quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Pequenos querem dar goleada no campo dos negócios da Copa em MT

Pequenos querem dar goleada no campo dos negócios da Copa em MT 02/01/14 - 08:22 Longe dos gramados e dos holofotes do maior evento esportivo do mundo - a Copa do Mundo de Futebol - pequenos produtores e agroindústrias ligadas à produção familiar de alimentos se preparam para aproveitar a visibilidade do megaevento, fomentar seus negócios e gerar renda. Alguns já estão preparados, enquanto outros vão descobrir as oportunidades. De olho em 2014, querem fazer do Mundial a grande vitrine para novos produtos, que aproveitam as características regionais de cada Estado sede. A estratégia é conquistar turistas e fidelizar o público brasileiro desde o pré ao pós-copa. E as razões para investir são muitas. Afinal, pelas contas do governo, 600 mil turistas estrangeiros e outros 3,1 milhões de brasileiros vão circular pelas 12 cidades-sedes durante o mundial, entre os dias 12 de junho a 13 de julho de 2014. A promessa é que indiretamente injetem na economia nacional quase R$ 113 bilhões como prospecta o Governo Federal. "É certo que o consumo de alimentos irá aumentar neste período da Copa e há demanda", afirma Marisbeth Gonçalves, gestora do Projeto Sebrae 2014 em Mato Grosso. Esta é uma das brechas que os mato-grossenses querem explorar, aproveitando a vocação de grande produtor brasileiro de grãos do Estado. “O público que virá para Copa do Mundo está relativamente capitalizado e este é o momento em que buscam produtos diferenciados. Há uma gama de oportunidades, mas os segmentos têm que se organizar para o mundo saber que eles existem”, avalia o economista Amado de Oliveira Filho. Japoneses, russos, colombianos, entre outros torcedores que viajarem até Cuiabá para acompanhar seus times irão experimentar na capital mato-grossense sabores novos e até mesmo personalizados. Pelo menos essa é a meta. “Já preparamos o nosso lançamento para a Copa”, diz a administradora Diana Paula Durigon, da Mandioca Aricá. A microempresa que tem 13 anos de vida comercializa a mandioca livre de produtos químicos e aposta em um novo produto para 2014: a mandioca palito. Ela é similar à batata palito e pode ser incorporada à alimentação e até mesmo servir como aperitivo em bares, restaurantes e outros comércios do ramo. "Fizemos uma embalagem com o designer para a Copa e já iremos lançar no início do próximo ano”, afirma a administradora. A matéria-prima da agroindústria é produzida por pequenos produtores da Associação de Pequenos Produtores Rurais Buriti Grande, em Santo Antônio do Leverger, a 80 km de Cuiabá. E é nessa comunidade também que a agroindústria opera. Por mês, até 12 toneladas de mandioca já descascada são entregues na indústria pelos produtores familiares. Depois de processadas e embaladas elas chegam ao consumidor final já prontas para o consumo. A lista de opções vai de mandioca amarela, branca, congelada a palito ao pó da folha da mandioca, este último indicado na suplementação alimentar. O produto agroecológico 'Folha de Mandioca' é também doado às Pastorais da Criança de Brasília e Cuiabá para confecção da multimistura. Na cidade do peixe Pela capital mato-grossense devem passar mais de 122 mil turistas brasileiros durante o campeonato mundial, segundo prevê o Ministério do Turismo. O grupo deve movimentar R$ 656 milhões na economia local. E parte dos gastos está ligada à alimentação. Na hora do happy hour, o 'Pacu Chip's' entra em cena. O produto ainda é novo no mercado e tem uma produção pequena, mas que já começa a cair no gosto da clientela. Foram pelo menos quatro anos para concebê-lo, mas, aos poucos, vai chegando de forma pulverizada aos bares, distribuidores de bebidas e algumas conveniências de Cuiabá. “A aceitação do 'Pacu Chip's' foi fora do comum. Mas foram quatro anos estudando como desenvolvê-lo. Uma ideia que nasceu na família”, comemora Kleverson Figueiredo Teixeira. Semanalmente, 250 pacotes com o alimento chegam aos comércios cuiabanos. A matéria-prima usada é a Tambatinga, resultado do cruzamento entre outros peixes, entre os quais o Pacu, uma 'figura' conhecida do povo cuiabano. O Pacu está inclusive em um dos mais famosos ditados da capital: "Quem vai a Cuiabá e come cabeça de Pacu jamais vai embora". O aumento na demanda e a aceitação pelo produto cuiabano já faz a família planejar novos ares. Mas, para isso, eles sabem que vão buscar orientação especializada para expandir o projeto. “Hoje nossa produção não é em grande escala. A ideia é manter o negócio em família, mas buscar a orientação”, conta o Kleverson. Cada pacote de 90 gramas do 'Pacu Chip's' no atacado sai por R$ 2,50. O item pode ser adquirido também mediante encomenda diretamente com a família produtora. Na lista de produtos disponíveis da Peixinho Quero Mais estão ainda a 'pizza-peixe' e o peixe pronto para assar. Oportunidades mapeadas Mas conquistar espaço não é uma tarefa fácil, como lembra a administradora do Sebrae 2014, Marisbeth Gonçalves. Nas palavras da representante, o pequeno produtor sabe das oportunidades, mas o grau de informações que possui fará a diferença. “Há muita carência pela informação. Elas existem, mas nem sempre os produtores estão atentos à forma de como aproveitá-las", avalia. Esta foi uma das conclusões a qual chegou o programa no Estado, após realizar um mapeamento em toda cadeia produtiva. Apenas em Mato Grosso o mapa de Oportunidades elaborado pelo Programa Sebrae, junto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), elencou 515 oportunidades que podem ser geradas em função do evento esportivo. Elas se dividem em diferentes ramos, predominando no de serviços (81 oportunidades), agronegócio (81), comércio varejista (75) e construção civil (73). Mas também poderão aproveitar as brechas a produção associada ao turismo, o setor têxtil e de vestuário, de madeira e móveis, Tecnologia da Informação e turismo. As ações do programa começaram em Mato Grosso ainda em 2011, apontando as potencialidades de cada ramo. Apenas no agroindustrial, são cerca de 100 microempresas sendo acompanhadas pelo projeto com consultorias na área tecnológica, melhoria de processos, inovação de produção, mercado e gestão. Restando seis meses para o Mundial 2014, os pequenos produtores sabem que as oportunidades existem, mas em muitos casos, sozinhos podem não fazer a diferença. Os desafios estão batendo à porta. "Há desafios estruturantes que não se resolvem de uma hora para outra, como na cadeia da agricultura, que é a logística e a regularidade dos produtos que são produzidos", conclui Marisbeth. Agrodebate Autor: Leandro J. Nascimento

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