quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Opção de segunda safra no Estado favorece população de nematóides
Opção de segunda safra no Estado favorece população de nematóides
27/02/14 - 08:26
Plantar soja como opção de segunda safra aumenta o número de nematóides, aponta a pesquisadora em Nematologia da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária do Mato Grosso (Fundação MT), Rosangela Silva. Em visita a lavouras de diversos municípios de Mato Grosso a entidade identificou diversas áreas nessa situação. Um dos riscos que o produtor corre ao substituir o milho, algodão ou outra cultura por soja novamente é o aumento das populações de nematóides. “Se em uma safra, a cultura já está comprometida em algumas áreas do Estado, imagine fazendo uma safra sequencial de soja. Isso porque os nematóides precisam de plantas não hospedeiras para reduzir a população e continuar mantendo a soja no sistema”.
Esses parasitas – que podem ser de lesão, de cisto e de galha – são invisíveis ao olho nu e ainda impõem sintomas que mascaram outras pragas e doenças. Há poucos anos esses vermes eram secundários, mas na última década se disseminaram por todas as regiões do Estado.
A não variação do hospedeiro deixa o caminho livre para que os nematóides se reproduzam com facilidade. “Ele se mantém na área, aumenta a população e causa muito mais danos. Em no máximo dois anos fazendo essa sucessão de soja, o produtor provavelmente terá de tomar medidas radicais para controlar a situação depois”, aponta a pesquisadora.
Outro ponto importante é com relação ao nematóide de cisto, que tem grande variabilidade genética, nesse caso, conforme Silva, o cuidado deverá ser ainda maior. “Com este tipo de nematóide identificado na propriedade o manejo é ainda mais complexo, já que o produtor estará usando cultivares resistentes ao patógeno sucessivamente. Assim, a probabilidade de se induzir a resistência às novas raças de cistos é alta”.
Para esse nematóide, que tem estrutura de resistência, o ideal seria que o produtor fizesse a rotação de culturas, como explica a especialista. “Exemplificando, o agricultor poderia plantar soja na primeira safra e crotalária para a segunda. No próximo ano/safra o ideal é que se cultivasse o milho na mesma área. Além do efeito de entressafra tem também o de safra”.
EVENTO - Este assunto e outros foram tratados durante as rodadas da Fundação MT em Campo 2014. O evento começou em janeiro e foi finalizado este mês. Foram realizadas seis rodadas passando pela região do médio norte, norte, sul, Vale do Araguaia e Parecis, reunindo toda a classe ligada ao agronegócio.
“O Fundação MT em Campo alcançou seu objetivo de aproximar pesquisadores, resultados de pesquisas, informações e dados com os produtores. E neste ano passou por reformulações em seu formato, garantindo dinamismo e oportunizando divulgar informações atuais e de importância para o sucesso nas lavouras”, avaliam os pesquisadores da entidade. Foram dois formatos diferentes aplicados nas rodadas, sendo que em Nova Mutum e Rondonópolis, a Fundação MT abriu as portas das suas estações de pesquisa para o público. Em Campo Novo do Parecis, Sorriso, Primavera do Leste e Querência o modelo foi outro. Uma equipe de pesquisadores da instituição, de diferentes especialidades, visitaram propriedades rurais da região para traçar um raio-x da safra.
Diário de Cuiabá
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