domingo, 2 de fevereiro de 2014

Começa a colheita da primeira safra do feijão em Minas Gerais

Começa a colheita da primeira safra do feijão em Minas Gerais Região de Unaí possui grandes fazendas produtoras que abastecem o país. Os agricultores comemoram a boa produtividade desta safra 02/02/2014 08h30 DO GLOBO RURAL Minas Gerais é o segundo maior produtor do país de feijão primeira safra, também chamado feijão das águas, perdendo apenas para o Paraná. Nesta safra, segundo a Conab - Companhia Nacional de Abastecimento, a produção deve chegar a 211 mil e 300 toneladas, 38% a mais do que na passada. O motivo desse aumento está na produtividade. Graças ao clima bom, ela cresceu quase 48%. Em Unaí, a produtividade está bem acima da média estadual. Em uma fazenda, ela passou de 900 quilos por hectare no ano passado para 2500 quilos por hectare este ano, ou seja, um aumento de quase 180%. O agricultor Donacir Caetano é de uma família de agricultores que deixou o Paraná na década de 1980 para plantar grãos no cerrado mineiro. “Como aqui é uma cultura de sequeiro, não tem como a gente usar a irrigação, então a gente conta com a ajuda de São Pedro”, brinca. O pai, Agenor, conta que na época as terras por aqui eram mais baratas do que no sul do país. “Com o dinheiro de um hectare lá, eu comprei 24 aqui”, afirma. Hoje o hectare em Unaí está valendo de 20 a 25 mil reais. Hoje a família não quer vender as terras, porque o negócio deu muito certo. Quando chegou a região, Agenor comprou 600 hectares de terra e hoje a família Caetano tem cinco propriedades na região, que também cultivam soja e milho. Só a Fazenda Verde Prado, de 2,2 hectares, é a única que planta feijão. A produção nesta safra deve chegar a 950 toneladas. “Feijão é uma coisa que a gente já ganhou muito dinheiro com ele. Um dia ele está ruim de preço, amanhã ele pode estar bom. Então a gente vai continuar investimento”, comenta Donacir. Unaí é um dos maiores produtores de feijão do país. O município tem quase 82 mil habitantes e a agropecuária responde por boa parte da renda da região. Basta dar uma voltinha pelo centro da cidade para perceber isso. Há dezenas de lojas especializadas. Maria Sueli sempre trabalhou no ramo. No início era secretária de uma loja agropecuária. Depois se casou com um comerciante de uma empresa de adubos e sementes e virou sócia. “Tivemos uma visão boa do negócio que estava surgindo em Unaí, com a vinda de vários agricultores de outros estados que estavam vindo pra cá. Eles cresceram e nós crescemos junto com eles”, conta Maria Sueli Brito, comerciante. O marido diz que o feijão alavanca os negócios. “Na minha venda, o feijão representa 25%, é o maior, pela quantidade de cultura que a gente atende no município”, diz Romas de Brito, comerciante. Na área urbana, também é possível encontrar empresas que beneficiam o feijão. Uma delas tem uma máquina que faz a limpeza dos grãos para os produtores que não têm infra-estrutura na fazenda e cobra pelo serviço de R$ 2 a R$ 3 por saca, dependendo da quantidade. Outras empresas também fazem o empacotamento do feijão. O empresário Túlio Rodrigues ensaca de 300 a 500 toneladas por mês. “A maior parte do feijão vai para o comercio local da região e até para outros estados”, diz. Há um ano, Túlio trocou a profissão de técnico em irrigação pela de cerealista. “Eu estou satisfeito com a minha mudança, pelo menos a família não está reclamando”, afirma. No município, existem pelo menos 20 corretoras de grãos. Elas são as intermediárias na venda de feijão para várias partes do brasil. O corretor Antônio Celso conta que o preço este ano está mais baixo por causa da grande produção. Além disso, o consumo costuma cair nesta época do ano. “Só esperar normalizar o mercado, porque está em baixa de demais. Tem que reagir o preço, tem que reagir o consumo”, diz. A saca de 60 quilos está sendo vendida entre R$ 70 e R$ 75 reais. Nessa mesma época, no ano passado, o preço chegou a 200 reais. Mesmo assim, por aqui, o ânimo dos agricultores é bom. Carlos Alberto, o Carlim, é um dos maiores produtores da região. Nesta safra, a Fazenda Santa Matilde deve colher nove mil toneladas de feijão carioca numa área de 3800 hectares. Carlim não gosta muito de falar do lucro que está tendo com o feijão. E apesar do sobe-e-desce de preço, ele não para de investir no negócio. O produtor comprou onze colheitadeiras, mais adaptadas para o feijão e está acabando de construir este galpão com doze tulhas e capacidade para guardar 600 toneladas cada uma. O investimento chega a cinco milhões de reais. “O feijão é uma cultura que costuma mudar a cerca de lugar, ou pra dentro ou pra fora da divisa da sua fazenda. Felizmente aqui a gente tem levado ela pra fora. Tem sido um bom negócio”, comenta o agricultor. tópicos: CONAB, Minas Gerais, Unaí

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