segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Grupo Aurantiaca investe em projeto para aproveitar 100% do coco na Bahia
Grupo Aurantiaca investe em projeto para aproveitar 100% do coco na Bahia
Grupo Aurantiaca investe em projeto para aproveitar 100% do coco na Bahia
02/09/13 - 15:51
Alf Ribeiro
Alf Ribeiro
Roberto Lessa, vice-presidente do Grupo Aurantiaca: aproveitamento máximo do coco e desenvolvimento das comunidades são alguns dos principais focos da empresa
Na paisagem que compõe as rodovias pelo interior da Bahia, coqueiros não faltam. De várias espécies e tamanhos, eles vão aparecendo com mais frequência conforme nos aproximamos da pequena Conde, cidade de 25 mil habitantes, distante 182 quilômetros de Salvador. Ali, onde o tempo às vezes parece passar sem pressa, alguns moradores vêm percebendo mudanças em sua rotina desde que o grupo Aurantiaca se instalou na região.
O grupo, que inclui sócios brasileiros e norte-americanos, é composto por uma divisão agrícola e outra industrial, batizada de Frysk, e chegou em meados de 2011 com um projeto bastante ousado: investir fortemente na fabricação de produtos a partir do coco, aproveitando 100% de sua matéria. Longe de grandes polos industriais, mas próxima de uma das principais regiões produtoras do fruto no Estado, a companhia quer estimular o desenvolvimento da atividade de forma mais profissional e, consequentemente, ajudar a melhorar as condições em que vivem a maioria dos agricultores.
“Em nosso plano estratégico, optamos por nos instalarmos próximos das regiões produtoras, para garantir o abastecimento e também contribuir com o fomento da atividade e o desenvolvimento sustentável dessas comunidades”, explica Roberto Lessa, vice-presidente do grupo Aurantiaca.
Alf Ribeiro
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Fibra do coco seco é utilizada para a produção de biomantas e biorolos
Com um investimento inicial de R$ 270 milhões, o grupo já opera sua unidade de produção de biomantas e biorolos. Os produtos, ainda pouco conhecidos no Brasil, são utilizados em larga escala na Europa e têm como matéria-prima a fibra do coco seco. Por aqui, esses produtos são utilizados principalmente por empresas de mineração e construção civil, para a recomposição de encostas e áreas degradadas, mas também podem ser utilizados na indústria têxtil e automobilística, como enchimento de bancos. Entre os primeiros clientes da companhia estão nomes de peso como o Grupo Odebrecht e a construtora Galvan. “Atualmente compramos os fardos da fibra do coco diretamente dos produtores e as processamos em nossa fábrica”, explica Lessa.
Ao lado da fábrica de biomantas, está em fase final de construção a unidade que irá produzir água de coco, cujo início do funcionamento está previsto para janeiro do próximo ano. “Teremos capacidade para processar 158,4 milhões de frutos por ano”, revela Lessa. A produção será feita por um equipamento especialmente desenvolvido para as necessidades da companhia e que faz com que a água de coco saia do fruto e chegue até a caixinha sem contato com o ar. “Isso faz com que não seja necessário usar conservantes para aumentar a durabilidade e o sabor do produto”, afirma o executivo.
Segundo ele, esse procedimento é inédito no Brasil e o intuito da companhia é oferecer aos clientes um produto de alto padrão e o mais natural possível. Além das embalagens cartonadas Tetra Pak, o produto, cuja logomarca é guardada a sete chaves até o lançamento no final deste ano, também será comercializado em embalagens pet. “O mercado para água de coco, tanto dentro quanto fora do Brasil, tem enorme potencial. Isso porque a bebida, além de saborosa, carrega consigo a questão da saudabilidade, cada vez mais valorizada pelo consumidor”, avalia o executivo, informando que o mercado de água de coco nos Estados Unidos movimentou cerca de US$ 6 milhões em 2008. “Mas a estimativa é de que feche este ano com US$ 600 milhões. Só por esses números é possível ver o quanto esse mercado ainda tem para crescer”.
Até o final de 2014 as unidades produtoras de leite e óleo de coco também deverão estar funcionando a todo o vapor. Com o projeto do condomínio industrial pronto, a expectativa da companhia é chegar a 2022 com faturamento de cerca de R$ 500 milhões.
Parceria com produtores
Em uma terceira etapa, a Frisk também produzirá farinha de coco. Os resíduos que sobrarem de todas as atividades serão transformados em biomassa para abastecer as caldeiras e gerar energia por meio do vapor. Mas, para que todo o projeto seja realizado de acordo com o previsto, estabelecer uma relação próxima e duradoura com os produtores da região tem sido fundamental. Lessa explica que a maioria dos agricultores das redondezas são pequenos produtores familiares, que até então produziam sem nenhum incentivo e ficavam à mercê dos preços impostos pelos atravessadores, que compravam a produção, muitas vezes por valores abaixo dos custos de produção.
Alf Ribeiro
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Antonio da Silva, produtor de coco: com a chegada da empresa, agricultores esperam melhora dos preços
Era o caso de “seo” Antonio Inácio da Silva, que integra a Associação dos Lavradores de Altamira do Conde II, na cidade de Conde. Juntos, os 20 associados mantêm cerca de 440 hectares e atualmente comercializam a produção para atravessadores, que os revendem ao varejo. “O problema é que eles jogam o preço lá embaixo e não temos opção na hora de vender”, explica o produtor. Mas agora a expectativa dos associados é de que a situação melhore com a comercialização dos cocos para a Aurantiaca. “Estamos otimistas com a chegada da indústria; acho que o preço vai ser melhor e isso vai nos possibilitar investir no manejo e até ampliar a área de produção”, planeja Silva.
Ele explica que para o próximo ano, os produtores já planejam aumentar em seis hectares a área plantada para cada associado. “Estamos começando a dividir a área conjunta em glebas individuais, para que cada um possa cultivar sua própria área”
Quando estiver funcionando em pleno vapor, 50% da demanda por cocos da Aurantiaca será abastecida pelos produtores da região. “Já temos cerca de 74 produtores cadastrados”, explica Lessa. A outra metade da produção virá das três fazendas que o grupo mantém na região, que somam cerca de 2,1 mil hectares de plantio e 3,9 mil hectares de áreas preservadas. Nas propriedades, a produção é feita por um sistema de glebas, em que cada trabalhador, chamado de arista, é responsável pelo cultivo, manejo e produção de sua área.
Alf Ribeiro
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Marcos Aguiar, arista: trabalho na fazenda de coco trouxe mais responsabilidades e benefícios como carteira assinada e salário fixo
Marcos Antonio Santos Aguiar é um dos aristas da Fazenda São Bento da Barra. Ele cuida de duas áreas que juntas somam mais de 2,8 mil coqueiros. Há nove meses atuando na propriedade, ele conta que costumava trabalhar na produção de coco na região, mas que os serviços eram informais e nem sempre constantes. “Aqui tenho mais responsabilidades, mas também tenho carteira assinada, salário fixo e a vantagem de trabalhar sozinho, cuidando da minha área”, diz.
Juntas, as três fazendas mantém 110 aristas, que cuidam de coqueiros em fases e idades diferentes de cultivo. A variedade cultivada é o coqueiro anão, que segundo Lessa, tem melhor aptidão para produzir água de coco. “Enquanto o híbrido produz cerca de 150 mililitros por fruto, o anão produz cerca de 400 mililitros”, diz. A meta da companhia é produzir cerca de 200 frutos por árvore a cada ano, enquanto a média da região é de apenas 30 frutos por árvore ao ano.
Sou Agro
Autor: Juliana Ribeiro
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