segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Mulher que pediu emprego em cartaz na rua há 9 meses vive de 'bicos'

29/02/2016 13h48 - Atualizado em 29/02/2016 16h59


Mulher que pediu emprego em cartaz na rua há 9 meses vive de 'bicos'



Dulce Nogueira entregou mais de 700 currículos, sem retorno, em Campinas.
Ela tenta vaga de gerente, mas vende doces, queijos, biscoitos e vinhos.


Do G1 Campinas e Região

Dulce Nogueira passou a vender produtos de Minas após não conseguir emprego em Campinas (Foto: Reprodução / EPTV)Dulce Nogueira passou a vender produtos de Minas após não conseguir emprego (Foto: Reprodução / EPTV)
Nove meses após sair às ruas do Centro de Campinas (SP) com o cartaz “Urgente, preciso emprego honesto”, Dulce Nogueira, que busca vaga de gerente de vendas, continua desempregada. Para pagar as contas, a profissional, também formada em educação física, passou a fazer "bicos". Decisão tomada após enviar cerca de 700 currículos e não ter qualquer resposta das empresas, segundo ela.
Vendo em empresas, residências, lojas. Onde tiver pele, eu estou indo"
Dulce Nogueira, vendedora
A principal atividade de Dulce atualmente é a venda de biscoitos, doces, queijos e vinhos de Minas, que ela divulga em banners e também por mensagens de Whatsapp para os clientes.
"Vendo em empresas, residências, lojas. Onde tiver pele, eu estou indo. Tenho cartãozinho, banner, que, quando paro em algum lugar, coloco no carro. (...) O pessoal que passa Whatsapp eu mando todas as novidades", conta. Assista à entrevista completa no vídeoabaixo.
Ela também dedica parte do tempo ao trabalho de freelancer de uma agência de turismo, onde contribui com vendas de passagens, e à função de terapeuta de quick massage, serviço de massagem corporal que ela oferece em empresas, lojas, shoppings, que custa em média R$ 50 a sessão de 15 a 20 minutos.
A renda mensal que ela consegue é suficiente para pagar as contas mais básicas, sem exageros e luxos. "As contas fixas eu to conseguindo [pagar], mas esse mês de janeiro que tem impostos estou muito apertada", conta Dulce.
Dulce Nogueira foi para as ruas de Campinas com um cartaz pedindo emprego (Foto: Reprodução / EPTV)Dulce Nogueira foi para as ruas de Campinas com um cartaz pedindo emprego (Foto: Reprodução / EPTV)
Desempregada há 27 meses
Antes de exibir o cartaz nas ruas, Dulce já buscava um emprego na área dela há 18 meses. Ela está, portanto, há 27 meses na expectative de, finalmente, trabalhar no que realmente gosta de fazer: assumir a gerência ou coordenação de academia de ginástica, já que possui experiência nesse cargo.
Dulce ainda entrega currículos, mas tem se concentrado mais nos locais onde há vagas, de fato, abertas e tenta sempre entregar diretamente no setor de recursos humanos, para que a chance não seja engavetada. Ela acredita que o cargo pretendido assusta quem contrata.
Acho que os empresários deveriam olhar mais essa faixa de pessoas como eu. Estão mais focados nos jovens que não tem impostos para pagar, aluguel, as despesas normais, e eles têm muito mais tempo para correr atrás"
Dulce Nogueira, vendedora
"Especificamente na minha área acontece de engavetar, acontece da própria gerente estar recebendo o seu currículo, então para ela é uma ameaça", acredita.
Ela faz uma crítica a algumas formas de contratação, que preferem os recém-formados. "Acho que os empresários deveriam olhar mais essa faixa de pessoas como eu. Estão mais focados nos jovens que não tem impostos para pagar, aluguel, as despesas normais, e eles têm muito mais tempo para correr atrás. Agora, a gente que não é nem aposentado, nem recém-formado como fica na sociedade?", desabafa.
Realidade que se multiplica
De acordo com dados do IBGE, o ano de 2015 terminou com um aumento de 42% no número de pessoas que buscam uma oportunidade de trabalho, em relação a 2014. Assim como a Dulce, muitas pessoas também passaram a procurar outras atividades para garantir uma renda e pagar as contas.
O número de trabalhadores por conta própria aumentou 4,5% no final de 2015, segundo o Instituto, principalmente no grupo de pessoas que estão desempregadas há mais tempo, ou seja, não contam mais com o seguro-desemprego.
Nesta segunda-feira (29) a EPTV, afiliada da TV Globo, exibiu uma reportagem com exemplos de outras pessoas que passaram a adotar uma atividade extra, assim como a Dulce. Clique no vídeoabaixo para conhecer essas histórias.

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      http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/concursos-e-emprego/noticia/2016/02/gerente-que-pediu-emprego-em-cartaz-na-rua-ha-9-meses-vive-de-bicos-campinas.html

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