domingo, 28 de fevereiro de 2016

Almir Sater busca dentro do campo a inspiração para compor suas músicas

Edição do dia 28/02/2016
28/02/2016 08h50 - Atualizado em 28/02/2016 08h50


Almir Sater busca dentro do campo a inspiração para compor suas músicas




Além de cantor e compositor, Almir também é fazendeiro. O repórter José Hamilton Ribeiro acompanhou o artista em um desses momentos no campo.

José Hamilton RibeiroMaracaju, MS

Almir Sater é um daqueles intérpretes consagrados da música brasileira, além de compositor, violeiro de mão cheia e também ator. Sempre quando pode, ele busca no campo a inspiração para compor e criar suas músicas. O repórter José Hamilton Ribeiro acompanhou o Almir emum desses momentos especiais.
Maracaju, sudoeste do Mato Grosso do Sul, polo de integração lavoura-pecuária no Brasil. Pegamos uma estrada de terra que cruza o rio Chaleira para chegar em uma fazenda cujas construções são de madeira e pedra, os materiais mais abundantes pela região.
O encontro com o Almir Sater aconteceu para conhecer a face dele de criador de gado. Sem desfazer da primeira fazenda, que fica em Aquidauana, também Mato Grosso do Sul, Almir adquiriu a outra propriedade. O lugar é de serra, com terra boa e que não inunda. Ele pretende completar as fases de cria no Pantanal com as de recria e engorda no firme.
“Eu sempre gostei muito dessa coisa da fazenda, dos horários, de acordar às 3h e já ter gente na ativa. Muito legal. Quando eu estou mexendo com show, vou dormir às 3h, 3h30 da manhã. Até fazer o show, meia-noite, uma hora, aí vai jantar. Depois da janta, espera um pouco porque o show excita muito a gente. Perde até o sono Então demora pra dormir. Na fazenda é o oposto. No primeiro dia que eu venho para a fazenda, eu gosto de já acordar muito cedo já pra entrar no fuso horário da fazenda”, diz Almir.
Na fazenda, está quase sempre montado. Como todo criador, fala com entusiasmo do gado que escolheu e que acredita ser de grande futuro no Brasil.
“Essa é uma raça chamada Senepol, de uma vaca que veio do Senegal, um touro Red Poll, que é um touro inglês. Aí nas ilhas caribenhas, Ilhas Virgens americanas, desde 1800 e pouco, o pessoal foi adaptando esse touro Red Poll nessa vaca africana para amaciar a carne, fazer uma experiência. E deu certo. Isso veio sendo adaptado e hoje virou uma raça pura e especial para clima tropical, assim”, diz Almir, apresentando o seu cavalo.
Segundo Almir, com menos tempo de pasto, o sangue do Senepol vai significar vantagem na hora de vender o animal para abate. Ele fica pronto mais cedo. Apesar de são ser zebu, o Senepol é resistente ao calor por causa da parte africana. Enfim, está acostumado com o clima parecido ao da fazenda.
Boa surpresa na hora do almoço: peças de porco monteiro trazidas do Pantanal e assadas na hora. O porco monteiro já foi porco de casa. Melhor mesmo é pegar com a mão e ir tocando gaita na costelinha. Depois do almoço, com o sol, o jeito é ficar um pouco em casa conversando. Família de origem turca e libanesa, se tivesse puxado muito pelo sangue, seria talvez comerciante. Porém, não cedeu à força da genética para transformar-se em exímio tocador de viola caipira.
“No Rio de Janeiro, no Largo do Machado, indo visitar um amigo meu em uma daquelas pensões da avenida do Catete ali, passei pelo Machado e vi uma dupla de violeiros mineiros ponteando viola. Pela primeira vez, vi um instrumento que era apaixonado pelo som, pelo rádio. Naquele momento, vendi meu violão de 12 cordas, comprei uma viola caipira e comecei a trilhar esse ofício maravilhoso de violeiro. Eu fazia faculdade de Direito. Aí, entortou o Direito”, conta ele.
Almir diz que seus mestres foram Tião Careiro, Renato Andrade e Zé Coco do Riachão, a escola mineira da viola. Existem muitos pontos de contato entre a carreira do Almir Sater e o Globo Rural. Em 1980, nascia o programa e o Almir estava trabalhando no primeiro disco. Nos quatro anos depois, já como um virtuoso da viola caipira, Almir gravou o primeiro disco instrumental e dele fez parte a música "Luzeiro", que acabou se tornando o som mais conhecido do programa até hoje.
No dia seguinte, Almir faz questão de mostrar um canto da fazenda de que gosta muito. Fica a mata bem preservada, motivo de orgulho. Ele destaca um último ponto e diz meio brincando que em criações comuns usa-se berrante para chamar a boiada. Na fazenda de violeiro, o instrumento de atração tem de ser a viola. Aí, tocando "Comitiva Esperança", procura por a vacada em movimento seguindo.
O rebanho se mexe, o som da música e do canto ocupa o espaço e faz o seu feitiço. Vai dando certo nem que seja preciso uma ajuda dos vaqueiros lá atrás. Com isso, o dia chega ao fim. Como está na temporada de ser mais artista do que fazendeiro, Almir volta para a sua viola, que foi onde tudo começou.
Almir Sater  participa de projetos sociais em seu estado natal, Mato Grosso do Sul. Estimula práticas de conscientização ambiental e de melhoria da qualidade de vida dos pantaneiros.


 
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      http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2016/02/almir-sater-busca-dentro-do-campo-inspiracao-para-compor-suas-musicas.html

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