segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Desconhecimento atrasa escolha de Trump na agricultura, dizem analistas



A demora de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, na escolha do futuro secretário de agricultura do país é esquecimento ou falta de interesse pelo setor?



Pode não ser nenhum dos dois motivos. Afinal, a lista dos possíveis indicados que já passaram pelo comitê de seleção é longa. Ou seja, não há desinteresse.
A própria dificuldade de Trump em escolher o sucessor de Tom Vilsack, secretário de agricultura do governo Barack Obama, mostra que também não é esquecimento.
O motivo poder ser outro, segundo alguns participantes desse setor: desconhecimento.
A falta de conhecimento do futuro presidente do setor e a complicada pauta de campanha estariam dificultando essa escolha.
Pedro de Camargo Neto, que já participou do Ministério de Agricultura do Brasil e rodou o mundo em negociações comerciais em busca de novos mercados para a carne suína brasileira, acredita que Trump desconhecia as complexidades da atividade agropecuária dos Estados Unidos e das atribuições do Usda (Departamento de Agricultura). "É falta de conhecimento mesmo", afirma ele.
O Usda é o segundo maior prédio público de Washington, abaixo apenas da CIA, em número de funcionários, afirma o ex-secretário de Produção e Comercialização no governo FHC.
CONTRA ACORDOS
O futuro secretário de agricultura dos Estados Unidos vai ter de conciliar política agrícola eficiente com uma campanha presidencial que, em muitos momentos, jogava contra o agronegócio.
Trump é contra acordos de comércio. Mas esses acordos são necessários para o agronegócio, dando força ao setor, afirma Camargo.
O então candidato à Presidência dos Estados Unidos se posicionou contra o TPP (acordo Transpacífico, que engloba 12 países). Com ele, os Estados Unidos teriam acesso a uma boa fatia do mercado mundial agrícola em condições especiais.
A não confirmação desse acordo pelo futuro governo norte-americano daria um fôlego maior para os produtos brasileiros na região dos países do acordo, principalmente na Ásia.
Trump também quer impor limites no Nafta, o que pode resultar em perda de comércio dos EUA no Canadá e no México.
Camargo destaca, ainda, que o futuro presidente sempre se manifestou contra os imigrantes, uma força de trabalho importante para o agronegócio dos Estados Unidos.
Além disso, Trump é contra regulamentações públicas. Mas a Farm Bill é uma grande regulamentação, ditando quem planta o que para receber os subsídios.
Trump e o novo secretario vão ter de "costurar" a vida real da atividade agrícola com promessas de campanhas, muitas delas fora da realidade.
O resultado de tudo isso é importante para o Brasil, concorrente direto dos Estados Unidos no mercado internacional. Os dois países se destacam na lista de produtores e exportadores de vários itens, que vão de grãos a proteínas.

Milho - A produção nacional de milho poderá chegar a 98 milhões de toneladas na safra 2016/17. A avaliação é da consultoria Céleres, de Uberlândia.
Verão - A estimativa para a safra de verão é de 33,8 milhões de toneladas, enquanto a produção de inverno poderá chegar a 63,9 milhões, segundo a consultoria.
Soja - Na avaliação da Céleres, a produção da oleaginosa deverá atingir 105 milhões de toneladas. A safra anterior foi de 97 milhões

Data de Publicação: 16/01/2017 às 09:20hs
Fonte: Folha de S. Paulo

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