terça-feira, 4 de novembro de 2014
Para sobreviver setor canavieiro precisa se repensar e se reposicionarvoltar
Para sobreviver setor canavieiro precisa se repensar e se reposicionar
A reeleição da presidente Dilma Rousseff traz a certeza de que os produtores e investidores da cadeia produtiva sucroenergética passarão por dificuldades piores do que as atuais. A extinção dos empregos se acentuará, mais usinas fecharão, aumentará o número das 70 que já estão em recuperação judicial, a indústria de base continuará convivendo com a falta de pedidos e a inadimplência imposta pelas usinas descapitalizadas.
A crise também se acentuará nos cerca de 1 mil municípios canavieiros nos 14 Estados que produzem cana e a transformam em açúcar, etanol e bioeletricidade. Os gestores públicos sabem que a procura dos serviços sociais e médicos destes municípios crescerá e tendem a entrar em colapso.
Se durante os quatro anos do seu primeiro mandato e também durante toda a baixaria que marcou esta última campanha política a presidente nada fez e nada prometeu em favor do setor que já foi a vitrine brasileira no mundo em relação a produção de energia limpa e renovável, ninguém acredita que ela mude de postura agora, mesmo pouco menos da metade dos eleitores não votaram nela.
O PT marcha, célere, para seu projeto de se eternizar no poder. E consegue avançar não pelos seus méritos ou propostas e sim – como já afirmamos aqui – pela oposição medrosa e covarde que lhe fazem os políticos da base adversária. Base esta que se acomodou e que se mostrou extremamente frágil – haja vista a derrota de Aécio Neves em seu Minas Gerais, seu Estado natal – como oposição à roubalheira e aos sucessivos escândalos que são a marca do PT no poder.
Com a experiência de quem acompanha, há mais de 35 anos o setor canavieiro, vale ressaltar que a crise que aí está não pode ser colocada apenas no colo da presidente Dilma e do seu antecessor, o agora já virtual candidato à presidência da República em 2018, Lula.
O prof. Marcos Fava Neves, da USP, credita a culpa da crise à presidente na ordem de 70%. E, generoso, deixa os outros 30% às lideranças do setor, muitas das quais arcaicas – para não dizermos medievais! – que insistem em ocupar postos para os quais não têm a mínima aptidão e muito menos vocação.
A última grande tentativa de ocupar espaço nos principais foros políticos que decidem o futuro do País, foi a criação das “Frentes Parlamentares”. Em poucos dias, nada menos do que sete foram criadas. A falta de sinergia e entendimento entre os principais atores dos elos da cadeia produtiva enterraram de vez estas iniciativas.
Crise é um ideograma chinês que pode ser traduzido como risco e oportunidade. Pois bem, emergidos e submergidos na crise que aí está e que lembra muito bem o fim de outro ciclo como o da borracha, por exemplo, os produtores deveriam, através do bom senso e do respeito (valores que faltam à muitos dos nossos poucos líderes autênticos) tentar, primeiro, a conciliação entre os elos da cadeia produtiva.
Como falta visão estratégica e até informações aos nossos pretensos líderes, eles deveriam ter a humildade de procurarem se assessorar por quem, por experiência e conhecimento, possam levá-los e conduzi-los a um outro patamar, onde a negociação e os compromissos de sustentabilidade social e ambiental falam mais alto e podem se constituir no grande diferencial deste setor.
É ridículo e constrangedor ver lideranças do setor se limitarem a reivindicar, publicamente, o fim da CIDE como solução para a crise do setor. São os mesmos que aplaudem as migalhas que o governo faz de conta que concede ao setor para tentar levar a manada mais rápida para o abatedouro.
Dinheiro e lucro, por si só, não é, definitivamente, o que manda. Que o diga o ex-bilionário internacional Eike Batista, símbolo maior do empreendedorismo daqueles que foram ‘apoiados’ pelo governo que aí está. Ou então a lambança que envolve as maiores empreiteiras brasileiras e um bando de ladrões que se travestiram de políticos e tomaram de assalto aquela que ainda é a maior empresa brasileiro.
Em conversas informais, pelo menos um usineiro, daqueles de grosso calibre, afirma que vai suportar os reveses de não mais do que uma safra (a de 2014/2015). Depois disto, ele não vai resistir ao assédio e propostas que têm recebido de um grupo ligado a um grande político deste País. Segundo este mesmo empresário, outras grandes cinco usinas já estão na alça da mira da família deste político.
Quem viver, verá!
Ronaldo Knack é Jornalista e graduado em Administração de Empresas e Direito. É também fundador e editor do BrasilAgro
Data de Publicação: 04/11/2014 às 15:00hs
Fonte: BrasilAgro
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário