sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Entomologista revela como Austrália ‘virou o jogo’ contra a Helicoverpa
Entomologista revela como Austrália ‘virou o jogo’ contra a Helicoverpa
Entomologista revela como Austrália ‘virou o jogo’ contra a Helicoverpa
13/09/13 - 11:28
por Leonardo Gottems
Nas décadas de 70 e 80, a lagarta Helicoverpa spp quase dizimou a produção de algodão na Austrália, com sérios prejuízos financeiros, ambientais e sociais. Foi então que houve uma completa mudança na forma de combate à praga, com a adoção de um conjunto de medidas que reduziu significativamente o problema.
Este mês, o pesquisador entomologista David Murray, do Farming Systems Institute, esteve no Brasil e revelou como seu país conseguiu ‘virar o jogo’: mais Manejo Integrado de Praga (MIP) do que defensivos. Na prática australiana, os inseticidas só são utilizados caso existam pragas sugadoras. Mas as aplicações não podem passar de três. Desta forma, algumas safras chegam a ficar sem utilização de químicos.
“Criamos uma comissão gestora de pragas (IRMS), que desenvolveu a estratégia de manejo da resistência. A criação desse órgão foi liderada pelas indústrias de inseticidas. O governo investiu mais de dois dólares por fardo em pesquisa. O objetivo era preservar a vida útil de inseticidas de cada grupo. Foi proibido o uso de duas aplicações consecutivas de um mesmo grupo de produto. Ainda hoje, as restrições de utilização de defensivos são muito rígidas”, disse Murray que participou do 9º Congresso Brasileiro de Algodão (CBA).
Ele acrescentou que outro fator fundamental para o sucesso do programa foi o treinamento de pessoal que atuou no processo, bem como a conscientização dos cotonicultores, que não precisaram de lei nem decreto para aderir. “Todo mundo percebia a gravidade da situação. E ainda hoje não relaxamos na vigilância e cuidados. Para tanto, fazemos revisão todo ano dos procedimentos, momento em que avaliamos a necessidade de novas restrições às classes de inseticidas”, ressaltou.
No entanto, a Austrália só conseguiu baixar a população da Helicoverpa spp a um nível satisfatório com a introdução da biotecnologia “Cry1Ac”, um gene modificado presente no algodão BT. A tecnologia já está em sua segunda geração, a chamada “Cry2Ab” (Bollgard® II RR Flex), e já se prepara outra toxina ainda mais resistente aos insetos para o futuro. “É importante ficar sempre a um passo à frente senão o sistema de produção fracassa”, alerta.
David Murray é um entomologista que atua junto ao governo de Queensland, na Austrália, há mais de 38 anos. Ele passou os últimos 30 anos trabalhando em estreita colaboração com o setor do algodão australiano em Emerald e Toowoomba. Seu trabalho tem sido voltado às questões de manejo integrado de pragas, com grande foco em Helicoverpa spp.
Agrolink
Autor: Leonardo Gottems
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