quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Caixa-forte da biodiversidade recebe sementes de feijão da Embrapa

Caixa-forte da biodiversidade recebe sementes de feijão da Embrapa 26/02/2014 16:19 O presidente da Embrapa, Mauricio Lopes, depositou nesta terça-feira (25) 514 acessos de feijão (Phaseolus vulgaris) que irão se juntar a mais de 20.000 culturas provenientes de mais de 100 países que também chegam esta semana no Silo Global de Sementes de Svalbard (SGSV). Nesta viagem à Noruega, Mauricio também foi empossado como um dos seis novos membros do conselho executivo do Fundo Global da Diversidade Agrícola (Global Crop Diversity Trust). Em 2012,a Embrapa havia enviado ao banco nórdico 264 acessos de milho e 541 acessos de arroz. A iniciativa é decorrente do acordo assinado entre a Embrapa e o Real Ministério de Agricultura e Alimentação da Noruega, em 2008. Atualmente, o Silo Global guarda tesouros como amostras que incluem desde uma coleção universitária de cevada vinda do Japão até um quiabo vermelho exótico do Tennessee. A caixa forte norueguesa tem capacidade para quatro milhões e quinhentas mil amostras de sementes. O conjunto arquitetônico conta com três câmaras de segurança máxima situadas ao final de um túnel de 125 metros dentro de uma montanha em uma pequena ilha do arquipélago de Svalbard situado no paralelo 780 N, próximo do Polo Norte. Atualmente são 820.619 amostras . As sementes são armazenadas a 20ºC abaixo de zero em embalagens hermeticamente fechadas, guardadas em caixas armazenadas em prateleiras. O depósito está rodeado pelo clima glacial do Ártico, o que assegura as baixas temperaturas, mesmo se houver falha no suprimento de energia elétrica. O frio e a baixa umidade garantem a mínima atividade metabólica, mantendo a viabilidade das sementes por um milênio ou mais. Coleções nucleares- Segundo o pesquisador Paulo Hideo, responsável pelo Banco de Arroz e Feijão da Embrapa, o termo coleção nuclear, também conhecido no meio científico como core collection, é utilizado para definir um grupo limitado de acessos derivados de uma coleção vegetal, escolhido para representar a variabilidade genética da coleção inteira. Tradicionalmente, as coleções nucleares são estabelecidas com tamanho inferior a 10% dos acessos de toda a coleção original e incluem aproximadamente 70% do acervo genético. “São coleções pequenas, mas estratégicas. Apesar do número reduzido de acessos, representam grande parte da variabilidade genética das espécies vegetais e normalmente não contém duplicatas”, explica a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF), Marília Burle. A seleção dos acessos para a coleção nuclear de feijão enviada ao Banco de Svalbard é resultado de diferentes modelos biométricos de amostragem. Esses modelos deram origem a várias coleções que foram comparadas entre si e escolhida a mais robusta, ou seja, a mais representativa. Na verdade, as coleções nucleares são recomendadas pelo Banco de Svalbard, como deixou claro o coordenador de operações, Ola T. Westengen, visto que garantem a conservação das espécies e ocupam menos espaço no banco, que tem capacidade para quatro milhões e quinhentas mil amostras de sementes de todas as partes do mundo. Feijão, arroz e milho: importância alimentar e cultivo secular no Brasil- A escolha, pela Embrapa, das culturas agrícolas enviadas a Svalbard – feijão, arroz e milho - atende a uma das recomendações do Banco quanto à relevância para a segurança alimentar e agricultura sustentável. Além disso, como afirma Burle são culturas que apesar de não serem originárias do Brasil, são cultivadas no País há séculos e, por isso, possuem características de rusticidade e adaptabilidade às condições nacionais. A conservação das espécies vegetais de importância alimentar é uma preocupação da Embrapa desde a sua criação em 1973. Prova disso é que a Empresa possui hoje o maior banco genético vegetal do Brasil e da América Latina, com mais de 120 mil amostras de sementes de cerca de 670 espécies agrícolas de importância socioeconômica, conservadas a 20ºC abaixo de zero na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Opção para o futuro- “Todo e qualquer depósito no silo fornece uma opção para o futuro”, disse Marie Haga, diretora-executiva do Fundo Global de Diversidade Agrícola. E acrescenta “em um momento de demanda sem precedentes em nosso ambiente natural, é fundamental conservar os recursos fitogenéticos para a alimentação e a agricultura. Isso vai garantir aos agricultores e criadores de plantas acesso contínuo às matérias-primas de que necessitam para melhorar e adaptar as culturas. Conservação da diversidade de culturas garante que a base da nossa agricultura está segura para o futuro. Baseando-se em uma coalizão global de governos e doadores privados, o Fundo Global de Diversidade Agrícola está construindo um Fundo de Doações, que irá proteger a diversidade das principais culturas alimentares do mundo em bancos de germoplasma”. Fonte: Assessoria

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