quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Mercado cuiabano conta com 12 agricultores orgânicos com certificação

Eles produzem hortaliças, frutas, legumes, cultivados de forma sustentável, contribuindo para saúde das pessoas e meio ambiente; defensivos químicos não são usados na agricultura orgânica
Nós plantamos saúde”, disse Luiz Arruda, agricultor familiar orgânico de São Miguel do Iguaçu (PR), participante do Projeto Itaipu Binacional. Ele foi palestrante, na manhã desta quarta-feira (26), no I Encontro de Produtores Orgânicos da Baixada Cuiabana, realizado no Centro Sebrae de Sustentabilidade em Cuiabá. Durante o evento, 12 produtores orgânicos da baixada cuiabana receberam o certificado Ecocert Brasil, um dos selos mais respeitados pelo mercado nacional e internacional. “ Estes doze certificados não aconteceram como um passe de mágica. Os produtores lutaram por isto, correram atrás e fizeram adaptações na forma de produzir “, afirmou Eneida Maria de Oliveira, diretora do Sebrae MT. Eles participaram do Projeto de Produção de Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), desde 2011, e do Projeto Território da Cidadania, ambos realizados pela instituição. O Sebrae MT os apoiou com consultorias e capacitações para obterem a certificação Ecocert, de origem francesa e que os habilita até para vender para a União Europeia. Os produtores certificados são de Cuiabá (1), Várzea Grande (3), Poconé (4) e Rosário Oeste (4). “Este certificado significa mais oportunidade de negócio no sentido de reconhecimento pelo nosso trabalho na linha da saúde, sustentabilidade e de benefícios sociais. O desafio, agora , é usar a certificação para entrar no mercado”, afirmou Erlon Bispo, presidente da Cooperativa Conexão Verde Vitória de Cuiabá. Dezessete cooperados fazem parte da cooperativa, que produz hortaliças. A entidade é autora da tecnologia social Conexão Cheiro Verde, baseada no reaproveitamento dos resíduos para produzir adubo, premiada pelo Finep nos anos 2005,2009 e 2012. Neusa Lopes da Silva, do Sitio Coração de Jesus de Rosário Oeste, estava satisfeita. “Mudou tudo. Os produtos orgânicos vendem mais”, resumiu. Ela conta que melhorou a casa, comprou carro e é fornecedora da rede de supermercados Big Lar. Sem veneno O paranaense Luiz Arruda confessou que adorava usar ‘veneno’ nas plantações, antes de conhecer a agricultura orgânica. “ “Eu era um produtor de soja convencional. Vimos que pequenos produtores iam ficar só na soja e milho, sendo apenas mais um. Quando participei de curso do Sebrae de agricultura orgânica, ví no primeiro dia que ia dar certo. Desisti da soja e comecei a mudar o jeito de produzir. Tinha técnico dando assistência”, contou ele. A agricultura orgânica muda a mentalidade do produtor, segundo Arruda. “Primeiro é preciso limpar a cabeça, depois o solo”, enfatizou. “Fui a pessoa que mais gostava de veneno. Não podia ver um inseto, que já botava veneno nas plantas. Pulverizava até 19 vezes o algodão”, exemplificou. Não faltou gente para dizer que não ia dar certo, segundo ele. O agricultor diz que hoje planta, gastando menos, quando colhe vende tudo, paga as despesas e há sobra. Na agricultura convencional, tinha de financiar a plantação e depois que colhia, só dava para pagar as despesas e o banco. Não sobrava nada. O Sítio Arruda abriu as portas para receber turistas rurais e serve café colonial ou coffee break para os visitantes. O empreendimento orgânico ficou famoso em São Miguel do Iguaçu. A Itaipu Binacional é cliente do sítio e leva suas visitas lá para conhecer o exemplo de Luiz. O empreendimento recebe turistas de todo o mundo e diversas regiões do país. Ele alertou os agricultores mato-grossenses que na migração para a agricultura orgânica há dificuldades, mas só até atingir o equilíbrio perdido com os defensivos e o modo convencional de plantar. A partir do terceiro ano, tudo fica bem. Luiz e sua família produzem mais de cem tipos de produtos, entre eles: café, amendoim, goiaba, banana, maçã, manga, mamão, aveia, hortaliças ( 35 variedades), palmito pupunha. A área do sítio Arruda é de 5 ha. Arruda é um dos integrantes da Associação de Produtores da Agricultura e Pecuária Orgânica de São Miguel do Iguaçu (Aprosmi). Entre os associados há indígenas, quilombolas e assentados. A entidade foi fundada em 2002 por 18 famílias de agricultores. Hoje são 250 famílias associadas. A Aprosmi possui centro de comercialização e utiliza o sistema agroflorestal e hortas-mandala para produzir. Conta com um abrigo para as crianças, filhos dos agricultores, para que possam trabalhar tranquilos no campo. “A agricultura orgânica melhora a qualidade de vida do produtor, dos produtos e dá lucro”, disse Marlene Schmitz, presidente da Aprosmi, que também falou no I Encontro de Produtores Orgânicos da Baixada Cuiabana. Data de Publicação: 27/11/2014 às 18:30hs Fonte: Expresso MT

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