sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Na linha de frente das pesquisas
PUCRS e Petrobras inauguram Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais e investem no estudo da mais nova grande fonte de energia mundial, o hidrato de gás
A PUCRS concretizou na quarta-feira (26/11) um sonho antigo: ampliar a estrutura do Centro de Excelência em Pesquisa e Inovação em Petróleo, Recursos Minerais e Armazenamento de Carbono (Cepac) e transformá-lo no Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais, o IPR (na foto, o reitor da universidade, Joaquim Clotet, ao centro, descerra a fita). Com um investimento de R$ 15 milhões da Petrobras e da PUCRS, o pequeno prédio de dois andares que abrigava o Cepac cresceu. Agora, são sete pisos e cinco laboratórios com equipamentos de alto padrão que formam o que se espera ser um centro de referência em estudos de petróleo no Brasil.
Razões existem para que o IPR ganhe esta notoriedade. Entre os 12 estudos desenvolvidos pelo instituto está o Conegás, um dos mais ambiciosos e importantes projetos da Petrobras. Há quatro anos, a equipe de pesquisadores da universidade estuda a ocorrência do hidrato de gás (cristais de gases congelados localizados no fundo do mar) em Rio Grande, no sul do Estado. O hidrato de gás é considerado pelos especialistas como a próxima fronteira exploratória; ou seja, a próxima grande fonte de gás natural do mundo, cuja quantidade existente no planeta pode ser maior que a de todos os recursos de origem fóssil somados. Não por acaso, a Petrobras tem investido pesado no desenvolvimento do projeto. O Conegás recebeu na primeira etapa, que se encerra no próximo ano, R$ 23 milhões de investimento. Mais R$ 8 milhões devem ser investidos na segunda fase de estudos até 2017.
O IPR é o único centro de pesquisa que conta com uma estrutura dedicada especialmente para investigar o hidrato de gás no Brasil. Acredita-se que os cristais de gases estejam presentes no país somente na foz do Rio Amazonas e em Rio Grande. Desde 2011, quatro expedições foram feitas para a cidade do litoral gaúcho para recolher amostras que permitam aos pesquisadores da universidade ter indícios da existência, ocorrência e quantidade dos hidratos na região. O IPR conta ainda com um equipamento especial, chamado de planta-piloto (foto), em seu laboratório que simula as condições do fundo do mar. Nele é possível observar como os hidratos se estruturam no oceano a dois mil metros de profundidade e as consequências ao ambiente quando eles são extraídos.
Os projetos ligados ao hidrato de gás no mundo ainda são incipientes, segundo João Marcelo Ketzer, diretor do IPR. O maior desafio, além de identificar as reservas e a quantidade do hidrato, está em descobrir a forma de extraí-lo do fundo do mar, principalmente sem provocar efeitos adversos ao ambiente marinho. Até que possa ser utilizado como fonte de energia, serão necessárias algumas décadas de estudo e experimentos. “Talvez daqui a 20 a 30 anos, pós pré-sal no Brasil, provavelmente”, aposta Ketzer. Mas ele ressalva: “A velocidade do desenvolvimento das pesquisas vai depender muito da pressão por uma nova fonte de combustível e, como consequência, dos investimentos. Os Estados Unidos desenvolveram a extração do shale gás [gás de xisto] em quinze anos”.
Outros projetos
O IPR também vai ficar responsável, a partir do próximo ano, por realizar as análises das rochas do pré-sal que, até o momento, são feitas nos Estados Unidos. Com ajuda de um equipamento comprado pela Petrobras, a equipe do IPR poderá fazer a leitura da presença de cálcio e magnésio nas amostras extraídas dos campos do pré-sal. “Com isso, conseguimos entender como a rocha se formou e onde está o melhor reservatório para a exploração do petróleo”, explica Ketzer.
A Petrobras é a principal parceira do IPR, com projetos que envolvem também pesquisas sobre o gás de xisto e captura de gás carbônico. Mas Ketzer esclarece que a intenção é que o instituto amplie sua área de atuação e faça parcerias com outras empresas. “Temos muita capacidade analítica e estrutural que pode e deve atender outras áreas”, destaca. O IPR já foi procurado pelas faculdades de biologia e medicina da PUCRS, interessadas no estudo dos materiais orgânicos extraídos do fundo do mar nas expedições realizadas pelo instituto. “Estes microrganismos podem ter uma aplicação farmacológica, por exemplo”, ilustra Ketzer. A nova estrutura do IPR deve ajudar no desenvolvimento destas novas parcerias. O prédio tem capacidade para abrigar 120 funcionários. No momento, 50 pessoas trabalham no IPR, sendo metade estudantes de graduação, mestrado e doutorado da universidade. A ideia é que, em dois anos, a equipe ganhe o reforço de mais 30 colaboradores.
Data de Publicação: 28/11/2014 às 17:20hs
Fonte: Revista Amanhã
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