasil precisa de uma narrativa proativa do Agro", alerta CEO da John Deere

Executivo defende adoção de embaixadores da marca e critica politização da pandemia
O pós-pandemia desafia o agronegócio brasileiro a reestruturar a oferta de produtos ao mercado mundial e a promover uma campanha proativa de atributos do setor. Para Paulo Herrmann, CEO da John Deere no Brasil, o lançamento de um selo "made in Brasil" para as exportações brasileiras, carreando uma campanha institucional perene e consistente, é um dos caminhos para a agregação de valor à economia nacional no mercado global.
"Nos falta uma narrativa proativa no Brasil, antes de imputarem inverdades ao Agro. Falta uma marca 'made in Brasil'. A gente vê isso com a carne da Argentina, que tem mais Cota Hilton do que nós (volume limite de exportação de cortes bovinos de alta qualidade). Há outros países, pequenos, como a Colômbia, que tem o café mais reconhecido no mundo. Isso é uma forma de agregação de valor", alertou o executivo durante nova live promovida pela Assembleia Permanente para a Eficiência Nacional (Aspen), por meio do Instituto Besc de Humanidades e Economia.
Para o CEO da John Deere no Brasil, não raro, o país acaba por promover uma espécie de autofagia em face de compradores internacionais. "Muitas vezes nos canibalizamos frente aos mercados. Temos a oportunidade de estruturar melhor nossa proposta de valor no pós-Covid. O fato de exportarmos soja não quer dizer que não há valor agregado. Mas podemos estruturar melhor essa oferta", pontua, ao sustentar ser oportuno um maior equilíbrio na balança comercial brasileira.
Com reconhecida trajetória no agronegócio brasileiro, Paulo Herrmann avalia que a Covid-19 encerra um longo ciclo de expansão e maturação da atividade econômica no Brasil, capitaneada pela agropecuária. Isso porque, segundo o engenheiro agrônomo e membro de diversos conselhos consultivos, o setor encara a pandemia com comprovada eficiência em protocolos sanitários, assegurando a entrega de alimentos em escala e com a sanidade exigida ao consumo humano.
"O Agro está dando uma grande demonstração de responsabilidade social e patriotismo. Enquanto o país parou, continuamos alimentando o povo brasileiro e o mundo. O mesmo Agro, que durante tanto tempo vem sendo atacado e diminuído, está dando uma resposta silenciosa a todos que colocaram em dúvida sua responsabilidade ambiental. O agro continuou trabalhando na pandemia, as vacas continuaram produzindo, os porcos continuaram sendo alimentados. O Agro não parou".
Herrmann também sugere que o país promova embaixadores da marca "made in Brasil", com a seleta escolha de expoentes para a assunção de postos em embaixadas do Brasil no exterior. Toque de diplomacia e empenho em convencimento da tecnologia, sustentabilidade e responsabilidade social e ambiental empregadas pela atividade no Brasil. "Conheço meia dúzia de ex-presidentes da Embrapa que voltaram a ser pesquisadores. Esses são os adidos ideais. Coloca-se um na Alemanha, um na França e assim por diante, mostrando a qualidade de nossa produção, o compromisso ambiental que temos aqui".
Críticas e desafios - Politização, globalização, midiatização exacerbada dos efeitos negativos da pandemia. Para painelistas convidados pela Aspen, esses aspectos ditam o Brasil neste momento. Para o autor do livro "O mito da austeridade", o economista Antonio Corrêa de Lacerda, uma agenda propositiva acaba por ser ofuscada por desnecessárias polarizações, protelando a adoção de medidas econômicas e sociais de enfrentamento à crise imposta pelo coronavírus com mais celeridade e robustez.
O presidente do Conselho Federal de Economia observa que o desafio de prover renda à subsistência de milhares de pessoas é, neste momento, um drama tão imperioso quanto os esforços em salvar vidas em meio às fragilidades na rede de atendimento à saúde no Brasil. Ele avalia como essenciais e acertadas as medidas de concessão de auxílio a pessoas de baixa renda e informais, adotadas pelo governo federal.
"Alguém poderia questionar: mas isso não vai aumentar o déficit público? Certamente. Mas se isso não for feito, teremos um efeito deletério ainda maior. A depressão econômica bate à porta. Agências estão prevendo uma queda do PIB da ordem de 5%. A crise pode se estender de forma muito intensa, de modo que a economia em não subsidiar esses recursos seria pequena. Sem isso, viabilizar a retomada das atividades seria muito mais difícil", sustenta Lacerda.
No campo das discussões políticas, para Paulo Herrmann, da John Deere, a condução de governos diante da onda pandêmica revela a fragilidade de lideranças que inspirem assertividade e confiança às nações na contemporaneidade. "Criou-se um sistema que está no limiar da histeria. Vai muito além do contágio, simplesmente. Fica claro que o mundo não tem uma liderança. O mundo se ressente de uma liderança. Não há senioridade. Tudo o que não precisamos neste momento é um debate entre grupos pra ver quem vai vencer ou apresentar o maior ou menor número de mortes", declara, ao apontar a chanceler alemã Angela Merkel como feliz exceção no contexto global.
As colocações se destacaram em meio à quarta webinar promovida pela Aspen, sob a articulação do Instituto Besc de Humanidades e Economia e o mote "O planejamento da retomada da economia". Os eventos on-line contam com o patrocínio das marcas Aliança, Dex Soluções, Iochpe-Maxion, JSL, Movida e Scania.

Data de Publicação: 28/04/2020 às 09:00hs
Fonte: Íntegra Comunicação Estratégica

Nenhum comentário:

Postar um comentário