quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
26/02/2014 - 13:13
26/02/2014 - 13:13
Lagarta faz Amapá perder cinco mil toneladas de grãos
G1
Uma nova espécie de lagarta está causando prejuízos ao setor primário do Amapá. Em 2013, ela atingiu em torno de 20% da safra de grãos do estado, resultando na perda de cinco mil toneladas na produção dos produtos, segundo apontam pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa). A lagarta, chamada de Helicoverpa armigera, foi encontrada pela primeira vez no Amapá em 2012, mesmo período da descoberta da espécie no país. O poder de destruição da praga, que já teve registros de ataques até a pneus, tem surpreendido pesquisadores, que realizaram nesta terça-feira (25) em Macapá um ciclo de palestras de orientação ao combate da lagarta.
De acordo com o analista da Embrapa Gustavo Castro, os ataques da Helicoverpa armigera se propagaram em culturas agrícolas amapaenses a partir de 2013. A praga atingiu propriedades entre os municípios de Macapá e Tartarugalzinho, a 230 quilômetros da capital. As plantações que sofreram prejuízos foram de soja, milho, arroz e feijão.
"A produção de grãos no Amapá em 2013 fechou com 25 mil toneladas. Acreditamos que se não houvesse essa praga, ela poderia chegar a 30 mil toneladas. (...) A Helicoverpa é muito voraz e consegue atingir muitas culturas de plantações, o que dificulta o combate", comentou Castro.
As palestras fazem parte do projeto 'Caravana da Embrapa' e servem para ajudar técnicos e produtores no combate da infestação da praga, que teria surgido na Bahia.
Pesquisadores concluíram que a praga se propagou no Amapá e no restante do país por causa da falta de predadores naturais para combater a espécie, causada pela forma inadequada do manejo agrícola, com uso de agrotóxicos.
"O produtor pensa em um modelo de combate a pragas, que consiste na aplicação de inseticidas porque essa forma é mais barata. Mas, nem todas são mortas, e inimigos naturais acabam morrendo, o que provoca um desequilíbrio natural. A Helicoverpa, por exemplo, está deixando de ter predadores porque destruíram esses inimigos", explicou o coordenador da Caravana da Embrapa Jefferson Costa.
A maneira mais adequada para acabar com a infestação da lagarta em plantações no Amapá seria com base em monitoramento da espécie através de Manejo Integrado de Pragas (MIP). A intenção é fazer com que a lagarta tenha de volta os inimigos naturais.
"A nossa mensagem de combate é baseada em pilares do Manejo Integrado de Pragas, que envolve produtos químicos, biológicos, monitoramento do manejo de culturas agrícolas e demais tecnologias. Como a lagarta atinge diversas plantações, queremos que o produtor não pense apenas na produção do arroz, do milho ou do feijão, mas em toda a fazenda porque ela ataca vários sistemas de culturas, tanto que houve registro da praga comendo até pneu", reforçou Jefferson Costa.
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