sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Embrapa apresenta alternativas para agricultura sustentável em Rondônia
28/11/14 - 00:00
A integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e o Sistema Plantio Direto (SPD) foram duas das principais tecnologias apresentadas pela Embrapa para o setor produtivo de Rondônia durante o Seminário de Agricultura Sustentável, realizado na última semana em Porto Velho. O evento atende a uma demanda do setor, que busca alternativas para o aumento de produtividade, associado à eficiência da atividade e o aumento na renda. Palestrantes renomados na área, de Rondônia e de outros estados, apresentaram alternativas que estão dando certo no restante do país, já estão sendo utilizadas no estado e podem ser mais bem aproveitadas pelos produtores de Rondônia.
A apresentação destas tecnologias e sua viabilidade surpreenderam positivamente os participantes do Seminário. Para Francisco de Assis, que saiu do interior do estado para participar do evento, o retorno para casa será com a bagagem cheia, mas de informações, que ele pretende colocar em prática e compartilhar com os demais técnicos agrícolas e produtores da região central do estado. “A gente poder aliar à produção agropecuária o ganho econômico, a questão social e o cuidado com o meio ambiente é o que precisamos aqui na Amazônia. Com certeza é um conhecimento que preciso levar para os produtores, são alternativas para que permaneçam no campo, mas com qualidade de vida e boa renda”, disse Francisco.
Para o coordenador do Seminário e engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia, Frederico Botelho, um grande passo foi dado. “A Embrapa vem atuando nacionalmente e com grande sucesso na integração Lavoura-Pecuária-Floresta e no Sistema Plantio Direto e em Rondônia não pode ser diferente, um estado com grandes potencialidades para a agropecuária e que precisa estar atento às demandas nacionais e internacionais, adequando seus sistemas de produção, tornando-o mais sustentável”, explica Frederico.
Pecuária e soja em Rondônia
Rondônia tem hoje sua força econômica baseada na atividade agropecuária. Tradicionalmente, o estado tem na pecuária de corte sua principal atividade, ocupando maior área e gerando divisas, sendo o quinto exportador de carne do Brasil, com 120 mil toneladas exportadas em 2013, o que corresponde a 10% do total nacional e 2% da exportação mundial. No entanto, em sua maioria, esta atividade explora áreas de pastagens com baixos índices de produtividade, principalmente devido ao alto nível de degradação em que estas pastagens se encontram. Dos quase 6 milhões de hectares de pastagens do estado, cerca de 70% estão em algum estágio de degradação, o que, segundo o pesquisador da Embrapa Rondônia, Vicente Godinho, é preciso ser revertido, pois é possível aumentar a produção sem a incorporação de novas áreas de vegetação natural. “A incorporação de áreas de pastagens degradadas ao processo de produção de grãos, por exemplo, diminui a pressão sobre a floresta”, conta o pesquisador.
Atualmente, a soja tem se expandido em Rondônia e hoje já é a principal atividade agrícola. Grande parte desta atividade tem utilizado áreas de pastagens degradadas, adotando tecnologias sustentáveis como o Sistema Plantio Direto. A soja também é a principal cultura do agronegócio brasileiro e dentre os vários estados produtores do país, Rondônia, em crescente expansão da área cultivada, contribuiu com aproximadamente 191,1 mil hectares semeados na safra 2013/14, área 14% maior em relação à safra anterior. E para a safra 2014/15 a expectativa é que a área semeada com a cultura atinja aproximadamente 230 mil hectares, o que corresponde a 20% de incremento (Conab, 2014).
Tendo em vista estes números expressivos da agropecuária de Rondônia, o pesquisador destaca que há uma demanda crescente por alimentos, o aumento das exportações de carne, a competição por espaço e a remuneração por qualidade. Assim como há grande pressão internacional para reduzir a taxa de abertura de novas áreas e aumentar a eficiência dos sistemas de produção. “Neste contexto, os produtores de Rondônia precisam estar atentos para tornarem-se cada vez mais competitivos e praticar uma agropecuária sustentável. O mais importante é que temos tecnologias para isso e o estado possui grande potencial para a produção de alimentos”, destaca Godinho.
Neste cenário, pesquisas demonstram que a integração das atividades agropecuárias é uma alternativa viável do ponto de vista técnico e econômico para a recuperação de áreas degradadas, promovendo o aumento da produtividade e trazendo benefícios tanto para os produtores quanto para o meio ambiente. Neste cenário, se encaixam pela viabilidade a integração Lavoura-Pecuária-Floresta e o Sistema Plantio Direto, que são tecnologias que compõem uma política pública prioritária do governo federal (Programa ABC), tida como estratégia governamental, visando à recuperação de áreas degradadas e à sustentabilidade ambiental.
O que é Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
A integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) é uma estratégia de produção sustentável, que
integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizadas na mesma área em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado, buscando efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema. Os objetivos do sistema são: aumentar produção de grãos, forragem, carne, leite, madeira e outros; reduzir riscos pela diversificação de atividades; recuperar áreas degradadas; e reduzir pragas, doenças e invasoras. Os principais benefícios do iLPF são a produção de alimentos e energia renovável de maneira sustentável; a redução dos impactos ambientais; a preservação de florestas e mata ciliar; e geração de empregos, renda e de melhores condições de vida; e a redução de pragas, doenças e invasoras.
Sistema Plantio Direto
O Sistema Plantio Direto (SPD) é uma técnica conservacionista em que o plantio é realizado sem as etapas do preparo convencional da aração e da gradagem, ou seja, sem o revolvimento do solo. Nessa técnica, é necessário manter o solo sempre coberto por plantas em desenvolvimento e por resíduos vegetais. Essa cobertura protege o solo do impacto direto das gotas de chuva e das erosões. O plantio direto pode ser considerado como uma modalidade do cultivo mínimo, em que o preparo do solo limita-se a linha de semeadura. Esse sistema de produção requer cuidados na sua implantação, mas depois de estabelecido, seus benefícios se estendem não apenas ao solo, mas também ao rendimento das culturas e promove uma maior eficiência dos sistemas agropecuários. Devido à drástica redução da erosão, reduz o potencial de contaminação do meio ambiente e oferece ao agricultor maior garantia de renda, pois a estabilidade da produção é ampliada em comparação aos métodos tradicionais de manejo de solo. Assim, o Sistema Plantio Direto é uma ferramenta essencial para se alcançar a sustentabilidade dos sistemas agropecuários.
Por Renata Silva
Rondonia Direta
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário