segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Com recuo de commodities, PIB terá alta menor
Se a recente queda de preço das commodities agrícolas e metálicas se prolongar ao longo de 2015, a economia brasileira poderá crescer ainda menos que o previsto no ano que vem
A Nomura Securities, por exemplo, estima em relatório divulgado semana passada que o recuo prolongado de preços faria o Produto Interno (PIB) do Brasil crescer 1,8% no próximo ano, em vez de 2,1%, estimativa que é o cenário-base da instituição. De acordo com a Nomura, 70% das exportações do Brasil são commodities, com minério de ferro, Soja e Petróleo bruto sendo os três principais produtos.
Sílvio Campos Neto, economista- sênior da Tendências Consultoria Integrada, destaca que, embora as matérias-primas em geral sejam relevantes na pauta exportadora, o Brasil seria mais sensível à queda dos preços dos minérios. A previsão da consultoria é que os preços do minério fechem 2014 com queda de 10%. Para Campos Neto, os preços não devem se recuperar no ano que vem, porque há excesso de oferta no mercado global. "Isso certamente não favorece uma recuperação dos preços, o que limita a possibilidade de melhora da balança comercial no curto prazo." A queda nas cotações das commodities piora também a relação entre a evolução do preço das exportações e das importações, os chamados termos de troca, que têm sido favoráveis ao Brasil nos últimos anos, diz Rafael Bacciotti, da Tendências. O avanço dos termos de troca na última década estimulou o acúmulo de recursos vindos do exterior para financiar o aumento das importações no país, o que permitia o crescimento da absorção doméstica (consumo, investimento e gastos públicos) em ritmo mais rápido que o do PIB.
"Esse crescimento explicável pelo acúmulo de poupança externa não deve acontecer nos moldes que acontecia antes", diz Bacciotti.
Segundo ele, o cenário mudou.
A perspectiva de que a China em desaceleração comprará menos commodities do que antes transformou o que até agora foi estímulo externo em limitador do crescimento brasileiro. "A renda deve se expandir de maneira mais alinhada ao PIB nos próximos anos. Isso é um desafio, porque não teremos mais o boom de commodities e o fluxo de capitais também deve se reduzir", diz.
O cenário de menos recursos externos entrando no país ajuda a explicar a previsão da Tendências de desvalorização do câmbio nos próximos meses. A moeda americana deverá terminar 2015 em R$ 2,79, depois de fechar este ano a R$ 2,58. "Isso tem como fundamentos tanto a alta global do dólar, com expectativa de início de ajuste da política monetária americana, quanto a questão das commodities e dos termos de troca que não serão tão favoráveis como nos anos anteriores", diz Campos Neto.
Data de Publicação: 03/11/2014 às 19:10hs
Fonte: Canal do Produtor
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