Todo produtor de leite quer que suas vacas tenham elevada produtividade, mas em grande parte das fazendas brasileiras, isso não é um objetivo fácil de atingir
São muitos os fatores que afetam o desempenho produtivo e reprodutivo das vacas leiteiras, e para conseguir elevada eficiência, os produtores precisam estar atentos a todos. Como em qualquer negócio, há os aspectos que têm maior impacto sobre o resultado, e no caso da produção de leite um dos fatores que mais afeta a lucratividade é a saúde do rebanho.
O período mais desafiador para a saúde de uma vaca leiteira é a transição, classicamente as 3 semanas antes e as 3-4 semanas depois do parto. São muito impactantes. As alterações fisiológicas que os animais enfrentam na preparação para o parto e, início de uma nova lactação, em uma fase na qual, os animais, via de regra, sofrem de imunossupressão, ou seja, ficam muito mais sujeitos à ocorrência de doenças e distúrbios metabólicos, que normalmente se manifestam nos primeiros dias da lactação.
Para minimizar a chance de problemas é fundamental garantir duas coisas para as vacas: conforto e boa nutrição, tanto no pré, como no pós-parto imediato. Isso é imprescindível para que o sistema imune das vacas esteja ativo, protegendo adequadamente os animais. A falta de conforto no período de transição, resulta em aumento na demanda nutricional para mantença. Problemas como calor excessivo ou tempo inadequado para descanso, impõem às vacas um stress metabólico que “rouba” nutrientes que seriam destinados à proteção do organismo, e os animais ficam mais sujeitos às doenças típicas do início da lactação – metrite, retenção de placenta, cetose, etc.
Se além disso, as vacas não tiverem a nutrição adequada, o problema pode se agravar muito. A principal causa de descartes precoces em rebanhos leiteiros, (antes dos 60 dias de lactação) é justamente o manejo inadequado no período de transição. Um erro muito comum nas fazendas é justamente querer que as vacas produzam o máximo possível desde o primeiro dia da lactação. No período imediatamente após ao parto, o objetivo maior do produtor deve ser garantir à vaca as melhores condições para que possam se recuperar adequadamente do parto, e assim, possam desempenhar bem no período subsequente.
Impor às vacas um ritmo acelerado de produção nesse período inicial da lactação é uma estratégia perigosa, pois pode ser um desafio ainda maior do que o que elas já têm, por causa do balanço energético negativo que ocorre nas primeiras semanas pós-parto. A melhor estratégia nas primeiras 3 semanas pós-parto é focar na recuperação hormonal e na saúde das vacas, usando dietas menos agressivas, com teor de amido mais baixo, priorizando o uso de volumosos de alta qualidade.
Se dermos a elas as condições para se recuperarem adequadamente do stress do parto, buscando a maximização do consumo de alimentos (CMS), com menor stress metabólico, em um segundo momento (depois de 3-4 semanas) poderão expressar todo o seu potencial produtivo e, a ocorrência de distúrbios metabólicos será muito menor. Além disso, muito provavelmente retornarão mais cedo à atividade estral, o que contribuirá decisivamente para a melhoria da eficiência reprodutiva.
Riscos do Baixo CMS
Uma série de problemas decorre da baixa ingestão de matéria seca, típica do período de transição, dentre os quais três são considerados fatores de risco elevado, com a baixa do CMS:
• Leva à mobilização de gordura, que se for em grande quantidade pode levar à ocorrência de síndrome do fígado gorduroso, com subsequente desenvolvimento de cetose, resultando em prejuízo ao funcionamento do fígado;
• Prejudica o sistema imunológico, o que aumenta o risco de ocorrência de mastites e metrites;
• Faz com que o rúmen fique esvaziado, o que aumenta muito o risco de ocorrência de Deslocamento de Abomaso;
• Prejudica o sistema imunológico, o que aumenta o risco de ocorrência de mastites e metrites;
• Faz com que o rúmen fique esvaziado, o que aumenta muito o risco de ocorrência de Deslocamento de Abomaso;
Para minimizar os efeitos dessa redução de consumo, o melhor caminho é compensar de alguma forma a queda na ingestão de alimentos, de forma que a ingestão de nutrientes, especialmente energia, não seja tão prejudicada. O objetivo nas últimas 3 semanas de gestação é manter o teor de energia da dieta das vacas entre 1,45 e 1,60 Mcal/kg MS, sem que o teor total de amido da dieta passe de 18%. Depois do parto, o teor de energia deve ser ajustado à produção dos animais, mas é importante manter o teor de amido mais baixo, em até 20-22%.
Outro ponto muito importante no período de transição, está relacionado ao uso de aditivos que comprovadamente ajudam no fortalecimento do sistema imune, e melhoram o aproveitamento dos nutrientes da dieta. Todos os esforços no sentido de fortalecer o sistema imune das vacas, nesse período, serão recompensados amplamente se os animais não ficarem doentes no pós-parto imediato, voltando rapidamente à atividade reprodutiva e alcançando pico elevado de produção de leite.
Se o manejo nesses primeiros 20-30 dias pós-parto for feito dentro desse conceito, focando no conforto e sanidade das vacas, especialmente na saúde do rúmen, as vacas terão uma condição muito favorável para responder muito bem quando entrarem no lote de alta produção. A experiência da nossa equipe técnica com essa estratégia é muito positiva, principalmente em rebanhos de alta produção. É preciso lembrar que em relação ao período total do intervalo entre 2 partos, o período de transição representa no máximo 15% do total, e é justamente o melhor momento para investir no maior patrimônio dos produtores de leite: suas vacas!
Alexandre M. Pedroso - Consultor Técnico Bovinos Leiteiros
Data de Publicação: 01/04/2020 às 09:20hs
Fonte: Nutron/Cargill
Fonte: Nutron/Cargill
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