domingo, 30 de novembro de 2014
Estratégia manteve os filhos por perto, trabalhando no campo, em SC
Saída dos jovens do campo para a cidade é muito comum hoje em dia.
Isso não aconteceu com a família Heck, que teve 16 filhos.
Edição do dia 30/11/2014
30/11/2014 09h30 - Atualizado em 30/11/2014 09h41
Helen Martins
Do Globo Rural
Uma única colônia, como chamam os mais antigos, era terra pouca para uma família tão grande, que Aloísio e Hilda construíram. Mas, de olho no futuro, o casal foi guardando um dinheirinho desde a sua chegada.
Alguns anos depois, Aloísio começou a pensar que, para manter os filhos no campo, a família unida, ele precisaria de mais terras. Foi quando começou, aos poucos, a comprar sítios vizinhos até adquirir um pedaço de terra para cada filho.
Como o dinheiro não estava sobrando e também como ensinamento, todos os filhos deviam pagar pelas terras. Até os 21 anos, o pagamento era com trabalho. Afonso, que hoje cria gado de corte, explica que eles pagavam para o pai em quilo de porco. “Ele convertia em quilo de porco por hectare. O fato de ter pago pela terra fez com que a gente valorizasse muito mais o que temos”, diz.
Cada filho tinha como começar na agricultura e ganhou uma vaca, uma porca, cinco galinhas e um galo. Era tudo igual, mas para isso tinha que ser bom filho, obediente, trabalhador e seguir as regras.
Hoje Edson, filho de Lúcia e Lindolfo, ajuda o pai nos cuidados com o gado de leite. Ele se formou em administração de empresas, pensou em arrumar emprego fora, mas voltou para o sítio. “O serviço no campo desestimula o jovem porque não tem sábado, não tem domingo, não tem horário. É de manhã cedo é à noite e o jovem de hoje é acostumado com serviço de segunda à sexta. No final de semana, ele quer liberdade e isso a questão agropecuária não permite”, conta.
Felipe, outro filho de Hilda e Aloísio, mora no sítio desde que se casou com Margarida. É ela quem cuida dos suínos.
Felipe mostra a cisterna que construiu para captação de água da chuva que é servida aos suínos, mas o maior trabalho dele no dia a dia é com as 41 vacas de leite. “O exemplo do pai, a gente conseguiu continuar pra gente ficar na agricultura”.
Os dois filhos mais velhos do casal, Rosilei e Odnei não quiseram viver no campo. Ela é professora e ele, mecânico de máquinas leves, que hoje sonha em voltar para o campo.
Por enquanto, Luany Vitória, de 10 anos, parece ser a mais decidida a não deixar o sítio. Ela quer ser veterinária.
O tio dela, Luiz, também cresceu na roça, mas não levava jeito para atividade. Ele só pode sair de casa depois de casado, aliás, essa era outra regra da casa, ninguém podia ‘encalhar’.
Foi ideia de Luiz comemorar as bodas de brilhante dos pais e ele trabalhou duro para a festa, mas, claro, a principal personagem do dia era Hilda, a noiva, 75 anos depois. Aloísio também já estava pronto, bem elegante, e na porta da igreja, o movimento era grande. Assista ao vídeo com a reportagem completa e veja como foi a cerimônia e a festa, repleta de surpresas e emoções.
tópicos:
Economia, Tunápolis
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