segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Soja: Noite vira dia em MT

03/11/14 - 00:58 Na tentativa de recuperar o tempo perdido pela escassez das chuvas, trabalhos seguem para garantir milho em 2015 Depois de mais uma semana com o plantio da safra de soja parado, em Mato Grosso, entre os dias 10 a 18 de outubro, e de caminhar a passos lentos após o retorno precário das chuvas na penúltima semana do mês, os trabalhos, ainda que em ritmo aquém do esperado para o momento, avançaram graças à disposição – e ao aparato - do produtor que segue dia e noite acelerando plantadeiras para recuperar o atraso. Em todas as regiões do Estado as máquinas avançam noite dentro há vários dias. Como a maior parte delas é dotada de alta tecnologia, como GPS, por exemplo, é possível alinhar a semeadura e não sofrer perdas de produtividade com o ‘serão’. Mesmo atrasado em relação ao ano passado, o plantio registrou de 24 a 30 do mês passado, o maior avanço semanal já registrado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), ao passar de uma cobertura de 20% para 40,54%, dobrando a área coberta. Ou seja, dos 8,8 milhões de hectares estimados, 3,56 milhões estão cultivados com a soja. No entanto, na comparação anual, há um atraso de 31,18 pontos percentuais em relação a igual momento do ano passado, quando mais de 70% da área estava semeada. O avanço semanal, como reforçam produtores, reflete mais a insistência, do que as condições meteorológicas. As chuvas seguem escassas e desuniformes. E agora, quando é preciso concluir o plantio, chuvas em demasia impedem a entrada das plantadeiras no campo. O excesso das precipitações começa a ser reportado na região de Nova Mutum e Santa Rita do Trivelato, médio norte do Estado. ATENÇÃO – A evolução traz alívio e preocupação ao mesmo tempo e não cessa as dúvidas em relação à safra 2014/15. Segundo o diretor Administrativo e Financeiro da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Nelson Piccoli, a boa notícia é que com mais de 3,5 milhões de hectares plantados antes da virada do mês o Estado assegura 60% da área do milho safrinha dentro da janela ideal do cereal, que se fecha depois do dia 20 de fevereiro, justamente quando a soja que foi plantada até o final de outubro estará em ponto de colheita. “Mas, seguimos com a certeza de que a área destinada ao cereal será menor, afinal, 40% da área, destinada ao milho safrinha está comprometida e não temos ideia do que será de fato semeado e tão pouco, de qual será a produtividade”. Como reforça, depois do dia 25 de fevereiro, o milho que for plantado estará a cada dia com o potencial de produtividade reduzido. “O milho que for plantado nesses 40% de área, será de baixa tecnologia aplicada, pois o risco de seca no desenvolvimento é muito grande e pode nem vir a produzir”, alerta. A cultura sucede a soja em Mato Grosso e é cultivada na medida em que a oleaginosa é colhida, os trabalhos são simultâneos. A notícia ruim é que o produtor está incorrendo, mesmo alheio a vontade, ao plantio concentrado. Em razão do atraso, como destaca Piccoli, Mato Grosso, maior produtor do grão, estará com cerca de 80% da sua lavoura cultivada em um curto intervalo de tempo, em pouco mais de 15 dias. “E todo esse volume estará no ponto de colheita no mesmo momento. Se chover de forma intensa e contínua, como foram nos últimos dois anos a partir de fevereiro, teremos atrasos novamente, vamos ver soja se perder na lavoura por passar do ponto de colheita e vamos estreitar ainda mais a janela do milho. Tudo planejamento do produtor em escalonar o plantio para ter janelas boas de colheitas se perdeu nesse início complicado de safra”. CLIMA – A perspectiva de Piccoli é a de que o plantio se encerre entre os dias 18 e 19. Como explica, as chuvas que retornaram nos últimos dias têm pequenos volumes pluviométricos, suficientes para germinar as plantas, mas alerta que o solo continua seco e não resiste a nova estiagem. “Ainda contabilizamos a necessidade de replantio. Há sinalizações em várias partes do Estado, mas nenhuma decisão tomada até que o clima se estabeleça”. Diário de Cuiabá Autor: MARIANNA PERES

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